Que mais mulheres jornalistas e escritoras de nossa região agreguem-se a esta maravilhosa associação
Quando se lê um livro viaja-se dentro de um comboio que percorre os mais diversos itinerários através da imaginação do autor.
Ao escrever esquadrinham-se paisagens que através dos intrincados neurônios vagam por impensáveis paisagens.
E há muita gente neste mundo a juntar letrinhas que formam palavras, a reunir palavras que criam frases, a combinar frases que montam parágrafos, a harmonizar parágrafos para a conclusão de um capítulo e que, por fim, darão vida a um novo livro.
E o mundo das mulheres, parece-me, hoje em dia forma a grande maioria das pessoas que se aventuram pelo mundo da literatura.
A fim de reunir estas mulheres que escrevem livros e também as que, diariamente, estão à frente de muitos jornais de nosso pais, em um coeso grupo a escritora paranaense Hellê Vellozo Fernandes, neta do consagrado escritor Dario Vellozo decidiu formar e fundar em 8 de abril de 1970 a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil.
Algumas escritoras catarinenses aderiram à ideia há muitos anos já. Mas não havia uma real Coordenadoria da AJEB em nosso estado. Há 5 anos a jornalista e escritora Renata Marques de Avellar Dal-Bó, radicada na cidade de Tubarão, sul de nosso Estado, esteve em contato com as integrantes nacionais da associação e, após reunir um dinâmico grupo de mulheres literatas no dia 4 de dezembro do mesmo ano fundou a nossa.
Em uma solenidade marcante ajebianas de todas as partes do Brasil reunimo-nos, em Florianópolis, nos dias 8 e 9 de dezembro último, a fim de comemoramos a posse da jornalista e escritora Renata Marques de Avellar Dal-Bó como presidente da AJEB Nacional e da poetisa e escritora Dioni Fernandes Virtuoso, como presidente da Coordenadoria de Santa Catarina.
A magnífica sede da Academia Catarinense de Letras, a Casa José Boiteux, foi o local escolhido para a celebração desta especial solenidade.
E foi lá que reencontrei meu velho colega e amigo, brilhante escritor e anestesiologista — que teve atuação marcante como presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia —. José Warmuth Teixeira.
Encantada fiquei ao conhecer e abraçar a atual presidente da Academia Catarinense de Letras, a escritora Lélia Pereira Nunes, detentora da Cadeira número 26 cujo patrono é o escritor e político Adolpho Konder. É a primeira mulher a assumir o cargo máximo da centenária associação literária.
Há 3 anos já faço parte desta pujante agremiação literária constituída apenas por mulheres. Iniciei minha participação em dezembro de 2020, em plena pandemia, em uma reunião virtual comemorativa do Natal enclausurado daquele ano.
Naquela noite muito feliz reencontrei minha amiga jornalista Adriana de Oliveira com quem há tantos anos já partilhava eventos da Unimed e da Unicred nos quais ela atuava com a finalidade de levar ao mundo as nossas atividades.
Em uma das Sessões Solenes Virtuais da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas, realizada nessa mesma fatídica época, conheci também a escritora, poetisa e declamadora Tenente-Coronel da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina Edenice Fraga.
Eram as minhas duas referências, além da afamada escritora Urda Alice Klüeger, naquela minha primeira reunião virtual com as ajebianas de Santa Catarina.
Renata Marques de Avellar Dal-Bó proferiu uma breve palestra em um destas reuniões virtuais covidianas da ALB Canoinhas abordando o interessante tema das mulheres no mundo da literatura e o quão difícil foi fazerem-se notadas. Naquela ocasião falou-nos que no século XIX e mesmo no início dos anos 20 mulheres escondiam-se atrás do nome de seus maridos, irmãos ou pais, ou inventavam um pseudônimo masculino a fim de serem lidas e conseguirem vender suas obras.
E pessoalmente eu conheci estas mulheres maravilhosas por ocasião da Feira de Livros de Joinville, em junho deste ano.
De sua fala ao tomar posse como presidente Nacional da Associação de Jornalistas do Brasil, Renata enfatiza, uma vez mais, a batalha da mulher no mundo literário.
“ Sabemos que a luta pela visibilidade da mulher nas letras vem de longa data, quando o verbo “escrever” não lhe era permitido. Não que nós não tivéssemos nada a dizer, mas porque não conseguíamos mostrar nossas vozes. ”
“Assumir a atual gestão da AJEB Nacional, foi a forma que encontrei de “gritar” para que todos possam ouvir que por meio da escrita de autoria feminina podemos e devemos construir um mundo mais humano, solidário, poético e igualitário.
