Boa performance de Jorginho Mello é reflexo do presidente
Entrevista publicada originalmente em 14/8/22. O colunista está em férias e retorna dia 24/1/23
OS NÚMEROS
COLUNA DE DOMINGO A enquete de intenção de voto publicada neste fim de semana pelo JMais mostra que o bolsonarismo está mais forte do que nunca em Canoinhas. Com 82% dos participantes do levantamento dizendo morar em Canoinhas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 56% das intenções de voto, ante 16% das intenções de voto a Lula (PT), que lidera nas pesquisas nacionais.
Não é novidade para ninguém que o bolsonarismo encontra sua maior força em Santa Catarina. Foram 70% dos votos em 2018, percentual ampliado um pouco mais em Canoinhas (75%) no segundo turno. Ao que tudo indica, com pouca variação para menos, Bolsonaro deve repetir a votação neste ano.
O bolsonarismo canoinhense é reflexo do conservadorismo local. Veja o caso da crítica que fiz a proliferação de armas recentemente aqui na coluna, alvo de uma enxurrada de xingamentos. O canoinhense aprecia as ideias de Bolsonaro como o armamento da população, a criminalização do aborto, o liberalismo econômico, a meritocracia e a restrição de direitos a gays e lésbicas (“Isso sempre existiu, só não precisam ficar andando por aí”, me disse uma canoinhense bolsonarista que é descendente de europeus, fez questão de destacar), já que os fatos mostram que pouco o governo Bolsonaro contribuiu para o crescimento econômico de Canoinhas. Sua sinceridade, a quem repele a corrupção, soa à honestidade e este valor parece bastante caro a este povo.
Muitos canoinhenses não deixaram de acreditar que Bolsonaro é mesmo capaz de transformar o país porque veem na pandemia, na crise do petróleo e na guerra da Ucrânia obstáculos quase intransponíveis para o presidente governar. Veem na eleição de outubro a grande chance de Bolsonaro governar de fato. Quando confrontados com os minguados valores destinados a Canoinhas para obras e aquisições, lembram dos milhões despejados para combater o coronavírus.
Esse argumento é plausível, contudo, acima de tudo, ao canoinhense soa desastrosa a eleição de Lula. Há um sentimento forte de que o ex-presidente se safou da cadeia por manobras jurídicas, o que é fato e, como disse seu atual vice, Geraldo Alckmin, quer voltar à cena do crime. Para uma grande fatia dos canoinhenses, nada é pior do que Lula no poder.
A polarização, que não deixou uma candidatura de terceira via se criar, ajuda a aumentar esse sentimento bolsonarista na população.
O bolsonarismo é tão forte na cidade que impulsionou a candidatura de Jorginho Mello (PL), que não perde uma oportunidade de enaltecer o presidente. Ao que tudo indica vem dando certo, ao ponto de os canoinhenses se esquecerem da grande amizade de Mello com o ex-vice-prefeito Renato Pike, preso na sétima fase da Operação Et Pater Filium. Muitos bolsonaristas da cidade devem votar alinhados a Bolsonaro, o que beneficiaria Saulo Sabatini (Patriota) na disputa pela Câmara dos Deputados. A ver.
