Entre fake news e politicagem, surge a esperança na humanidade
A COLUNA ESTÁ DE FÉRIAS. VOLTA A PUBLICAR TEXTOS INÉDITOS EM FEVEREIRO DE 25. ATÉ LÁ, TEXTOS DE 2024 SERÃO DESTACADOS COMO ESTE, POSTADO ORIGINALMENTE EM 12 DE MAIO
IMPRESSÕES
COLUNA DE DOMINGO Algo inominável acontece com os nossos irmãos gaúchos. O Rio Grande do Sul foi tomado pela enchente, a maior de que se tem notícias. Um horror.
Acompanhei o noticiário e as redes sociais com uma curiosidade para entender o comportamento não dos pobres atingidos por essa tragédia que, invariavelmente, se resignam diante do imponderável e, com rostos desesperançados, esperam por ajuda. Eles não querem ter razão, querem ter um colchão pra dormir e um teto para se abrigar. Olhei com mais atenção para o comportamento de quem não está sendo atingido diretamente pela tragédia. E vi de tudo.
O que mais me alegrou foi perceber que a imensa maioria queria saber como ajudar. Logo se formou uma corrente de solidariedade impressionante. Doações em dinheiro, em serviços, entidades, meios de comunicação, todos irmanados para ajudar. De Canoinhas partiram pelo menos seis carretas com doações, um trabalho encampado por organizações que merecem toda a nossa admiração, mas que seriam fracassadas, não fosse a solidariedade do povo. Creio que essas pessoas fizeram seu trabalho solidário, alguns divulgaram (nem todos) e foram dormir com a consciência tranquila de quem, diante do sofrimento, fez ao menos um pouquinho para amenizá-lo.
Uma minoria, creio, mas barulhenta, optou por espalhar o que por motivos intrigantes se tornou sua razão de existir: o ódio.
A cada vídeo e foto postados mostrando alguém ajudando os flagelados foram milhares de comentários, muitos ofensivos, carregados do fel da maldade. Ora, quem divulga pode estar querendo aparecer, mas se não aparecer, como inspirar os outros a ajudar? Os haters da internet não veem dessa forma. O que importa é sempre estar esculhambando alguém.
Nada mais irritante, contudo, do que a politização de um fenômeno natural. A imprensa mostrou que todos os governos falharam na prevenção às enchentes e duvido muito que tenham aprendido, agora. Mas achar que linchar governos nas redes sociais é fazer a sua parte é muito cômodo, até porque os governantes que ignoram a importância do tema foram eleitos por nós. “Ah, mas eu não votei em ciclano, votei em beltrano.” Bom, só pra ficarmos na esfera federal, acabamos de alterar entre governos de direita e esquerda e quem fez mais para prevenir desastres climáticos? Nem um, nem outro, apontam os dados.
Mas, para quem vive nas suas respectivas bolhas políticas, o seu político de estimação sempre vai ser o certo e o resto todo está errado. Esse pensamento irracional sempre brigará com a realidade, mas algo muito intrigante acontece no cérebro de quem sente a necessidade de defender seu político de estimação. É burrice, mas contaminou muita gente nesse país, ao ponto de muitos criarem ou espalharem fake news que cria ou espalha fake news desesperadamente para validar o que dizem seus políticos de estimação. É o ápice do complexo de lambe-botas.