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Justiça ouve empresas acusadas de fraudar licitações na região

Imagem:Arquivo

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Esquema criado entre Major Vieira e Bela Vista do Toldo está na mira da próxima fase de depoimentos da Et Pater Filium

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A Vara Criminal da comarca de Canoinhas inicia nesta segunda-feira,12, uma nova fase de depoimentos da Operação Et Pater Filium. Nesta fase investiga-se a denúncia que envolve o tráfico de influência estabelecido entre uma suposta organização criminosa formada por agentes políticos de Bela Vista do Toldo e Major Vieira.

Segundo a colaboração premiada do ex-prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti, no ano de 2017, ele teve uma conversa com filho do prefeito de Major Vieira, Orildo Severgnini, Marcus Vinicius, mais conhecido como Mano. Nesta conversa, ele diz que Mano teria proposto abrir uma empresa chamada “Rodrigo dos Santos” para prestar serviços a Bela Vista do Toldo e Major Vieira.

Ele teria topado o esquema e incluído seu secretário à época, Claudinei Ribeiro, o Baixinho. Alberti contou que essa empresa licitou em Major Vieira e, no caso de Bela Vista do Toldo, foi aberto credenciamento, copiando um modelo do município de Irineópolis. A empresa do Rodrigo se habilitou, assim como a empresa Koch & Lima, representada por João Pereira de Lima Sobrinho, de Bela Vista do Toldo, assim como a empresa do ex-vereador Vilson Stelzner.

Nuna espécie de acordo cruzado, em Major Vieira, uma empresa criada por Claudinei Ribeiro foi licitada.

Ocorre que em Bela Vista do Toldo, a empresa de Rodrigo dos Santos não mandou as máquinas necessárias para fazer o serviço. Dessa forma, Alberti decidiu usar maquinário da prefeitura e de Joziel Dembinski e Vilson Stelzner. Mesmo assim, Rodrigo dos Santos recebia da prefeitura de Bela Vista do Toldo. O pagamento se dava da seguinte forma: o que era pago à empresa do Rodrigo, pelo serviço das máquinas próprias e das da prefeitura, quem distribuía o dinheiro entre os integrantes do esquema era Mano. Quando as máquinas eram próprias, Mano descontava em torno de 20% desse pagamento para repassar o dinheiro. Segundo Alberti, em Major Vieira, Ribeiro informou que pegava o dinheiro e repassava para Mano.

Segundo Adelmo, as empresas de Vilson Stelzner e Koch & Lima (de João Pereira) pagavam 10% de propina para prestar os serviços em Bela Vista do Toldo. Os serviços eram referentes à extração de cascalho e transporte. O contrato global foi feito no valor de mais de R$ 400 mil pra cada empresa. Alberti relatou que, a exemplo do que aconteceria em Canoinhas, havia superfaturamento, com acréscimo de horas/máquina não trabalhados de fato. Ademais, as empresas credenciadas nem tinham o inventário de máquinas que haviam declarado ter.

Ribeiro, de acordo com Alberti, estava descontente, visto que Mano não estava repassando o valor que eles haviam combinado e que não estava prestando o serviço. Na sequência, os processos de credenciamento teriam desaparecido da prefeitura e, dado o descumprimento do acordo, Alberti teria suspendido o credenciamento. Segundo Alberti, ele descobriu que foi Ribeiro quem consumiu com a documentação.

O esquema detalhado por Alberti mostra a confusão patrimonial entre os envolvidos. Ele mesmo tinha porcentagem em maquinário da Koch & Lima e recebia 10% do faturamento da empresa. Mano, por sua vez, tinha um cartão bancário no nome de Ribeiro.

DINHEIRO EMPRESTADO

Alberti contou que tinha várias máquinas, entre elas uma comprada em parceria com João Pereira, chamado por ele de Joãozinho. Chama a atenção a forma como ele teria conseguido o dinheiro para comprar a máquina. Ele contou ter emprestado R$ 82 mil do ex-vice-prefeito de Canoinhas, Renato Pike. A máquina estaria no nome de João. Pike teria como interesse entrar como sócio oculto de João para participar de licitações em Canoinhas, segundo Alberti.

Em todo o esquema criado entre Major Vieira e Bela Vista do Toldo, Alberti diz que faturava mensalmente em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Claudinei, seu secretário à época, recebia entre R$ 500 e R$ 1 mil para preparar a documentação para participar dos processos licitatórios.

O ex-prefeito, em sua delação, definiu bem o emaranhado que se tornou o esquema: “uma bagunça, mas conversávamos sempre”. Até porque, segundo Alberti, se não tivesse sido flagrada, a organização criminosa pretendia se estender por outros Municípios da região. Prefeitos amigos, inclusive, já tinham conhecimento que Alberti tinha uma empresa interessada em prestar serviços para a região. “Oh prefeito, temos umas máquinas aí e tal, tem como, se o senhor fizer uma licitação nós vamos lá participar e temos como arrumar um dinheiro pra ti. Como nós vamos fazer: vamos acrescentar horas nesse contrato. Ah. se o senhor quiser 10 mil (reais), nós vamos colocar tantas horas pra dar esse 10 mil”, descreveu Alberti na delação.

VICE

O ex-vice-prefeito de Bela Vista do Toldo (2016-2020) Carlinhos Schiessl também será ouvido nesta semana. Ele e Alberti romperam ainda durante o mandato em que Schiessl era vice de Alberti. Dessa forma, em 2020 os dois disputaram a prefeitura em campos opostos.

Segundo a denúncia oferecida no início de agosto pelo Ministério Público, o ex-prefeito revelou que Schiessl teria recebido um terreno em acerto que faria parte de esquema entre Alberti e um empresário citado na denúncia. Alberti teria recebido cinco lotes como propina e entregue um dos lotes a Schiessl. Ele é acusado pela prática de crime de lavagem e ocultação de valores.

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