A COLUNA ESTÁ DE FÉRIAS. VOLTA A PUBLICAR TEXTOS INÉDITOS EM 1º DE FEVEREIRO DE 24. ATÉ LÁ, TEXTOS DE 2023 SERÃO DESTACADOS COMO ESTE, POSTADO ORIGINALMENTE EM 20 DE AGOSTO
Entrevista do governador de Minas Gerais polemizou
COLUNA DE DOMINGO O Sul e o Sudeste merecem tratamento diferenciado, economicamente e politicamente falando, do restante do País? Foi o que disse o governador de Minas Gerais, Romeo Zema (Novo), em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo há duas semanas.
Ele defendeu a criação de uma frente dos governos do Sul e Sudeste para ter “protagonismo político” diante da atuação dos políticos das demais regiões. Zema comentava sobre a criação do Consórcio Sul, Sudeste (Cossud) que, na visão dele, estaria atrás dos consórcios de governadores do Norte e do Nordeste, supostamente mais politicamente organizados, segundo Zema. 
A fala do governador mineiro gerou ampla repercussão no meio político. Em nota, o presidente do Consórcio Nordeste, João Azevedo, afirmou que “ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”.
Segundo o governador da Paraíba João Azevêdo, os consórcios Nordeste não tem qualquer intenção separatista. “Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”.
Em entrevista à GloboNews, o governador do Pará, Helder Barbalho, atual presidente do Consórcio da Amazônia Legal, que reúne os estados do Norte mais Maranhão e Mato Grosso, disse que é um equívoco estimular a competição entre os brasileiros das diferentes regiões. “Nós devemos pregar a união federativa”, defendeu.
O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi às redes sociais comentar a entrevista de Zema. “Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional”, disse. Segundo Pacheco, “Somos um só país”.
Do sul, somente o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, foi às redes sociais e se manifestou dizendo que “seremos todos mais fortes quanto mais formos um só Brasil”. Segundo Leite, ele nunca achou que o Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais estados do país. “Muito pelo contrário, a União desses estados em torno da pauta que é de interesse comum deles serviu de inspiração para que a gente possa, finalmente, fazer o mesmo. Não tem nada a ver com frente de estados contra estados”. Leite acrescentou que, caso Zema tenha dito o contrário, “não me representa”.
A fala emulou a ideia do “Sul é o meu país” e a visão preconceituosa de que o Sudeste e Sul trabalham para beneficiar os estados mais ao Norte e Nordeste. Os dados, de fato, mostram um protagonismo destas regiões para formar o PIB nacional. Segundo o IBGE, apenas cinco unidades federativas (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná) representam uma participação de 65,2% na produção nacional de riquezas. Mas isso, certamente, não se deve a uma disposição maior ao trabalho por parte destas regiões. Parece-me mais efeito de anos de desinvestimento e falta de atenção para peculiaridades regionais, isso principalmente por parte do Governo Federal. Equalizar as oportunidades e investimentos Brasil adentro é tarefa do governo federal. Com todas as regiões fortalecidas, o resultado não pode ser outro senão equilíbrio na contribuição para formação do PIB.