“Por meio das coordenadorias da AJEB realizamos um forte movimento literário feminino em diferentes regiões do país, que funciona como alternativa concreta para escritoras não incorporadas aos sistemas já consolidados e/ou tradicionais. Escrevemos em blogs, mídias sociais, coletâneas, publicamos livros. Por mais que participemos de manifestações literárias legítimas, por vezes não recebemos a atenção devida e dificilmente passamos a integrar os chamados sistemas literários regionais, estaduais ou até nacionais. Por isso, um dos grandes objetivos da AJEB é trazer à tona obras de escritoras das mais diversas regiões do país, proporcionando-lhes o devido reconhecimento, valorizando seu fazer literário e inscrevendo-as na historiografia literária contemporânea brasileira. ”
Em seu discurso de posse na presidência da Coordenadoria da AJEB/SC, Dioni Virtuoso, discorreu sobre os projetos realizados nestes últimos dois anos, o que motivou a solicitação das associadas para a sua reeleição e dos demais membros que compõem a atual diretoria.
Dele destaco alguns trechos:
“ Há 2 anos, quando tomei posse como Presidente/Coordenadora da AJEB de SC, eu falei que o maior discurso seria com ações sociais, a favor das jornalistas e escritoras, durante a gestão que ora me confiavam. “
“ … desenvolvemos vários projetos culminando em registros de várias obras literárias que somando às 3 da gestão anterior, temos até o momento 14 obras, algumas apresentadas em Feiras Nacionais e Internacionais como a Feira Virtual de Lisboa e do Equador. ”
“Entre os vários projetos apresentados em 2023, cito o das Jornalistas em Cena ”
“Outro projeto que teve bastante repercussão foi sobre a Literatura das Mulheres Indígenas …. que resultou numa obra maravilhosa, com lançamento em Feiras de Livros de algumas cidades e também no Equador.”
Após a solenidade reunimo-nos em um jantar de confraternização em um dos restaurantes da ilha.
Cedo, na manhã seguinte, fomos conhecer o Museu Cruz e Souza, antiga sede do governo catarinense localizado na Praça XV de Novembro, mais conhecida como Praça da Figueira.
No momento lá estão expostos ícones da chegada de japoneses para a região tanto da ilha como a de seu entorno. Trajes coloridos de samurais e de gueixas, leques, esculturas, pinturas e um sem fim de minúsculos objetos por si só representativos da milenar cultura do mais distante oriente nosso.
Outro jocoso guia passou o resto da manhã a informar-nos sobre as diversas passagens de interventores e governadores na antiga sede do governo e do episódio do último ditador nacional de plantão e o seu entrevero com o povo da ilha defronte ao belo Palácio Cruz e Souza.
Na Biblioteca Pública de nossa capital aguardava-nos a sua sempre solícita diretora e sócia benemérita da AJEB/SC, Cleonice Schmidt.
Mulher fantástica que sabe tudo sobre a arte de gerir uma Biblioteca e catalogar seu acervo.
Detalhes importantes obre o que lá existe ela nos contou. Coleções de jornais antigos tanto da capital como de muitas cidades do interior de nosso estado lá se encontram. Em breve, daquele acervo, fará parte a minha coleção encadernada do jornal de nossa cidade, o Barriga Verde adquirida por mim da Família Burigo que a recebera do seu fundador, Jornalista Albino R. Budant.
Cleonice pretende firmar convênios com prefeituras do interior a fim de mais incrementar o cabedal da já famosa Biblioteca da capital. Para que nossa Canoinhas lá se faça presente será necessário um convênio com a nossa Fundação Cultural e com nossa prefeita Juliana Maciel Hoppe.
Após o tradicional almoço, à base de frutos-do-mar, no encantado Mercado Público da cidade de Nossa Senhora do Desterro, fizemos nossos pedidos à mágica Figueira que domina e enfeitiça não apenas a praça como tudo o que a margeiam e por seus eflúvios anseiam.
E o sábado findou na margem oposta, em plena praia de Coqueiros em um deslumbrante restaurante junto ao mar continental onde, uma vez mais, saboreamos um delicioso linguado grelhado acompanhado com a deliciosa farofa que só os descendentes dos açorianos sabem preparar.
E a ouvir as mais belas melodias da nossa incomparável música popular brasileira dedilhadas nas cordas de um murmurante violão e sonadas pela voz de incomparável cantor.
Que mais mulheres jornalistas e escritoras de nossa região agreguem-se a esta maravilhosa associação que nos estimula a cada dia a mais e melhor escrever…
Domingo de manhã despedimo-nos — minha amiga e exímia motorista, Rosane Godoi, nossa Confreira da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas e eu —, da Ilha da Magia. Atravessamos a ponte rumo ao continente, tomamos o rumo norte e depois oeste e arribamos em nossa festiva e iluminada cidade que se prepara para mais um deslumbrante Natal.