domingo, 28

de

abril

de

2024

ACESSE NO 

Ouça: em delação, Passos chora e diz que Pike apontou arma para cabeça de seu irmão

Últimas Notícias

Ex-prefeito de Canoinhas confessa crimes e diz se arrepender

- Ads -

Em um dos anexos da colaboração premiada de Beto Passos a que o JMais teve acesso, o ex-prefeito diz que está arrependido dos crimes que cometeu e afirma que tinha medo do que Renato Pike poderia fazer. Ele relata um episódio em que o ex-vice-prefeito apontou uma arma na direção da cabeça de seu irmão, Márcio Passos.

O trecho se refere a parte da colaboração em que Passos relata o patrimônio auferido por meios ilícitos. “Eu tinha (licitamente) o terreno da rua Lazaro Bastos, uma moradia na rua Francisco de Paula Pereira e uma caminhonete Hilux. Durante a minha vida pública, adquiri junto com minha irmã, um terreno no Campo d’Água Verde e 50% de um terreno localizado na cidade de Governador Celso Ramos.”

Na sequência, a pedido do promotor de Justiça Luan de Moraes Melo, Passos passa a listar o patrimônio comprado com recursos ilícitos. “Por consequência do dinheiro ilícito comprei uma casa – em parte com o apartamento que eu tinha e outra parte com dinheiro ilícito. Uma casa para meu irmão Marcio e dois caminhões através da pessoa de Adelmo Alberti e um Toyota Corolla”, conta, omitindo patrimônios que eram sabidamente dele como o posto na rua Coronel Albuquerque.

Ele propôs entregar todo este patrimônio para sanar as perdas da população de Canoinhas. Citou, ainda, um valor de R$ 400 mil que foi cedido como um empréstimo.  “Devolvo os dois caminhões, a minha casa e a do meu irmão. Estamos devolvendo porque não queremos mais compactuar com essa situação de ter bens conseguidos de forma ilícita. Estou profundamente arrependido do que aconteceu na minha vida… Eu nunca imaginei que isso aconteceria um dia comigo, de eu me apropriar daquilo que não é meu, de me apropriar de maneira ilícita, reconheço meu erro, quero poder devolver à população de Canoinhas o que a população sempre me deu, desde minha primeira casa, meu primeiro carro, sempre foi pelo meu trabalho e com a ajuda da população de Canoinhas. Eu me arrependo de, por uma vitória, por uma eleição, eu tive de me juntar com pessoas que não pensavam como eu pensava antes, que era atuar de maneira correta na minha vida. Aquilo que meu pai e minha mãe me ensinaram, então peço desculpas a toda a população de Canoinhas, a todos que magoei, decepcionei com minhas condutas totalmente reprováveis”, disse Passos.

Ele disse, ainda, que teve um problema sério com covid “e isso me afetou um pouco, não consigo desenvolver, às vezes algo me foge da memória, mas se me ocorrer algo a mais volto aqui para esclarecer, tudo o que mais quero na vida é voltar à minha vida, trabalhando, como sempre fiz, criar meus dois filhos e cuidar da minha família.”

Na sequência, Passos explica porque, mesmo arrependido, não poderia denunciar os esquemas. “Quero reiterar aqui que o arrependimento não vem de agora, vem de muito tempo. Muito antes desse dia chegar, eu já era uma pessoa infeliz. Eu queria sair daquele caminho ruim que eu tava vivendo, mas eu não sabia como. Não quero atribuir toda a culpa ao Renato Pike, porque eu compactuei, eu aceitei, deveria ter dito não. Nos últimos tempos eu queria ter dito, mas eu tinha medo das represálias políticas, das ameaças veladas que me faziam, das formas que ele colocava que tinha interferência no Judiciário, na Polícia Militar e na Polícia Civil, no Ministério Público. Nas formas ameaçadoras que ele fazia as coisas.” E relata um episódio perturbador:

“Inclusive, um dia, no pátio da minha residência na rua Francisco de Paula Pereira… meu irmão estava trabalhando lá em casa. Ele pegou uma arma, uma pistola, e mostrou apontando pra cabeça do meu irmão que estava do meu lado, na janela do carro do seu Renato Pike. Depois ele disse, ‘olha Marcio, conosco é assim’, aí eu disse a ele ‘baixa essa arma por favor’. Então ele tirou a arma, apontou para o chão do carro dele e disparou a arma. Não sei foi proposital ou por acidente, mas ele acabou atirando ali. Então ele dominava essas questões de propina. Muitos casos eu sabia, e ficava prevaricando porque eu recebia parte, mas com o passar do tempo eu me arrependi. A propina ficava mais com ele, porque ele dizia que alguém poderia nos pegar. Ele sabia das investigações, mas sempre dizia que eu seria preso. Reitero meu total arrependimento, quero o mais breve possível estar de volta para minha família. Ouvi de muitas pessoas de Canoinhas que eu era um exemplo para muitas crianças, para muitos jovens, e hoje eu sei que sou um péssimo exemplo, mas eu quero dar a volta por cima”.

Por causa desse acordo de colaboração premiada, Passos ganhou liberdade condicional e aguarda julgamento solto.

- Ads -
Olá, gostaria de seguir o JMais no WhatsApp?
JMais no WhatsApp?