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Em audiência, Beto Passos chama ex-secretário de ‘homem bomba’ e inocenta irmão

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O ex-prefeito assumiu a compra dos caminhões, mas destacou o papel de terceiros no esquema

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Foram retomadas na manhã desta sexta-feira, 24, as audiências da fase Canoinhas da operação Et Pater Filium. Nesta fase do julgamento, o juiz, promotoras e os advogados de defesa questionaram o restante das testemunhas e colaboradores premiados arrolados no processo. Isso porque, parte dos envolvidos já foi ouvida em junho do ano passado, quando os testemunhos foram interrompidos depois de o ex-prefeito Beto Passos mudar o conteúdo do depoimento prestado durante o acordo de colaboração premiada.

O ex-prefeito Beto Passos segue na condição de colaborador premiado com renúncia ao direito de permanecer em silêncio, conforme o juiz que conduz o processo, Eduardo Veiga Vidal, deixou claro logo no início da audiência. O magistrado não questionou o réu por se dar por satisfeito com as perguntas que fez em junho passado.

Nesta fase do processo, julga-se a compra de dois caminhões por parte de Passos para faturar com licitações públicas. Os caminhões, colocados em nome de um laranja, prestaram serviços para as prefeituras de Bela Vista do Toldo e Canoinhas. Documentos a que o Ministério Público teve acesso apontam, ainda, superfaturamento nos itinerários dos caminhões.

QUESTÕES

A promotora Mariana Mocelin começou perguntando sobre a compra dos dois caminhões por parte de Passos para, conforme a denúncia, faturar com licitações nos Municípios de Bela Vista do Toldo e Canoinhas. Passos disse que o então secretário de Obras, Nilson de Oliveira, convidou ele para comprarem um caminhão cada e colocar no nome do empresário Joziel Dembinski, que já era laranja do então prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti. Questionado sobre valores, Passos disse que esse assunto foi discutido rapidamente. “Esse caminhão prestaria serviços em Bela Vista do Toldo e o faturamento mensal seria de R$ 25 mil, segundo o Adelmo”, disse Passos.

O ex-prefeito de Canoinhas disse que entregou entre R$ 160 mil e R$ 180 mil para Nilson comprar um dos caminhões. O ex-secretário de Obras bancaria o segundo veículo. Passos disse que esse dinheiro era fruto de propina e estava guardado para comprar uma casa para seu irmão, Marcio Passos, de quem ele teria emprestado dinheiro por diversas vezes e, portanto, com quem estava em dívida. “Ele estava juntando pra comprar a casa dele. Esse dinheiro eu recebi de propina e devolvi ao meu irmão de empréstimos que ele havia feito a mim. Saquei e repassei ao Nilson e ao Joziel. Nilson foi comprar os caminhões em Curitiba”, contou remontado a fatos que teriam ocorrido em 2020.

Passos destacou que toda a negociação relacionada aos caminhões foi feita por Nilson e frisou que, reconhecendo sua culpa, entregou os veículos ao Município como parte do acordo de colaboração premiada.

Com a compra dos caminhões concretizada em uma revenda de Curitiba, Passos relatou que teve várias dores de cabeça, a começar pelo fato de Nilson não ter pago um dos caminhões, conforme combinado, o obrigando a fazer um empréstimo junto ao Sicoob para quitar este segundo caminhão. Classificado como “louco” por Passos, repetindo o que teria ouvido de Dembinski e Alberti, o ex-prefeito disse que Nilson extorquia Dembinski. “O Nilson começou a ameaçar o Joziel e ele acabava cedendo e repassando recursos ao Nilson”, explicou Passos.

Segundo o ex-prefeito de Canoinhas, além de Nilson não pagar por um dos caminhões, os repasses mensais de R$ 25 mil não se concretizaram. Depois de pressionar, ele teria recebido R$ 20 mil. Mais tarde, recebeu mais R$ 60 mil.

Questionado sobre o porquê de não ter cobrado mais dos comparsas, ele disse que eles “tinham fama delicada e eu tinha medo”.

