Como doar para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul? Veja os canais oficiais

quinta-feira, 23

de

maio

de

2024

ACESSE NO 

Como doar para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul? Veja os canais oficiais

Reunião aborda pontos principais do Programa Universidade Gratuita

Últimas Notícias

Participantes demonstraram preocupação com origem dos recursos que vão financiar o programa

- Ads -

Em quase três horas de reunião, a Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa discutiu, na noite desta terça-feira, 20, pontos do Programa Universidade Gratuita, que está em tramitação no Parlamento catarinense. Governo estadual, representantes das instituições de ensino particulares e comunitárias, dos estudantes e deputados participaram do encontro, realizado de forma virtual.

Durante as manifestações, os participantes demonstraram preocupação principalmente com a origem dos recursos que vão financiar o programa que pretende oferecer até 75 mil bolsas de estudo nas universidades comunitárias. Houve, também, questionamentos quanto aos problemas estruturais que atingem a rede estadual de ensino.

O governador Jorginho Mello (PL) participou da reunião e defendeu a aprovação do programa da forma como ele foi encaminhado à Alesc. Ele destacou que o Estado não utilizará os 25% exigidos por lei para investimento em educação para financiar as bolsas de estudo.

Jorginho considera que há muita desinformação sobre o programa. Disse que os recursos do Artigo 170 da Constituição Estadual para as instituições particulares passarão de 10% para 20%, ficando os 80% restantes para as comunitárias.

“Tem muita fofoca, uma queda de braço que não tem sentido”, disse o governador. “Não precisamos dessa disputa entre particulares e comunitárias. Todos os alunos que precisam do braço do Estado, nós vamos ajudar.”

O secretário de Estado da Educação, Aristides Cimadon, destacou que o Universidade Gratuita prevê uma série de contrapartidas dos estudantes beneficiados e das instituições atendidas, inclusive no desenvolvimento do ensino profissionalizante, citado durante a reunião como um dos problemas enfrentados pelo estado.

“Trata-se de um projeto de desenvolvimento do estado”, afirmou Cimadon. “Não há a necessidade de ficar brigando por recursos, porque ambos terão ganhos enormes e o estado terá um ganho maior.”

Sobre a fonte de recursos para o programa, o secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert, afirmou que o dinheiro virá dos recursos previstos nos artigos 170 e 171 da Constituição, e o restante do tesouro estadual. A informação causou preocupação na presidente da Comissão de Educação da Alesc, deputada Luciane Carminatti (PT), que entende que o uso de recursos da Fonte 100 vai resultar em diminuição de investimentos na educação básica.

“O governo tem que dizer qual a fonte que vai financiar esse programa”, declarou a deputada. “Não devemos tirar dinheiro da educação básica, nem da Udesc”, completou a parlamentar.


PRIORIDADES

Ministério Público Estadual (MPSC) e Tribunal de Contas do Estado (TCE) participaram da reunião e manifestaram preocupação com o que classificaram como “inversão de prioridades”. Os representantes dos dois órgãos entendem que o dever constitucional do Estado é investir em ensino fundamental e médio, e não no superior.

O promotor de Justiça Marcelo Araújo afirmou que só na Capital 37 escolas estaduais enfrentam problemas estruturais e necessitam de investimentos. “Temos que nos preocupar com o ensino superior, mas no ensino básico tem que ter uma aplicação mais efetiva de recursos.”

O auditor do TCE Leandro Gaudêncio apontou alguns problemas no programa, como a inversão de prioridade constitucional, a ausência da estimativa de impacto financeiro e a origem dos recursos, entre outros.


COMUNITÁRIAS E PARTICULARES

Durante a reunião, representantes das instituições comunitárias e particulares apresentaram posições divergentes sobre o programa.

Henrique Lago Silveira, da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), afirmou que 68% dos alunos de graduação estão em instituições particulares, enquanto 17% estão em comunitárias. “17% terão acesso a 80% dos recursos, enquanto 68% vão ter 20% do dinheiro do programa”, citou. “O projeto cria um novo elitismo, financiado pelo Estado.”

O presidente da Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina (Ampesc), Cesar Augusto Lunkes, afirmou que o programa tem equívocos, que demandam de mais tempo para serem debatidos. Para ele, o Universidade Gratuita “é estatizante e não democratiza o acesso ao ensino superior.”

Pelo lado das comunitárias, Luciane Ceretta, presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), destacou a importância dessas instituições no desenvolvimento do estado. Para ela, recursos públicos devem ser investidos em instituições de origem pública e não em privadas. “Nossa luta não é contra ninguém, é a favor da educação como patrimônio dos catarinenses.”

Claudio Jacoski, da Associação Brasileira das Instituições de Ensino Comunitárias (Abruc), afirmou que as universidades da Acefe têm caráter filantrópico e prestam inúmeros serviços à comunidade em todo o estado.

Representantes dos estudantes também participaram da reunião desta terça. Alex Chernehaque, das instituições privadas, afirmou que o programa fará com que o ensino superior seja para “poucos e ricos” e criticou o fato de não haver previsão de recursos para bolsas de pesquisa. Jean Calza Ribeiro, das universidades da Acafe, defendeu o trabalho desempenhado pelas instituições comunitárias.

A representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vitoria Davi, acredita que recursos públicos “não devem ser destinados para o enriquecimento de grandes corporações de ensino privado”. Já Natan Rech, da União Catarinense dos Estudantes (UCE), defendeu a maior porcentagem do programa para as comunitárias.


PARLAMENTARES
Os deputados Mario Motta (PSD), Marquito (Psol) e Matheus Cadorin (Novo) participaram da reunião. Cadorin defendeu que os recursos do programa deveriam ser destinados para resolver os problemas do ensino básico. “O correto seria 100% dos recursos para os alunos. O programa é para os alunos, não para as instituições”, completou.

Marquito questionou sobre a fonte dos recursos para o programa e demonstrou preocupação com a retirada da reserva de 10% dos recursos para investimentos na Udesc. Já Mário Motta entende que deveria ser um direito do aluno beneficiado com a bolsa escolher a instituição em que quer estudar.

Ao final do encontro, a deputada Luciane Carminatti destacou a importância da reunião. “O Parlamento não pode se furtar ao debate sobre esse tema tão importante.”

Ela reiterou a preocupação com a fonte de recursos para financiar o programa, além da necessidade de investimentos na estrutura das escolas estaduais e na ampliação do ensino profissionalizante.

- Ads -
Olá, gostaria de seguir o JMais no WhatsApp?
JMais no WhatsApp?