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A falta de representatividade regional e o “nós contra eles”

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Canoinhenses se engalfinham por presidente, mas ignoram real dilema

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Entrevista publicada originalmente em 9/10/22. O colunista está em férias e retorna dia 24/1/23

TEMPOS ESTRANHOS

COLUNA DE DOMINGO Efeito do primeiro turno das eleições gerais, aumentou a tensão política, especificamente entre lulistas e bolsonaristas que, depois de travarem uma batalha acirrada nas urnas estão agora no segundo turno que ocorre em 30 de outubro.

Uma das cidades mais bolsonaristas do Estado mais bolsonarista do Brasil, Canoinhas, claro, não poderia ficar de fora. Como abordou reportagem do JMais, uma lista de comércios supostamente administrados por lulistas circula em grupos de WhatsApp de bolsonaristas sugerindo o boicote.

O “nós contra eles” está instituído faz tempo neste País e surgiu, vejam só, com o próprio PT, que via no dócil PSDB e toda a frente de centro direita um inimigo a se combater nos anos Lula. Veio o mensalão, petrolão e o foco se voltou para a Justiça e seus supostos abusos. Da Lava-Jato surgiu a necessidade de um outsider. Mesmo com décadas no Congresso, Jair Bolsonaro incorporou esse anseio popular e assim conseguiu se eleger em 2018 dependendo, agora, da derrota de, justamente, Lula, pode ser reeleito.

Quando falo em anseio popular, me recordo do que via aqui em Canoinhas. Muita gente se sentiu indignada pelos maus feitos do PT. Dessa revolta surgiu a necessidade de se abraçar uma candidatura que deixasse o discurso fácil de lado e encarasse a corrupção de forma absolutamente intolerante. Bolsonaro caiu como uma luva dentro dessa visão política para muitos canoinhenses. Canoinhas tinha até a “casa do Bolsonaro”, reeditada neste ano. Votou em peso em Carlos Moisés porque este era o candidato do Bolsonaro em Santa Catarina. A revolta contra uma suposta traição de Moisés foi tanta que o governador não foi nem para o segundo turno. Em Canoinhas teve 12,86% dos votos, de longe o pior desempenho de um candidato a reeleição na história.

A fidelidade a Bolsonaro, portanto, é indiscutível. Se falarmos em maioria, a ojeriza a Lula, arrisco dizer, também é da maioria. Mas maioria não são todos e aí é que entra o respeito pela opinião alheia. Em se tratando de uma eleição, fruto da democracia, esse respeito se torna ainda mais importante. Vejo postagens de bolsonaristas comparando lulistas a ladrões “porque apoiam um ladrão”. Mas também vejo lulistas chamando bolsonaristas de “genocidas”. Em maior ou menor escala, isso está se tornando frequente. A lista de comércios “lulistas” é só mais uma escalada no extremismo político.

Falar em ponderação em um momento desses parece um grito no deserto, até porque este, pasmem, não é nosso maior problema.

Voltando à onda Lula me recordo de figuras até então inexpressivas como Ideli Salvatti e Carlito Merss alçados a senadora e deputado federal em um estalar de dedos do então presidente. Cito estes dois por serem eles muito bem votados em Canoinhas. Sinal invertido, os anos Bolsonaro trazem o mesmo fenômeno: sem nunca ter pisado em Canoinhas, Ana Caroline Campagnolo (PL) foi reeleita com 836 votos canoinhenses para a Assembleia Legislativa. Carol de Toni (PL), também candidata a reeleição, mas no Congresso, recebeu 536 votos em Canoinhas. Em quatro anos de mandato, nem uma nem outra trouxe um real para Canoinhas. O que ambas têm em comum? São bolsonaristas incondicionais.

Soube que na véspera da eleição, os muitos grupos de WhatsApp bolsonaristas mandavam listas de candidatos aos cinco cargos que se alinhavam a Bolsonaro. Como sabiam que estavam votando em candidatos cuja ideologia simpatizavam, os bolsonaristas votavam sem contestar ou sequer dar um Google no nome que lhe era ofertado. Ok, o voto é livre e secreto, mas será que na hora de destinar uma emenda individual, essas e outros deputados que têm base eleitoral em outras cidades pensarão em Canoinhas? É uma questão de sobrevivência política destinar mais recursos de onde vem a maioria dos votos e isso não vai mudar. As pessoas podem argumentar que não votaram em Norma Pereira (Podemos) ou Paulo Basilio (MDB) porque eles não tinham chances. Ok, mas se pensarmos assim nunca elegeremos ninguém mesmo. Sorte dos paraquedistas que conseguem aqui o complemento ao grosso dos votos que fazem na sua região de origem.

Enquanto discutimos as virtudes e vergonhas de ser lulista ou bolsonarista, corre a nossa frente um mar de recursos que desaguam nas cidades cujos candidatos locais ajudamos a eleger. A gente só vê. E isso nada tem a ver com ideologia.

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