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abril

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Saiba do que os prefeitos da região presos na Mensageiro são acusados

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Três mandatários foram presos na quarta fase da operação

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Três prefeitos da comarca de Canoinhas foram presos na quinta-feira, 27, na quarta fase da Operação Mensageiro, deflagrada em 12 cidades do Estado. No total, 15 prefeitos do Estado estão presos em decorrência da investigação do Ministério Público. Da região, foram presos os prefeitos de Três Barras, Luis Shimoguiri (PSD); de Bela Vista do Toldo, Alfredo César Dreher (Podemos); e de Major Vieira, Adilson Lisczkovski (Patriota), além do vereador tresbarrense Edenilson Engel (PSD). Saiba abaixo o que já se sabe sobre o que pesa de acusações contra essas pessoas:


LUIS SHIMOGUIRI

Prefeito Luiz Shimoguiri

O prefeito de Três Barras, Luiz Divonsir Shimoguiri (PSD), teve ligações telefônicas interceptadas pela investigação do Ministério Público (MP) no âmbito da Operação Mensageiro, que apura o escândalo de fraude de licitação na coleta e destinação do lixo nos municípios catarinenses.

As ligações ocorreram diretamente entre Shimoguiri e o homem apontado como o “mensageiro” – que era quem estava grampeado pelo MP. Para os investigadores, diante do contexto trazido na investigação, as ligações levantaram indícios de que “tais contatos possam ter sido relacionados com a marcação  de encontros para a entrega de valores pecuniários ilícitos”.

Ou seja, desde 2022, quando a Mensageiro foi deflagrada, o prefeito de Três Barras era investigado como um dos receptadores de propina e possível agente da fraude de licitações para beneficiar o grupo Serrana.

O próprio Shimoguiri, cita o MP, firmou os contratos e aditivos com a Serrana. Os aditivos, como o JMais já mostrou, eram uma forma de garantir o pagamento de propina.

O relatório do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) vai além e mostra que Shimoguiri recebeu pessoalmente um sócio da Serrana apontado como de grande relevância nos supostos esquemas criminosos. O conteúdo desses encontros não foi revelado, mas assim como no caso das ligações telefônicas entre Shimoguiri e o “mensageiro”, a denúncia trata como um possível momento de negociação ou recebimento de propina.

Shimoguiri é investigado por frustação do caráter competitivo de licitação, desvio de dinheiro público, corrupção passiva e organização criminosa.


EDENILSON ENGEL

Vereador Edenilson Engel (PSD)

Além do prefeito Luiz Shimoguiri (PSD), do secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Três Barras, Ernani Wogeinaki, o vereador Edenilson Engel (PSD) também é citado como investigado no inquérito da Operação Mensageiro, conforme conteúdo de delação premiada a que o JMais teve acesso.

São apontados pelo Ministério Público (MP) contatos classificados como constantes entre um sócio do grupo Serrana, com o prefeito de Três Barras, Luiz Shimoguiri, e com o vereador Edenilson Engel. A investigação do MP apura se os três políticos teriam cometido os crimes de frustação do caráter competitivo de licitação, desvio de dinheiro público, corrupção passiva e organização criminosa.

Wogeinaki, Shimoguiri e Engel teriam recebido visitas do “mensageiro” sempre após o pagamento mensal da prefeitura à Serrana. Para o MP isso levanta o indício de que os três receberiam propina nesses encontros.

Nos autos do processo foi solicitada e aceita a quebra dos sigilos telefônico e telemático de Ernani Wogeinaki, secretário de Agricultura e Meio Ambiente e ex-presidente do Serviço Autônomo Municipal de Água e Saneamento Ambiental de Três Barras (Samasa).

Durante período de monitoramento, foram encontradas interações de sócios da Serrana e Wogeinaki pelo WhatsApp em ao menos oito oportunidades, segundo a denúncia. Uma delas chamou a atenção dos investigadores do MP para a “relação próxima com Ernani Wogeinaki, presidente da Samasa do Município de Três Barras, de quem recebeu áudios, no ano de 2021, via WhatsApp extremamente suspeitos: ‘(..) pode gastar o dinheiro! Tá bom?’, porque o Município estaria (..) pagando hoje vocês tudo (…)”.




