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sábado, 2

de

novembro

de

2024

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Relato sobre o ingresso de duas novas integrantes na nossa Academia de Letras

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Evento aconteceu no sábado, 4

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O Centro de Eventos Adão Tadra Laatsch do Complexo Turístico e Cultural da vila de Marcílio Dias foi o cenário de uma das mais belas Sessões Solenes da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, a Sessão Solene em que foi realizado o Ato de Diplomação e Posse de duas novas Acadêmicas.

Belo porque foi harmonioso e agradável aos nossos sentidos, porque foram momentos sublimes, majestosos e imponentes.

Sentia-se no ar, percebia-se no semblante dos que lá se encontravam que aquele ambiente reunia pessoas envolvidas por um uníssimo condão, o amor pelo escrever.

Eram as mesmas paredes de sempre, as mesmas paredes que em tempos passados armazenaram os produtos que de longe chegavam pelos cargueiros ferroviários.

Eram as mesmas paredes de sempre, as mesmas paredes que após restauradas diversos eventos já abrigaram.

Daiane e o acadêmico Roberto Domit/Fátima Santos

Mas naquela noite algo a mais havia no ar. No olhar a cumplicidade dos que lá estavam a fim de recepcionar e aplaudir duas mulheres que em seus escaninhos há muito já guardavam letras que de suas almas transbordavam.

Era o mesmo espaço de sempre, agora adornado com um quê de verde das samambaias que há milênios expandem-se pelos nossos campos, aliadas ao vermelho de outras flores e à alvura de uma simples toalha colocada sobre a mesa principal.

A Academia de Letras do Brasil – Canoinhas em todas as suas Sessões Solenes obedece a um cerimonial iniciado já no dia sagrado de sua instalação há quase dez anos.

A acadêmica Edilaine/Fátima Santos

Solenemente e com garbo é introduzido no Salão de Eventos o Estandarte da Academia, seguido que é do sublime momento em que velas são acesas a fim de iluminarem o decorrer de todo o cerimonial.

E com lágrimas nos olhos dos presentes, as escritoras Daiane Nieser e Edilaine Fernandes Corrêa, as duas novas acadêmicas, foram entronizadas no salão e conduzidas até a frente da mesa principal pelos Acadêmicos Maria de Lourdes Brehmer e Pedro Penteado do Prado que ao lado delas permaneceram até o momento solene de sua diplomação e posse.

O público presente teve a oportunidade de ouvir uma esmiuçada biografia de cada uma delas e conhecer a sua arte literária.

Daiane Nieser é natural da vizinha cidade de Rio Negro. Aos 18 anos entrou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (Unespar) para cursar Letras. Fez especialização em Línguas Estrangeiras Modernas— Espanhol —, na mesma instituição e há dez anos leciona na Escola de Educação Básica “Tempo Feliz”. É professora estadual concursada. Lecionou na Escola de Educação Básica “Professor Manoel da Silva Quadros”, na vila de Marcílio Dias, transferindo-se mais tarde para a Escola de Educação Básica “Julia Baleoli Zaniolo”, onde atua até hoje.

Atual formação da Academia de Letras de Canoinhas/Fátima Santos

Participou do Concurso Literário “O Olhar Feminino entre Letras e Tintas”, promovido pela Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil/SC. Teve dois trabalhos premiados que se encontram inseridos na Coletânea publicada pela AJEB/SC.

Edilaine Fernandes Corrêa nasceu em Canoinhas. Desde pequena seu livro preferido era o que contava a história de Ruy Barbosa.

É graduada em Letras pela Universidade Leonardo da Vinci, de Indaial. Após concluir o curso, em 2012, foi efetivada como professora de Língua e Literatura Portuguesa em Bela Vista do Toldo.

“Corpo fechado”, um conto seu, recebeu o primeiro lugar, no concurso “Cidade Maravilhosa”. Neste conto narra breves façanhas de seu avô, Bertulino Tischler.    

No juramento dos Acadêmicos proferido pela Acadêmica Daiane Nieser as novas integrantes prometeram exercer a Arte de escrever e falar com dignidade, observar os mais ricos princípios Éticos e de Educação, contribuir no processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento intelectual e moral do ser humano. Além de defender os Direitos Humanos, a Justiça Social, o aperfeiçoamento da cultura, ser fiel ao Estatuto da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, participar de suas atividades, cumprir suas leis e levar seu nome para todos os meios literários.

Foi majestoso o ato de entrega dos diplomas e tocante o momento em que os padrinhos procederam à entrega da Insígnia da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas para as novas acadêmicas.

Os integrantes de uma academia de letras ocupam uma cadeira vitalícia que tem como patrono um eminente vulto da literatura brasileira.

