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Saiba qual era o papel de Edenilson Enguel no esquema de propina denunciado na Mensageiro

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Ele renunciou ao mandato de vereador no dia 22 de agosto

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O ex-vereador de Três Barras, Edenilson Enguel (PSD), se tornou réu no âmbito da Operação Mensageiro no dia 24 de agosto, logo após o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) ter acatado a denúncia emitida contra ele pelo Ministério Público (MP). Dois dias antes de ser divulgada a decisão do TJSC, Enguel assinou a carta de renúncia de seu mandato como vereador na Câmara de Vereadores de Três Barras.

De acordo com informações presentes na decisão do TJSC, o papel do ex-vereador seria o de blindar qualquer tipo de discussão sobre contratações do Grupo Serrana no município de Três Barras que eventualmente poderiam acontecer na Câmara de Vereadores, especialmente em relação aos serviços de operação e manutenção do sistema de águas.

A investigação do MP que culminou na denúncia acatada pelo TJSC aponta ainda que Enguel teria iniciado a sua participação no esquema durante o primeiro trimestre de 2021, coincidentemente, quando sua então companheira, Paola Sabrina Pereira, estava na presidência do Serviço Autônomo Municipal de Água e Saneamento Ambiental de Três Barras, o Samasa. Conheça novos elementos que revelam a participação detalhada de Enguel no esquema.


EDENILSON ENTRA NO ESQUEMA

Informações presentes na decisão do TJSC apontam que um dos principais objetivos do Grupo Serrana em Três Barras era, sempre que possível, obter a concessão do serviço de saneamento dos municípios, que traria maior lucratividade e segurança à empresa, pois os contratos são efetuados pelo prazo de 30 anos, e não anual, com prorrogação máxima por cinco anos, como é o serviço de manutenção.

Por conta disso, de acordo com a investigação do MP, o Grupo Serrana se interessou em manter relações com o então vereador Edenilson Enguel, que na época era também presidente da Câmara de Vereadores. O depoimento de um dos funcionários da Serrana envolvidos no esquema aponta ainda que o objetivo da empresa sempre foi conseguir concessões no saneamento de água e esgoto, mas, por saberem que para isso precisariam de uma permissão em forma de lei aprovada na Câmara dos Vereadores, se aproximaram do ex-vereador.

“Esse foi um dos motivos que a gente resolveu dar dinheiro para o Edenilson, que era o presidente da Câmara de Vereadores, porque ali eu conseguiria talvez uma abertura para nos ajudar no edital de concessão quando chegasse o momento”, afirmou o funcionário da Serrana em depoimento.

O valor de propina acordado entre Edenilson e o Grupo Serrana para que ele zelasse pelos interesses da empresa sempre que necessário foi de R$ 3 mil mensais. As investigações do MP apontam que as tratativas para que o acordo fosse efetivado se deram em encontros ou almoços realizados entre os meses de maio e junho de 2021, em Três Barras ou Canoinhas.

Logo após o acordo do valor ter sido fechado, segundo o que consta no parecer do TJSC, superiores da Serrana que também estavam envolvidos no esquema deram ordens para que a funcionária responsável por manter uma planilha organizada com os valores de propina a serem pagos inserisse o nome de Edenilson Enguel em sua lista.

Informações presentes tanto na denúncia do MP quanto no parecer do TJSC apontam que o ex-vereador teria recebido R$ 21 mil em propina por sua participação na organização criminosa – R$ 9 mil seriam referentes a três meses em 2021 e R$ 12 mil referentes a quatro meses em 2022, totalizando R$ 21 mil.


ENCONTROS COM O MENSAGEIRO

Via de regra, a logística para que o “mensageiro” da Serrana entregasse o dinheiro ilegal que seria pagamento pelo envolvimento de Edenilson Enguel em todo o esquema, seguia o mesmo modus operandi das entregas realizadas ao ex-prefeito de Três Barras, Luiz Shimoguiri (PSD), conforme já publicado pelo JMais anteriormente.

As investigações apontam que Enguel se comunicava com o “mensageiro” em breves ligações telefônicas para combinar o momento da entrega de propina, que era sempre caracterizado por encontros apressados e discretos, nos quais o envelope contendo o dinheiro ilegal destinado ao ex-vereador era apresentado em um envelope pardo identificado.

O fator que diferencia os encontros de Enguel com o “mensageiro” dos encontros que o ex-prefeito Luiz Shimoguiri teve com ele teria sido o fato de que no caso do ex-vereador cada uma das entregas de propina foi realizada em uma cidade diferente.

No dia 16 de setembro de 2021, Enguel teria se encontrado com o funcionário da Serrana, responsável pelo repasse do dinheiro ilegal, em um posto de combustíveis da cidade de Mafra, conforme apontam as investigações do MP. O encontro seguinte teria acontecido em um estacionamento da cidade de Rio Negrinho. Em outra ocasião, os dois teriam se encontrado no estacionamento de uma loja em São Bento do Sul.


EDENILSON TERIA BUSCADO PROPINA

Dados apresentados pelo MP ao TJSC mostram ainda que no segundo semestre de 2021, Edenilson se dirigiu até a sede da Serrana, em Joinville. Nesta ocasião, ele teria se reunido com um dos colaboradores da empresa que tinham conhecimento do esquema para solicitar um adiantamento de uma das parcelas que lhe era devida.

As investigações apontam que, diante da solicitação do então vereador de Três Barras, o funcionário da Serrana prontamente lhe entregou um envelope pardo contendo R$ 3 mil em dinheiro, que foi imediatamente recebido por Enguel.


PRISÃO, RENÚNCIA, DENÚNCIA E LIBERDADE

Edenilson Enguel foi preso em 27 de abril e se tornou réu no dia 24 de agosto, junto com o ex-prefeito Luiz Shimoguiri (PSD), o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Ernani Wogeinaki, além de outros dois servidores municipais. O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (TJSC) acatou a denúncia do Ministério Público (MP), detalhando com provas a participação deles no esquema para favorecer o Grupo Serrana no município.

Enguel assinou a carta de renúncia ao seu mandato de vereador no dia 22 de agosto, dois dias antes de ter se tornado réu na operação Mensageiro. Ele deve ser solto daqui a dois meses quando o prazo inicial de manutenção de sua prisão preventiva chegará ao fim, visto o acordo de colaboração premiada assinado por ele junto ao MP.

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