Passos fez questão de inocentar o irmão, afirmando que embora Marcio soubesse da situação ilícita, nada tinha a ver com a operação do esquema. “Meu irmão pouco entende essas questões, mas ele sabe que eu me arrependia do que fiz. Eu queria recuperar o dinheiro que investi”.

Ele afirmou que “não havia prestação de contas. Não tinha controle do que o caminhão fazia. Eu queria receber pelos caminhões, mas não tinha esse controle. Eu cobrava organização por parte do Nilson e a Amanda (Suchara), que era sua assistente. Nilson tinha carta-branca na Secretaria de Obras. Quando Nilson saiu foi nomeado Luizinho Witt, mas Nilson era quem mandava. Luizinho reclamava”, explicou.

Questionado sobre a origem do dinheiro de Marcio, capaz de lhe emprestar valor correspondente ao custo de uma casa, Passos disse que “meu irmão teve imóveis e carros e quando eu me apertava financeiramente eu recorria a ele. Antes dele comprar a casa, peguei dinheiro de propina e devolvi a ele”.

Passos descarregou as baterias para cima de Nilson, afirmando que ele era “um homem bomba, fugia ao controle e brigava com todo mundo, xingava. Ele achava que seria o mais votado. Perdeu a eleição (para vereador) e saiu falando que foi culpa nossa”.

Passos afirmou que o empresário Gustavo Rocha, em momento algum, foi incluído em qualquer esquema. Rocha é acusado de ter herdado o esquema depois da prisão de Dembinski.

Sobre Amanda Suchara, Passos disse que ela tinha cargo de menor expressão. “Passado algum tempo, em uma conversa com o Joziel, ele relatou que pagava R$ 1mil pra ela mexer nos controles a favor do Joziel. Em dado momento descobri que os caminhões estavam trabalhando em Canoinhas. Eu cobrei do Joziel. Não sei quanto tempo eles trabalharam, mas não era para eles trabalharem aqui. Eu temia eles fazerem trabalho aqui.”

Passos disse que Alberti o procurou dizendo que “‘tem de dar um jeito de acalmar o Nilson’. Ele não causava problemas especificamente comigo. Mas ficava pedindo dinheiro para campanha ao Joziel”.

Nilson ligava para adversários de Alberti para criar problemas para ele e levava boletos particulares para Joziel pagar, segundo Passos.

O advogado de defesa de Nilson disse entender que pelas palavras de Passos, o ex-secretário de Obras seria líder do esquema criminoso. Por isso, quis saber quem teria substituído seu cliente quando este deixou a Secretaria de Obras para ser candidato a vereador. “Quando Nilson deixou a secretaria, eu passei a tratar do assunto diretamente com Adelmo”, respondeu Passos.

O ex-prefeito de Canoinhas disse que não tinha muita amizade com Alberti. “Ao mesmo tempo que era algo ilícito, eles faziam parecer algo lícito. Eu não tinha conhecimento dos pormenores”, afirmou.



IRMÃO

Depois de mais de duas horas de depoimento de Passos, seu irmão, Márcio, foi sabatinado. Questionado de onde teria dinheiro para emprestar ao irmão para comprar um caminhão, ele disse que era fruto de negócios que ele fez ao longo da vida: trocou um terreno por um apartamento e uma sala comercial. Vendeu e juntou com o dinheiro de venda de carros, e guardava em casa, pois não trabalha com bancos.


EMPRESÁRIO

À tarde, foi ouvido somente o empresário Gustavo Rocha, que nega a acusação de ter herdado o papel de Dembinski no esquema depois que ele foi preso na fase Bela Vista do Toldo da Et Pater Filium.

Joziel Dembinski, o ex-secretário de Obras Nilson de Oliveira e o ex-vereador de Bela Vista do Toldo, Vilson Stelzner, exerceram o direito de se manter em silêncio.

Com a conclusão da fase de depoimentos, restam agora as alegações finais das defesas. Após esta fase, o processo estará concluso para sentença.

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