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Um intervalo para um conto

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Testando minhas pretensões literárias

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COLUNA DE DOMINGO Depois de mais de mil colunas somente nos últimos três anos, resolvi, hoje, testar minhas pretensões literárias e compartilhar com meus queridos leitores um singelo conto que escrevi para ser esquecido em qualquer gaveta, mas que tomei repentina coragem e decidi publicar neste domingo. Não me julguem, por favor. Amanhã volto a falar de política:

Estamos em Ouro Azul, um povoado perdido em algum rincão do mundo pertencente ao condado de Santa Lucena. O nome da cidade se justifica por um reluzente metal precioso de coloração azulada, que fez fortunas no povoado, especialmente entre os anos 1920 a 1950, mas que hoje é apenas um arremedo do que já representou. O metal perdeu valor no mercado e os que ainda o exploram alcançam modesto faturamento. O nome é apenas uma lembrança do que Ouro Azul já foi.

Este povoado tem peculiaridades que podem causar estranhamento, mas que, no fundo, não se diferencia de qualquer outro lugar que você possa conhecer. Lá existe um sistema administrativo muito semelhante ao de qualquer outro lugar. Há uma disputa sazonal para ver quem vai ditar os rumos de Ouro Azul. Com uma média de 50 mil habitantes, sem muitas opções de entretenimento, cabe à política a diversão dos populares.

Imagine agora, então, em plenos anos 2020, com economia deprimida e parada no tempo em termos de investimentos, ainda vivendo das glórias do passado, que o povoado descobriu que uma figura messiânica, dada a leituras de trechos da Bíblia e louvores na praça pública, com sua voz ampliada por um parlatório bem típico de Ouro Azul – dominado por uma sinistra figura, cheia de interesses que passam longe da boa comunicação -, se corrompeu?

A tropa de segurança do condado bateu de madrugada na porta do sacrossanto homem, deixou-o preso em uma masmorra no litoral do condado por alguns meses até que ele abriu o bico e contou tudo o que sabia e o que achava que sabia. Complicou o segundo colocado na hierarquia dos Messias ouro-azulenses e até a casa da sinistra figura foi revirada. Dizem as línguas mais azedas de Ouro Azul que entre as tantas evidências havia a figura de um pequeno diabo reverenciada em um altar em cômodo exclusivo da morada da sinistra figura. Mas como reverenciar o diabo não dá prisão, não foi dessa vez que pegaram a sinistra figura no pulo. Se tinha alguma prova, as mesmas línguas azedas dão como certo, a sinistra figura as queimou.

Mesmo com as confissões do mandatário mor de Ouro Azul explícitas em outro parlatório que não o da sinistra figura, senhorinhas desavisadas mantinham rituais em noites de lua cheia, dançando em delírio diante do satélite natural, rasgando suas vestes e gritando palavras de ordem, pedindo que o pequeno diabo da sinistra figura deixasse o corpo do seu Messias. Para elas, o pobre Messias era apenas uma vítima a serviço da ganância desenfreada da sinistra figura e, principalmente, do segundo Messias.

Caguetar seus parceiros de crime deu ao Messias mor de Ouro Azul a chance de recomeçar. Com apoio das Viúvas da Lua Cheia, como ficaram conhecidas as senhorinhas que o apoiavam incondicionalmente, o agora ex-mandatário do povoado procurou a sinistra figura, que já não desfrutava do respeito que tinha no passado. A sinistra figura não poderia colocar o Messias que construiu para sugá-lo como um vampiro no parlatório que dominava. As Viúvas da Lua Cheia formavam uma minoria diante da imensa maioria da população que condenava a atitude do Messias. A solução foi construir outro parlatório, usando um laranja como proprietário. Foi assim que o Messias (ou seria ex-Messias?) voltou, prometendo ter aprendido a lição e apontando o dedo carcomido para desafetos.

Chegou a hora de escolher um novo mandatário para Ouro Azul, e a sinistra figura já tramava há muito como faria para recuperar a influência que tinha quando o Messias que construiu era o mandatário. Pensou em lançar uma mulher, uma protegida sua, mas sua misoginia e o fato de a possível escolhida ter uma queda impressionante pelo álcool afastou essa alternativa. Lançar o Messias seria um tiro no pé, dada sua rejeição. Mas, como à sinistra figura não interessa o protagonismo, mas estar nos bastidores para mandar de fato e proteger seus interesses, ele se uniu ao Messias para tentar minar qualquer candidatura que não atenda a seus interesses. Isso, até achar o candidato que se curve diante da sua vontade.

A tática deu certo? Hum, isso daria uma sequência a esta história que pretendo escrever em breve. Por hoje, é só um teste para ver se o leitor digere bem essa “fuga da realidade”.

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