Daiane Nieser escolheu como Patrona da Cadeira número 20 a poetisa goiana Cora Coralina. Do panegírico que escreveu e leu sobre ela destacamos:

“Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, conhecida pelo pseudônimo Cora Coralina foi poetisa e contista brasileira. Foi pela sua produção poética que me encantei. Afinal, como não ser tragada pela simplicidade dos temas e pela linguagem da referida autora? ”

“Em 1959, com 70 anos, decidiu aprender datilografia para preparar suas poesias e entregá-las a editores. Publicou seu primeiro livro quando tinha 75 anos e tornou-se uma das vozes femininas mais relevantes da literatura nacional. ”

“Tenho a honra de apresentá-la como minha Patrona e exaltá-la como figura feminina na literatura, demonstrando que nunca é tarde para se fazer o que se ama, nesse caso, escrever. ”

Edilaine Fernandes Corrêa elegeu como Patrono da Cadeira número 23 o escritor gaúcho Érico Veríssimo. Do panegírico que ela escreveu e leu sobre o admirável escritor dos pampas, destacamos:

  “O porquê de Érico Veríssimo, pois lhes digo, além de homem nascido em dezembro, assim como eu, além de ser livre para a escrita e considerado exímio “contador de histórias”, suas obras levam-nos do envolvimento da essência dos personagens comuns para um palco, ao qual são memoráveis, vertendo muitas vezes o sangue rebelde dos sulistas, traduzindo com heroicidade, as marcas da memória em nossa literatura. ”

 “Portanto, termino minha homenagem a um maestral de nossa literatura, enfatizando que nossas vidas são levadas por vezes, devagarinho, como o florescer dos lírios, o sussurro do minuano e que nossas escritas, contos, poemas, lendas, crônicas, ficam, são imortais…, Mas nós somos o tempo que perpassa como o vento nas tempestades, que hora se dissipa na eternidade…”

O Acadêmico Pedro Penteado do Prado em sua Oração de Boas-Vindas às novas acadêmicas, em brilhantes palavras passeia pela história e pelos poemas de nossa região. Citando Adolf Conrad assim inicia sua fala:

Pra mim, escrever é uma conversão de minhas forças em frases.

“A Academia de Letras do Brasil – Canoinhas é uma instituição sonhada há mais de quarenta anos! Nove anos depois de finalmente instalada nossa Academia de Letras, recebemos a sagrada missão de:

“Assegurar o efetivo e regular acolhimento aos escritores, em todos os segmentos da escrita, independentemente se cientistas, literatos ou metafísicos, resgatando valores da comunidade em benefício da literatura, compartilhando conhecimentos e facilitando o acesso aos saberes múltiplos sobre as artes literárias”.

Temos, então, nobre assembleia, a obrigação de criar eventos culturais, participar e divulgar tais episódios e acontecimentos, para propalar as letras, as artes, e a riquíssima história de nossa região, nunca deixando de lembrar os fatos que marcaram nosso ancestral e atual povo do planalto norte catarinense.

Sim, nobre assembleia, fatos como a famigerada Guerra dos Caboclos, ou Guerra dos Pelados, ou Guerra dos Jagunços, ou ainda com o nome mais pomposo de Guerra do Contestado! Uma sangrenta guerra que abalou as estruturas sociais de nossa terra, deixando-nos com a pecha de região de menor cultura e de menor renda per capita de nosso estado!

E esta história foi lançada para debaixo dos tapetes porque nossos governantes tiveram vergonha de dar conhecimento público em função de que foram utilizadas forças militares dignas de palco de guerra, utilizando canhões, fuzis, metralhadoras e baionetas contra um povo inculto, mas nobre, armados de espadas de pau para lutar contra a tirania do governo constituído!”

“E hoje, nesta data tão importante para a Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, sentimo-nos engalanados e enguirlandados por um floral aureolado de indizíveis emoções.

Estamos neste momento tão solene recebendo duas novas Acadêmicas, doravante nossas confreiras, as quais são seguramente frutos de nossa mistura étnica que nossos algozes não conseguiram exterminar! ”

“As novas Acadêmicas Daiane Nieser e Edilaine Fernandes Corrêa são crias deste povo do contestado! ”

“Nobres confreiras Daiane e Edilaine, sejam bem-vindas à nossa Academia de Letras do Brasil – Canoinhas! ”

Um Sarau Cultural coroou a noite especial. Com belas poesias, contos e poemas em prosa de autoria dos acadêmicos, entremeadas por brilhantes execuções musicais apresentadas pelos acadêmicos Mateus Prust e José Alfredo da Fonseca.

Ao final adormeceram-se as velas que iluminaram a linda noite de letras, “pois a luz do conhecimento nunca se apaga”.

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