sábado, 27

de

abril

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2024

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Retratos na parede

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Adair Dittrich escreve sobre sua nova obra

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Retratos na parede da sala… sobre um fundo verde… finas tábuas de madeira. Embevecida olhava para eles. Lá estavam os que velavam por mim. Naqueles ditosos dias quase todos ao meu redor.

Nas fímbrias do tempo eles ficaram. Perpassam em minha mente sorrisos e lágrimas de vidas que do nada teciam novos sonhos espargindo sementes de amor pelos caminhos.

A casa agora é outra. Sobre paredes brancas e lisas eles continuam a inspirar as futuras gerações. Eles… os meus que se foram e deixaram um legado de luz e amor.

Retratos na parede da sala… imagens gravadas para sempre em nossos corações.

Olhar em seus olhos e imaginar os inúmeros lances de harmonia, os inúmeros percalços que nortearam suas vidas. E os que antes deles a este mundo vieram.

E assim saiu Nas Fímbrias do Tempo. Algo eu conto na apresentação que para o livro eu escrevi.

Criança ainda, ouvia meu pai contar que sua avó era uma índia. Naquele tempo, noção alguma eu tinha sobre as ramificações das tribos Tupi e Guarani. Para mim, sendo aqui do sul, todos os índios eram Guaranis. E a imaginação fluía a pensar no encontro dela com um jovem irlandês que chegara nas bandas da Lapa, no Paraná. Dela não sabia o nome. O dele, Jorge.

Então, a história começou a brotar em minha mente. De onde viera aquela índia? E o enredo ali começou.

E Jorge? Meu pai dizia que ele era irlandês. Ruivos e sardentos na família. E foi assim que eu o imaginei. A correr em criança pelas planícies de um país de sonhos. Só poderia ser filho de algum herói que lutou pela independência de seu país.

Um avô que eu conheci em criança viera da encantada Áustria de meus sonhos. Eu o imaginava jovem a deslizar com seus esquis pelas nevadas montanhas do Tirol. Mais tarde, soube que ele nascera em Viena. Em minha imaginação, eu vejo seus ancestrais naquelas cabanas feitas de troncos de pinus incrustadas em meio aos montes escarpados distantes das grandes cidades.

Um jovem austríaco que pela filha de Jorge se encantou.

Minha Nonna italiana, Thereza, era um sonho, a meiguice, a candura. Tudo o que são as vovós. Com ela, convivi por doze anos. Nascera na Vila de San Michelle, vila que na época se situava nos arredores de Verona. Uma mulher forjada em aço. Ultrapassou turbulentas barreiras espinhosas. Sofreu golpes cruciais que a feriram profundamente. Golpes e barreiras que derrubariam a muitos. Mas não derrubaram Thereza. Que das cinzas, qual Phoenix, se reerguia. E forças ainda teve para levantar as bases de um hospital na terra que adotou, a Terra de Santa Cruz.

Meu Nonno Marcelino sumiu no Porto de Antonina quando minha mãe era ainda muito pequena. Nas andanças da vida, Thereza encontrou Pedro Gobbi, o Nonno que eu conheci. Nonno Gobbi era muito culto. Lia diariamente vários jornais e a seu lado eu sempre encontrava um livro aberto. Era um homem calado, circunspecto.  Meus irmãos mais velhos diziam que ele era um excelente tenor. Que vivia a entoar árias de famosas óperas.

Falo sobre alguns trechos reais desta história. Entrelaçados em meio a imaginários romances. Descrevo alguns fatos que ouvia quando eu era criança. Do pouco que me lembro.

Ninguém aparece do nada. Fervilhavam em minha mente os mistérios dos tempos que se foram. Por tudo o que do mundo de outrora ficamos a saber, através de pesquisadores que a história nos contam, entende-se que foram tempos difíceis.

Como teria sido a vida dos antepassados de todos estes meus avós?

Minha mente viajou por terras distantes. Por diferentes territórios do Velho Mundo. Mergulhei nas matas do sul de meu país.

