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Comarca de Canoinhas tem mais de 200 medidas protetivas ativas contra homens agressores de mulheres

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Em SC, 48 casos de feminicídio foram registrados neste ano; dois deles em Canoinhas

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O recente caso suspeito de feminicídio registrado em Canoinhas levanta novamente questões relacionadas à violência contra mulher na região. Até o momento, 48 casos de feminicídio foram registrados em todo o Estado de Santa Catarina no ano de 2023. Destes, ao menos dois aconteceram em Canoinhas, sendo um em janeiro e outro em setembro. Um possível terceiro caso foi registrado nesta segunda-feira, 27.


MAGALI OLIVEIRA

Em janeiro de 2023, Magali Oliveira, de 40 anos, foi morta pelo ex-marido Adalberto Plachek Rodrigues, de 33 anos. Segundo a Polícia Civil, familiares relataram que Rodrigues já havia ameaçado de morte a vítima, dizendo que a mataria e que em seguida cometeria suicídio.

O crime aconteceu na casa da vítima, na Cohab 1, no bairro Industrial 1, próximo ao Posto de Saúde do bairro. A mãe de Magali teria encontrado a filha agonizando antes de falecer. Ela trazia o neto que estava com ela de volta para a casa da filha.

A Polícia Civil informou que foi acionada para comparecer no local do possível homicídio e que imediatamente a equipe da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Canoinhas se deslocou até o local juntamente com as polícias Militar e Científica.

Chegando na residência do suspeito, os policiais solicitaram a autorização de seus familiares para realizar o arrombamento da porta de seu quarto, e após arrombarem a porta verificaram que o suspeito havia cometido suicídio e deixado no local uma carta de despedida. “O suicídio foi cometido mediante enforcamento. Ele utilizou-se de uma corda presa em uma das vigas de sustentação do telhado da residência para cometer o ato”, disse o delegado Darci Nadal Junior, que estava à frente do caso.


DAIANE VOGT

Em setembro deste ano, a vítima foi Daiane Vogt, de 43 anos, assassinada pelo seu então companheiro. O principal suspeito segue preso preventivamente no Presídio Regional de Canoinhas.

O homem envolvido no caso, suspeito de matar Daiane, tentou convencer a Polícia de que ela teria se matado. Várias evidências, contudo, demonstraram logo de cara se tratar de um feminicídio.

Segundo a Polícia, Bruno César Barbosa, o suspeito, alterou a cena do crime. A conclusão é dos dois delegados que estiveram à frente da investigação. Eles contaram que a faca, encontrada na mão da vítima, teria sido colocada por alguém. Imagens de câmeras de videomonitoramento, principalmente uma que capta áudio, foram cruciais para desacreditar a versão do acusado, de que Daiane teria se suicidado.

Natural de Canoinhas, Daiane graduou-se em Farmácia pela Universidade do Contestado, morou um período em Balneário Camboriú, mas já estava há meses na sua terra natal, onde vivia, há pelo menos um ano, com o principal acusado de sua morte. Ambos moravam na casa que pertencia à mãe de Day, como era mais conhecida. Daiane deixou a mãe Terezinha, um filho, dois irmãos, uma cunhada, um sobrinho e demais familiares e amigos.



PADRÃO

Chama a atenção que os três casos registrados em Canoinhas tenham um padrão de comportamento dos agressores. Para além de serem companheiros com relações conturbadas com as vítimas, marcadas por vários tipos de violência e até mesmo ameaças, os suspeitos também teriam, ao menos em dois dos casos, atentado contra as próprias vidas logo após matarem as mulheres, sendo que em uma das situações, o homem efetivamente se matou.

As relações das vítimas com suas respectivas mães também merece ser destacada com um ponto relevante nesse padrão. No caso de Magali Oliveira, em janeiro, foi a própria mãe quem encontrou a filha ainda agonizando antes de morrer. Em setembro, no caso de Daiane Vogt, o feminicídio aconteceu em uma casa que pertencia à mãe da vítima e ela também teria comparecido à cena do crime, logo após o ocorrido. No caso mais recente, registrado na manhã desta segunda-feira, 27, o assassinato de Leila Ribeiro Domingues Maciel, de 23 anos, teria também sido descoberto pela própria mãe, que foi quem se deparou com a filha já sem vida. Ela tentou se matar em seguida.



TENTATIVAS E MEDIDAS PROTETIVAS

Ainda que estes três registros tratem de casos de feminicídios efetivamente consumados, houve ainda inúmeras tentativas de feminicídio registradas em Canoinhas e região, em 2023.

Ao menos duas situações chamam a atenção por, além do mesmo padrão de comportamento dos autores se repetir, a gravidade de todo o contexto em que se deram as agressões. Em geral, as motivações dos casos se referem ao fato dos homens não aceitarem o término do relacionamento com as vítimas. Também em setembro deste ano, em Três Barras, uma mulher foi esfaqueada pelo seu ex-companheiro na frente do filho de apenas cinco anos.

Neste caso em específico, o agressor teria ainda desferido golpes de faca contra si, tendo de ser interrompido por um disparo de arma de fogo de um policial acionado para intervir na situação. À época, a mulher foi atendida e encaminhada para atendimento médico com ferimentos graves.

Ainda em setembro de 2023, uma estudante de 15 anos foi esfaqueada pelo ex-namorado de 17 anos a caminho da escola, pela manhã. O rapaz abordou a ex-namorada na rua Frederico Kohler, no distrito do Campo d’Água Verde. Ela estava com uma prima que testemunhou o crime. Armado com uma faca de cozinha de cerca de 30 centímetros de lâmina, o rapaz questionou a ex-namorada sobre uma suposta “saída” dela no fim de semana. Ela negou, mas mesmo assim ele desferiu golpes de faca no abdômen e no pescoço da garota, que gritou. O padrasto da vítima ouviu o grito e correu a tempo de segurar o agressor, que aparentemente pretendia desferir mais golpes na vítima. Ele foi segurado por vizinhos do local, que chamaram a Polícia Militar.

Aos policiais militares, o agressor disse que foi tirar satisfações com a ex-namorada porque havia visto ela em uma praça com outro menino. Ele confirmou que ela respondeu que não tinha estado com outro rapaz, mas mesmo assim ele desferiu os dois golpes de faca na barriga dela. Em seguida ele não se pronunciou mais sobre o ocorrido. Ela já possuía medida protetiva de urgência vigente contra o rapaz.

Dados oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) apontam que, até o mês de setembro de 2023, eram 242 medidas protetivas ativas por mulheres em relação à ex-companheiros, na comarca de Canoinhas. No próprio município, conforme as informações oficiais, em 2020 eram 57 medidas protetivas ativas. Em 2023, até o mês de setembro, o município contava com 167 medidas protetivas. Em Três Barras, no mesmo período, o salto foi de 28 medidas em 2020, para 103 em 2022 e, até setembro de 2023, 78 medidas protetivas ativas.

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