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Ciência e pesquisa: o que isso tem a ver com você?

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A coluna hoje é escrita por um convidado

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Dia 8 de julho foi o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador. Como pesquisadora, não poderia deixar passar essa oportunidade para refletirmos sobre o que isso significa em nossas vidas. Assim, me unindo a centenas de colunistas pelo país, vou apresentar a campanha #ciêncianaseleições e reforçar a nota da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), cuja fundação, em 8 de julho de 1948, foi o que inspirou o Dia Nacional da Ciência: “Um país que quer ter futuro não pode sacrificar o motor do desenvolvimento: a ciência e a educação”.

Compartilho hoje com meus queridos leitores, o ótimo texto do Dr. Thiago Signorini Gonçalves, publicado originalmente na UOL. Thiago é doutor em astrofísica pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia, professor do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e coordenador de comunicação da Sociedade Astronômica Brasileira. Utilizando os maiores telescópios da Terra e do espaço, estuda a formação e evolução de galáxias, desde o Big Bang até os dias atuais. Apaixonado por ciência, tenta levar os encantos do Universo ao público como divulgador científico. Aproveitem sua companhia!

Neste 8 de julho, Dia Nacional da Ciência, gostaria de refletir sobre o papel da ciência para o país. Muita gente ainda me pergunta sobre a importância da ciência para o Brasil. Afinal, por que devemos investir dinheiro buscando galáxias a milhões de anos-luz, quando temos gente passando fome aqui mesmo? Esse argumento reducionista pode ser perigoso, e se a pandemia nos mostrou algo, foi a necessidade de colocarmos a ciência no centro do debate político. Em ano de eleição, a discussão se torna ainda mais importante, para refletirmos o que queremos no nosso futuro.

Para começo de conversa, devemos entender que o investimento em ciência não é jogado fora. Tomemos como exemplo o telescópio espacial James Webb, uma empreitada de US$10 bilhões da Nasa. Esse dinheiro não serve “apenas” para encontrarmos as primeiras galáxias do universo, mas também foi usado para treinar dezenas de cientistas, com conhecimento técnico que pode ser usado em diversos outros campos no futuro, desde a ciência básica até a ciência de dados ou o mercado financeiro. O dinheiro também foi usado em parcerias com empresas de óptica, eletrônica ou até mesmo aeroespaciais. Ou seja, é importante lembrar que boa parte da verba está voltando à economia dos países que participaram da construção do telescópio, na forma de investimento direto na indústria de alta tecnologia.

Para os países que não participam desses investimentos, ocorre exatamente o contrário: uma dependência cada vez maior de importações que só fazem acentuar as desigualdades, como ocorre por aqui.

Notem que é justamente esse investimento que permite que os países participem novamente de projetos semelhantes no futuro. Estados Unidos, Europa, Japão e, mais recentemente, a China têm um ambiente fértil para a liderança em grandes empreendimentos tecnológicos e científicos, graças ao investimento maciço em ciência básica e aplicada.

O Brasil nos últimos anos foi na contramão deste movimento, reduzindo a verba para a ciência cada vez mais. Ora, como podemos pensar em liderar um projeto de BILHÕES de dólares, se o orçamento para toda a ciência nacional é de MILHÕES? Vale lembrar também que essa verba tem retorno.

Quando pensamos no desenvolvimento de tecnologia de mercado, câmeras digitais, telefones celulares, telecomunicações, esses avanços foram possíveis graças ao investimento em ciência básica aliada a um parque tecnológico avançado..

Acima de tudo, devemos entender a ciência como uma forma de pensar. O ensino científico não deve ser visto como uma simples memorização de fórmulas, mas sim uma visão crítica e curiosa do mundo ao nosso redor. Aqui estou falando de ciências de todos os tipos: humanas, tecnológicas, biomédicas. Temos de fomentar as perguntas e o método científico como atuação política.

Vejam o que aconteceu durante a pandemia: uma guerra de informações na qual as vítimas foram os próprios cidadãos, sem uma orientação clara de como proceder para se proteger. O resultado? Quase 700 mil mortos em todo o país. Meu sonho é ver a ciência como destaque no cenário político. Gostaria de ver as evidências científicas orientando a formação de políticas públicas, e o governo apoiando as instituições de pesquisa em troca.

Gostaria de ver a ciência dialogando com a sociedade, para que todos possam processar as informações que recebem de forma crítica, separando paradigmas científicos de fake news. Esse ano temos uma decisão importante pela frente, escolhendo o caminho a seguir pelos próximos quatro anos. Ao decidir seu voto, peço que considerem candidatas e candidatos que incluam a ciência como plataforma de governo, priorizando o uso de evidências e o crescimento sustentável em seus programas.”

Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência.

Grande Abraço

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