Minha bisavó índia era para mim um mistério indecifrável. Imaginei que deveria ter um nome que coadunasse com seu porte como eu a via. Potira Tainá. Recentemente, Edineia de Melo, neta de meu tio Juliano, irmão de meu pai, descobriu o atestado de óbito desta personagem por tanto tempo rodeada em misticismo. Bibiana. Tal como a imponente figura de Veríssimo em “O Tempo e o Vento”. Bibiana Taborda Colaço. Na minha imaginação continuará sendo sempre a filha de Avati, um dos últimos bravos de uma tribo que o tempo se encarregou de diluir na história…

***

Foto de Fátima Santos que ilustra o livro

Nossa Confreira Maria Cristina Ferreira dos Santos excelente mestra de língua e literatura portuguesa aceitou o convite que lhe fiz para revisar esta obra e elaborar o texto para a contracapa.

Maria Cristina Ferreira dos Santos é escritora, membro da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas e doutora em Estudos Literários pela UFRGS.

Eis o texto completo da contracapa deste meu novo livro:

“Adair Dittrich nos surpreende com a sua capacidade literária, com enredos cujos personagens, que são complexos, desvelam, desde as miudezas do cotidiano familiar em pequenas vilas, até a magnitude dos conflitos bélicos, da vinda e adaptação dos imigrantes ao incipiente continente, e da monumental construção de um hospital. Vemos, nitidamente, os acontecimentos históricos se imbricarem às esferas pessoais, ora transformando-as, ora sendo por elas modificados.

Suas tramas são contadas aos poucos, usando uma estratégia que só os grandes escritores dominam: manter o leitor vidrado no fluxo narrativo, envolvê-lo por inteiro e fazê-lo sentir empatia pelos infortúnios e pelas conquistas dos personagens.

Além disso, o leitmotiv da obra é o amor, tema que é caro a todos nós, humanos, bem como a busca pela liberdade. Amores felizes, amores contrariados, épicos, de mãe, de pai, de avós e avôs, fraternos, pela pátria-mãe, pela nova terra que os acolhe; amor pela arte, pela música, pelo trabalho, pelo povo e pela culinária. Amores que ultrapassam fronteiras, barreiras, décadas, gerações e camadas de preconceitos. Enfim, o amor e suas nuanças!”


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A presidente da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – Coordenadoria de SC– AJEB/SC, Dioni Fernandes Virtuoso, deu-me a alegria de prefaciar meu livro:

A poetisa e escritora Dioni Fernandes Virtuoso é membro fondadore do Nucleo Accademico Italiano de Scienze, Lettere e Arti (NAISLA), do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal (NALAP), Imortal da Academia Criciumense de Letras (ACLe) e da Academia Imbitubense de Letras e Artes (AILA). É também escritora do Grupo COM’PAR Poesias e outras academias virtuais.

Com estas palavras Dioni Fernandes Virtuoso prefaciou meu livro:

Estou muito feliz com o convite da querida amiga e exímia escritora, Dra. Adair Dittrich, para prefaciar seu mais novo livro.

É difícil, no espaço exíguo de um simples prefácio, colocar todas as emoções vividas durante a leitura desta maravilhosa obra literária.

Ler um livro é vivenciar cada instante do texto, alçando voo nas asas do(a) autor(a). E foi assim que vivi dias de agradável leitura.

Olhos atentos à rica descrição de detalhes e acontecimentos da história real que a ilustre escritora pincelou com as tintas de sua fértil imaginação.       

Quantas emoções vividas por esta família e… Por mim também!

Quem encontro por lá? Thereza! Sim, a mesma Thereza de outro conto que rendeu à autora a premiação no I Concurso Literário da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil/Coordenadoria de Santa Catarina – AJEB/SC.

Agora, uma outra história da Thereza que eu desconhecia, de muitas lutas e tristezas, mas que não se deixou abater e, com garra, deu continuidade à vida deixando-nos exemplo de força, perseverança e fé.

Em outros momentos, adentrei à mata e vivi numa tribo indígena, conheci mais um ramo da grandiosa família.

A autora me levou a outros lugares e vivenciei a rotina de muitos parentes.

Os textos apresentados são peças de um grande mosaico que, por instantes, parecem incompletos, mas na verdade, se conectam a outros que no vai e vem das ondas da imaginação, embalam a leitura na espera do desfecho.           

Sinto-me privilegiada de ter sido escolhida para realizar esta importante e desafiadora tarefa de prefaciar tão importante obra e conhecer de pertinho os antepassados da família Dittrich.

Convido a todos para esta viagem maravilhosa!”

Em breve Fímbrias do Tempo fará parte das melhores bibliotecas.

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