ADILSON LISCZKOVSKI

Adilson Lisczkovsk, prefeito de Major Vieira

Um dos delatores da Operação Mensageiro, que investiga o esquema de corrupção que fraudava licitações para coleta do lixo em Santa Catarina, afirmou à investigação que o contrato firmado pela Serrana com a prefeitura de Major Vieira teve como único objetivo o desvio de verbas públicas.

A afirmação do delator deriva de uma conversa que disse ter tido com o atual prefeito de Major Vieira, Adilson Liczkovski (Patriota), quando este teria dito que precisava achar uma forma de “fazer dinheiro”. Naquele momento, o delator teria dito a Liczkovski que falaria para um homem apontado como operador interno de propina da Serrana procurar-lhe.

O delator aponta que após o pedido de Liczkovski teria conversado com este contato da Serrana e indicado o potencial acordo com a prefeitura de Major Vieira. O que chama atenção no inquérito é que à época o município possuía um caminhão adequado para prestação de serviços de coleta de resíduos, mas mesmo assim foi aberto um processo de licitação.

Dessa maneira, o acordo que levou à abertura da licitação “se deu apenas com o intuito do recebimento de propina, visto que o serviço prestado anteriormente se dava de forma eficiente”, destaca o Ministério Público com base em uma delação premiada.


ALFREDO CESAR DREHER

Prefeito de Bela Vista do Toldo, Alfredo Cesar Dreher

A reportagem não conseguiu apurar o que pesa contra o prefeito de Bela Vista do Toldo. Sabe-se, porém, que a despeito da prisão do ex-prefeito Adelmo Alberti, ao assumir a prefeitura Dreher manteve o contrato com a Serrana Engenharia.



CONTRAPONTO

Todos os acusados foram procurados pelo JMais antes de serem presos. Edenilson Engel não quis se pronunciar devido ao sigilo do processo.

Ernani Wogeinaki também não respondeu aos pedidos de entrevista.

Shimoguiri nega que tenha recebido valores objeto de propina e assinado qualquer contrato e/ou aditivo com a Serrana Engenharia, relacionada à coleta e destinação do lixo do município. “Até porque se eu tivesse assinado algum documento, não teria validade alguma, pois nunca fui responsável pela gerência do Samasa – Serviço Autônomo Municipal de Água e Saneamento Ambiental -, que é a contratante do serviço”, diz.

Ele explica que por ser tratar de uma autarquia municipal, com administração e arrecadação financeira próprias, o Samasa tem autonomia para promover os processos licitatórios para contratação de obras e serviços, assim como renovar ou prorrogar contratos e autorizar termos aditivos.

No caso do serviço de coleta e destinação do lixo, o prefeito explica que houve o auxílio da comissão de licitação da Prefeitura quando do lançamento do edital de concorrência pública, em dezembro de 2018, no qual a Serrana Engenharia se tornou vencedora do processo. Isso ocorreu porque o Samasa, na época, não tinha equipe técnica especializada para exercer esse tipo de função.

O prefeito ressalta que a Serrana Engenharia já prestava o serviço de coleta de lixo ao município em anos anteriores a 2018, validada por ter sido vencedora em processos licitatórios lançados por antigos gestores da autarquia. 

Sobre eventuais contatos com representantes da empresa, quando de fato ocorreram, o prefeito informa que “sempre foram no sentido de se fazer tratativas e cobranças para a melhora das qualidades dos serviços prestados, motivado por reclamações vindas de munícipes.”

Com relação ao encontro com um dos sócios da Serrana, Shimoguiri confirma que o encontro aconteceu para que fosse discutido, a pedido da empresa, o reequilíbrio financeiro – para maior índice – quando da prorrogação do contrato.

Na ocasião, Shimoguiri informou que não tinha como interferir nas decisões tomadas pela direção do Samasa, “inclusive a qual negava o reajuste”. A direção da autarquia também participou dessa reunião.

Adilson Lisczkovski negou qualquer envolvimento ilícito com a Serrana e disse que o contrato em vigor estava prestes a vencer e que não havia intenção do Município em renová-lo. A grande preocupação do prefeito, contudo, é de não haver interessados em um novo certame. “Não podemos atropelar a Serrana e não ter quem se interesse pelo serviço”, pondera.

A defesa de Dreher não foi localizada.

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