CPI dos Livros complicou ainda mais a situação do ex-prefeito
FUTURO DE PASSOS
COLUNA DE DOMINGO Somente uma delação (colaboração, agora, no léxico jurídico) premiada seria capaz de salvar o ex-prefeito de Canoinhas, Beto Passos (PSD).Isso se o tempo dele já não expirou, com Diogo Seidel tendo delatado o que sabe e com Renato Pike se comportando como uma incógnita na cadeia.
Diogo, contudo, certamente só encrencou ainda mais a situação de Passos, mas pouco deve saber se existe algo ou alguém acima do ex-chefe. Pike, por sua vez, certamente sabe.
A CPI dos Livros trouxe à luz uma informação importante e que complica ainda mais a situação de Passos. Uma “pasta azul”, com uma espécie de manual de como fraudar a licitação de R$ 2,3 milhões escrito “aos cuidados de Gilberto dos Passos” na capa só não é mais risível dado o amadorismo da fraude porque é extremamente trágico imaginar que a ganância não ficou somente no apurado pela Et Pater Filium até o momento – fraude em licitações do transporte escolar e na contratação de caminhões para prestar serviços à Secretaria de Obras.
Especula-se que Passos e Pike tenham alguém acima deles na escala hierárquica da política já que os que estavam abaixo já foram revelados. Quem seria essa ou essas pessoas? Se ele, ela ou elas de fato existem, somente Beto e Pike podem falar apresentando as necessárias provas. Qual dos dois dará o primeiro passo? Ambos vão assumir a bronca sozinhos?
A CPI dos Livros trouxe outro dado contundente: há similaridade entre o que ditava a “pasta azul” de Passos com o que aconteceu em outros 11 municípios catarinenses, todos administrados pelo PSD. Mera coincidência?
A vasta documentação da CPI será enviada ao Ministério Público, que tem poder de denunciar os responsabilizados. O material deve se somar às milhares de páginas de outras denúncias que o MP vêm apurando contra o ex-prefeito.
Se Passos tem alguém para denunciar, que firme logo acordo de colaboração premiada (se é que já não fechou esse acordo). O ex-prefeito é esperto o suficiente para não querer para ele o destino que Orildo Severgnini traçou ao se recusar a entregar colegas como Adelmo Alberti, que não precisou de muita pressão para denunciar Beto e Pike.
