Série é uma preciosidade ao refletir de forma muito singela sobre a vida
ALGUMA COISA SOBRE O NADA
Parece uma contradição, mas O Faz Nada, título brasileiro horrível dado a série argentina Nada, da Star+, diz tudo, ou quase tudo, sobre a vida. É uma preciosidade, uma raridade que você precisa ver.
Primeiro, pela duração. São cinco episódios de meia hora cada que podem ser maratonados em uma tarde. Isso é muito perto de uma avalanche de histórias repetitivas cujos episódios te tomam uma hora cada e terminam inconclusivas com ganchos que mais dão impressão de que você foi enganado do que instigado. Algo infelizmente cada vez mais comum.
Nada acompanha o escritor especialista em gastronomia, Manoel (Luis Brandoni). Ele é um bon vivant icônico, conhecido por toda a charmosa Buenos Aires que mal tem recursos para manter seu estilo de vida abastado. Celsa, sua fiel cozinheira, morre subitamente e cria um grande problema para ele. Sem Celsa, fica sem um membro do corpo praticamente. Ele então contrata uma jovem paraguaia para substituir a empregada recém-falecida que cuidou dele por mais de 40 anos.
A relação do escritor com a nova cozinheira é apenas um dos belos aspectos da série. Escapando de lugares comuns e frases de efeito que enchem qualquer pessoa que curta séries e filmes, Nada encanta com pequenas lições de vida que soam tão naturais e, muitas vezes, banais, mostrando que a vida não precisa ser interpretada com tanta seriedade. Aliás, a irreverência de Manoel é o que a série tem de melhor.
De brinde, ainda tem Robert de Niro como narrador da história.
Nada é sobre nada e sobre tudo o que importa. E nem sempre o que importa é grandioso, complexo e inalcançável. Vale cada minuto.
