Pelo que se revela até aqui, ex-vice-prefeito tinha um talento extraordinário usado para o mal
COLUNA DE DOMINGO Festeiro, falastrão, simpático, amigo de todo mundo e sempre sorridente. Com Renato Pike não tinha tristeza e nem enrosco. Talvez agora, preso há quase nove meses, o abatimento tenha apagado essas características bem peculiares do ex-vice-prefeito de Canoinhas.
Quem tinha se surpreendido com as tramoias envolvendo o Coletivo Santa Cruz orquestradas por Pike, deve ter ficado de queixo caído ao ler o complexo mecanismo dirigido por ele para extrair o máximo de proveito próprio das obras de pavimentação. Se for verdade tudo o que dizem os delatores fica difícil imaginar quando Pike aproveitava todo o dinheiro que drenava dos cofres públicos para o próprio bolso. Fica mais impressionante, ainda, imaginar como ele conciliava uma empresa (por mais levada nas coxas que fosse a Brasil Veículos), as tarefas de vice-prefeito, os vastos esquemas ilícitos e, por um período, a função de secretário de Administração de Canoinhas.
Antes de ser preso, Pike sempre estava disposto, fazia musculação, circulava por todos os estratos sociais participando de jantares de seis talheres até churrascos com pão e maionese. Conhecia meia cidade e a outra metade estava em processo de iniciar interação. É incrível como uma pessoa tão ativa e com futuro potencial na política tenha usado toda sua versatilidade para o mal. Sua mente é brilhante, pena usar isso para tirar vantagem de absolutamente tudo.
Se a sentença que ele vai receber em breve comprovar as denúncias do Ministério Público estamos diante de um gênio do crime do colarinho branco, uma pessoa que, ao que tudo indica, criou um complexo sistema que estava 90% em sua cabeça e 10% em papéis guardados estrategicamente. Pode dar curso de pós-graduação aos corruptos de Brasília.
E olha que ainda não sabemos de absolutamente tudo do que ele foi capaz.
