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Ética e verdade: na guerra a primeira vítima é a verdade

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Será que os 51.072.345 de eleitores, praticamente 43,2% da população brasileira, são anormais?

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Wellington Lima Amorim*

Na minha rede de contatos do LinkedIn existe um engenheiro de software, formado pela FGV que trabalha até o momento na NPL Brasil em São Paulo. A empresa que ele trabalha se apresenta da seguinte forma: “A NPL Brasil é uma gestora independente de créditos corporativos inadimplidos (non perfoming loans – NPL), idealizada e fundada por profissionais reconhecidos e especializados na recuperação de créditos e reestruturação de dívidas. A experiência e multidisciplinariedade da equipe, aliada à intensa utilização de ferramentas tecnológicas avançadas, são os fatores que nos permitem enfrentar os desafios com amplitude de informação, velocidade e conhecimento, por múltiplos ângulos, para colocar em prática as estratégias mais adequadas para cada cliente e situação”. Pois bem, nosso engenheiro citou em rede social a seguinte proposição: “Como diria Karl Marx, o último capitalista que nós enforcaremos será aquele nos vendeu a corda.”

Fiquei me perguntando: para alguém que trabalha em uma empresa de recuperação e refinanciamento de créditos, quem irá enforcar nosso engenheiro? Irá cometer suicídio? Ou, ainda, será que ele é mais um panfletário incitando a violência política? Pelo que eu saiba, Marx não falava por metáforas, como Jesus Cristo. Todavia, sabe o que é pior: A citação costuma ser atribuída a Vladimir Lenin, Joseph Stalin e Karl Marx, mas não há evidências que confirmem essas autorias. Já há algum tempo, muito antes do atual presidente assumir o governo federal, eu sempre disse que as teorias conspiratórias, como por exemplo, o movimento antivacina, tinha nascido no seio da esquerda festiva, que associava vacinas ao autismo, vivendo de uma ideologia hippie com roupas compradas na Oscar Freire sendo responsável na divulgação de ideias absurdas e conspiratórias que mais tarde inflaram o pensamento bolsonarista/olavista associando a vacina a transformação de seres humanos reptilianos. A responsabilidade histórica cai no colo dos “intelectuais” da esquerda, muitos oriundos de movimentos estudantis e do pensamento comunista brasileiro. Não podemos esquecer que o Olavo de Carvalho foi por algum tempo do PCB entre idos de 1966 à 1968. Porém, não é que eu me deparo com mais uma pérola do engenheiro em questão? “Você pode ser um dos maiores bilionários do país, e mesmo com todas as condicionantes sociais pressionando para apoiar os golpistas maçônicos nazi-fascistas”. Ou seja, nosso engenheiro apresenta uma teoria conspiratória dizendo existir a pressão de um dos maiores bilionários no país, banco Itaú e seus herdeiros, para apoiar golpistas maçônicos nazi-facistas.

Por um momento eu pensei que estivesse no final da década de 1930, Alemanha, à beira de um golpe de Estado, que tem por fundamentos o esoterismo do Goebbels, que empreendeu expedições exploratórias para recuperar totens sagrados judaicos, maçônicos/templários e cristãos para sustentar um império de 1000 anos, ou melhor, nazi-facistas. Isto é real? Fiquei me perguntando: o que é o real? Qual o grau de autismo a que estas pessoas estão submetidas?  Para a minha imensa surpresa ele fala em Ética: “você pode perceber que não existem duas opções, porque existe algo que se chama ética”. Isto tudo me assusta. Eu aprendi que a ética moderna se constitui na sua relação com outro, através do contraditório, mas ele diz existir apenas uma opção e o que é pior: “O sistema democrático falha ao permitir candidaturas anormais como a do psicopata miliciano (…) Não estamos diante de duas opções. Quando trata-se de civilização versus barbárie existe apenas uma opção”.

Então me perguntei: qual a sugestão do nosso engenheiro? Acabar com a democracia, a diferença e liberdade de muitos cidadãos? Ou seja, restringir a liberdade daqueles que são considerados anormais? Será que os 51.072.345 de eleitores, praticamente 43,2% da população brasileira, são anormais? Já sabemos o que acontece com os anormais quando engenheiros tentam colocar em prática a sua engenharia social! Otto Adolf Eichmann era engenheiro e “foi nomeado para chefe do departamento responsável pelas questões judaicas”. Eichmann foi responsável pela “política em relação aos judeus que foi alterada passando de emigração para extermínio e coordenar o planejamento do genocídio”. Ou melhor, “pela deportação dos judeus para os campos de extermínio, onde as vítimas foram gaseadas”.

Ou ainda: “Apoiadores de Lula, como o deputado federal André Janones (Avante-MG), publicam uma informação de que o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) será o ministro da Previdência. Para isso, o parlamentar postou uma imagem adulterada que atribui a informação ao portal de notícias G1. “Alguém sabe se isso aqui é verdade? Mais cedo estava rodando muito no zap, agora vi que postaram aqui no Twitter também”, escreveu. “Bora alertar o povo sobre os riscos caso isso ocorra! Se viralizar por lá, já era! É guerra.” 

Segundo o Jornal Estadão esta informação é falsa e confirmada pelo TSE.  E segundo o mesmo periódico: “Perfis de esquerda espalharam que Bolsonaro seria maçom e satanista – não há nenhuma evidência disso – e contas compartilharam imagens adulteradas com um quadro do ídolo pagão Baphomet na parede. Até o atentado sofrido por Bolsonaro há quatro anos e a vinda do coração de D. Pedro I para o 7 de Setembro deram combustível para a desinformação. A esquerda passou a espalhar vídeo do ex-deputado Cabo Daciolo (PDT) acusando o presidente de forjar a facada, e insinuações sobre necromancia (prática de magia envolvendo a comunicação com mortos) com o imperador surgiram, com supostas ligações com planos secretos maçons.”

Por fim, segundo o site G1, associaram o presidente Jair Bolsonaro a prática do canibalismo: “Na largada do retorno da campanha eleitoral na TV neste segundo turno, a campanha petista divulgou trechos de uma entrevista antiga do presidente, na qual ele afirma que “comeria um índio sem problema nenhum”. O ministro do TSE considerou que a propaganda tem grave descontextualização e decidiu pela imediata suspensão dela tanto na televisão, quanto no site e nas redes sociais. Sanseverino também determinou que o PT se abstenha de “novas divulgações com igual teor, com a advertência da possibilidade de configuração de crime de desobediência”. Na decisão, o ministro escreveu que a forma com que as falas de Bolsonaro foram divulgadas alterou sensivelmente o “sentido original de sua mensagem” e que “foram ultrapassados os limites da liberdade de expressão”. Enfim,  se torna verdadeiro o adágio popular: na guerra a primeira vítima é a verdade. 

*Wellington Lima Amorim é filósofo e escritor

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