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A primeira vítima da guerra é a verdade

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O bolsonarismo trabalha na mesma lógica do fascismo e isso não é mera opinião

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OPINIÃO A primeira vítima da guerra é a verdade, diz um antigo bordão jornalístico. Talvez fosse necessário, nos nossos tempos, questionar se a verdade não se tornou uma vítima recorrente em qualquer sociedade que se autointitule moderna. Os exemplos não são poucos e nem irrelevantes: desde o processo de rompimento da Inglaterra com a União Europeia, chamado de Brexit; passando pela eleição de Donald Trump, nos EUA e – para o nosso foco – a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência do Brasil.

Mais do que mentiras pontuais, esses três casos citados envolvem personagens alinhados a um movimento de extrema direita que se espalhou pelo mundo, e que é baseado na recusa às normas e instituições que todos nós costumamos chamar de Democracia. Sua lealdade, como políticos, era devida diretamente ao povo, diziam eles.

E como qualquer outra coisa na política, é preciso que a gente pense com senso crítico: Quem é este povo que esses cidadãos representam? No caso de Bolsonaro, nem mesmo durante o período eleitoral ele pôde afirmar com todas as letras que tinha o apoio da maioria do país. Teve a maioria dos votos válidos, sim. Mas somados, os votos do candidato derrotado e mais os que se isentaram da votação – abstenções, brancos e nulos – alcançaram número muito maior do que os de Bolsonaro.

Mas uma coisa há de ser dita e reconhecida sobre o bolsonarismo: por ideologia ou por ganhos econômicos, esse movimento fez com que surgisse uma base militante muito aguerrida e que sabe muito bem o que tanto eles odeiam. E isso é um sentimento forte o suficiente pra botar nas ruas movimentos como o de terça feira.

Não nos enganamos: foram movimentos grandes. Mas e se pensarmos na proporção?

Em Canoinhas, por exemplo, quem financiou e tornou possível as paradas na BR 280 foram grandes empresários locais. Tivemos inclusive uma comitiva nos “representando” lá em Brasília – que repercutiu mais por seu ato falho de reconhecer que lutavam contra a democracia e a liberdade.

Ora, com todo o aporte financeiro, espaços abertos em várias rádios do município, cobertura declaratória por parte da imprensa – sem qualquer crítica ou aprofundamento nas causas e objetivos dos manifestantes – o resultado deve ser visto como um fracasso colossal.

Vejam que estamos falando sobre uma ideologia que – bem ou mal – ainda é dominante no nosso estado. A maioria dos nossos congressistas, se não são bolsonaristas “raiz”, certamente estão muito satisfeitos com as pautas econômicas levadas a cabo pela administração federal.

É impossível que seja outra a alternativa, visto que preferem culpar o ICMS (estável desde 1988 em SC) pelo preço dos combustíveis, em vez de observar atentamente a administração política da Petrobras, que desde 2016 (durante o governo de Michel Temer), adotou a dolarização dos nossos combustíveis pra agradar empresas multinacionais do setor, mesmo que a Petrobras tenha infraestrutura e capacidade para operar em Reais e entregar um combustível quase que com a metade do preço atual.

E a discussão sobre a Petrobras e os combustíveis é central. Porque estamos vendo a maior empresa nacional, que já foi uma das maiores do mundo e uma gigante do setor, sendo vendida por migalhas – muitas vezes para estatais chinesas, pra dar um exemplo de como a ideologia do bolsonarismo vai só até o dinheiro cair na conta.

É nesse caldo entornado que tivemos uma paralisação de caminhoneiros que nada lembra a paralisação de 2018. Não à toa, Chorão, um dos líderes da manifestação anterior, declarou várias vezes: essa pauta não é sobre os caminhoneiros.

E o que vimos foi justamente isso: empresas obrigando seus funcionários motoristas a não apenas pararem, mas pararem qualquer outro caminhoneiro, autônomo ou não, que passasse pelas movimentações deles. Ocorre que não vimos, agora nesta semana, falar em tabelas de frete. Não ouvimos falar no preço do diesel, que está na casa dos R$ 4,50 em alguns lugares. Não vimos falar sobre as condições de trabalho da classe dos caminhoneiros.

Ao contrário, o que vimos, em vídeos, reportagens e mesmo nos próprios caminhões que pararam foi: empresas estavam financiando um movimento que numa primeira vista, era só uma repetição de pautas ideológicas do próprio presidente: o fechamento do STF (ou destituição de Alexandre de Moraes, ao menos) e o voto impresso eram bordões maciçamente presentes nessas manifestações.

E aí a gente precisa seriamente fazer uma pergunta: Que diabo de greve é essa que tem apoio de patrão? As respostas, longe da ideologia, tendem ao econômico. Em muitos lugares do país quem mais comprou essa “briga” foram os representantes do agronegócio. Um “business” altamente lucrativo e que é só sorrisos ao ver o preço do dólar disparando.

Nos parece, por fim, que as mentiras mais sólidas desse governo, que mobilizam inúmeras pessoas pela ideologia, é uma defesa abstrata do povo e da pátria. Nossa pátria está sendo vendida por esse governo para muitas outras pátrias. E nosso povo, à míngua com os preços e os salários cada vez mais incompatíveis.

Mas as bandeiras verde-e-amarelas (cores símbolo da família real lusitana que nos governou por 300 anos) estão espalhadas por todo o lado. Nos carros, nas casas, nos comércios. O que não temos mesmo é emprego e comida, mas estes talvez sejam ideológicos demais.

No fim das contas, é preciso reconhecer uma coisa: o bolsonarismo trabalha na mesma lógica do fascismo e isso não é mera opinião. Há estudos e mais estudos da ciência social apontando este fato. E nessa lógica, quem adere ao movimento considera-se sempre parte daquela parcela especial do povo que pode ter direitos sobre os caminhos da sociedade. Todo o resto é apenas um coletivo de inimigos a serem eliminados ou abandonados à própria sorte.

Essa é a raiz ideológica do bolsonarismo e de tantos concidadãos nossos, que se julgam acima da lei por seguirem uma moral própria. E não vamos nos enganar. Que não seja Bolsonaro, haverão outros pra catalisar esse sentimento. Precisamos é combater justamente essa visão de mundo excludente e mentirosa. Precisamos salvar a verdade, fazer com que ela deixe de ser a vítima principal.

Frente Brasil Popular Planalto Norte de SC

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