A investigação contra Ernani Wogeinaki levantou suspeitas contra Luiz Shimoguiri
Ernani Wogeinaki, ex-presidente do Serviço Autônomo Municipal de Água e Saneamento Ambiental (Samasa) e atual secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Três Barras, é apontado pela investigação do Ministério Público (MP) que desencadeou a Operação Mensageiro como articulador da propina no município.
Segundo levantou o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), há registros de contratos públicos de serviço de lixo entre o Município de Três Barras e a Serrana desde 2008. Depois desse primeiro contrato, foram identificadas licitações de 2010 e 2019.
No documento em que constam as denúncias e pedidos de investigação, Wogeinaki é citado como pessoa que “aos olhos da investigação muito próxima” do ex-prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti, “e que supostamente estaria envolvido em esquemas de propinas com os contratos da empresa Serrana Engenharia Ltda e constantemente conversava com os então prefeitos de Três Barras e Bela Vista do Toldo sobre formas de ‘fazer dinheiro’”.
Isso significa que a investigação implica o prefeito de Três Barras, Luiz Shimoguiri, como diretamente envolvido no escândalo da Operação Mensageiro. O prefeito também é investigado, como mostrou o JMais.
CONTATO COM EMPRESÁRIO PRESO
A investigação encontrou no celular de Wogeinaki o registro de contato de um dos sócios da Serrana. Esse sócio é apontado pelo MP como um dos organizadores da propina. Foi no e-mail desse empresário que o Gaeco encontrou uma planilha com valores a serem pagos em propina.
Os investigadores destacam que chamou atenção o conteúdo de áudios enviados pelo WhatsApp entre o empresário e Wogeinaki. Nas mensagens eles supostamente falam sobre pagamentos, onde é dito para “gastar o dinheiro”, além de “fazer uma revolução na secretaria [de agricultura]”.
Fora um dos proprietários da Serrana, a investigação aponta que no celular de Wogeinaki foram encontrados “dezenas” de contatos com pessoas ligadas à Serrana.
WOGEINAKI FALAVA DIRETO COM O SUPERIOR DO “MENSAGEIRO“
Em um primeiro momento a investigação estranhou a ausência de contato entre Wogeinaki e o “mensageiro”, mas um elemento aparentemente explica essa ausência.
A Serrana possui uma filial em Três Barras, que é gerenciada por um dos delatores do esquema, o responsável pelo primeiro contato com os prefeitos para que entrassem no suposto esquema. Dessa maneira, o contato dos políticos tresbarrenses com ele seria mais próxima, o que facilitaria a entrega da propina diretamente por ele, segundo a investigação.
Para o MP, Wogeinaki cometeu os crimes de frustração do caráter competitivo de licitação, desvio de dinheiro público, corrupção passiva e organização criminosa.
CONTRAPONTO
Ernani Wogeinaki foi procurado pela reportagem mas não respondeu ao contato até a publicação deste texto. Assim que ele se manifestar este texto será atualizado.