Inserida em suas páginas a bela poesia que deu o título ao livro
Livro algum migra da cabeça de um escritor diretamente para as estantes das livrarias.
Um longo caminho a percorrer delineia-se à frente dos que ousam colocar dramas, poemas e versos no colo de um leitor.
E assim foi que há algum tempo o poeta, escritor e dramaturgo Andreas Carlos Costenaro mostrou-me os originais de uma obra sua com o instigante título Você já leu Poesia para Deus? Pedia-me que a prefaciasse. O que fiz com imenso carinho e prazer.
Correu célere o tempo com o rodopiar dos ventos de nosso planaltino norte.
E feliz recebo o convite para a festa de lançamento. Que ocorreu no aprazível “Espaço Vida”, em noite fria e chuvosa, aquecida, porém, pela presença dos muitos amigos que lá estiveram para acolher em seus braços esta obra tão especial.
Original arte da capa desenhada por Ketleen Viviane Falgater que nos induz a infinitas interrogações.
Inserida em suas páginas a bela poesia que deu o título ao livro.
VOCÊ JÁ LEU POESIA PARA DEUS?
AO SENTAR NO BANCO DA IGREJA
CANETA E PAPEL NA MÃO
PARO E PENSO UM POUCO
VOU COMEÇAR MINHA ORAÇÃO
AS PESSOAS ME OLHAM
COMO SE FOSSE PECADO ESCREVER
ALGUNS SE CUTUCAM, ME APONTAM
OLHAM PARA OS LADOS
COMO SE ALGO FOSSE ACONTECER
GOSTO DE ESCREVER
TODAS AS MINHAS ORAÇÕES
PARA NUNCA ESQUECER
PEDIDOS, GRAÇAS E LAMENTAÇÕES
SERÁ QUE O QUE ESTOU FAZENDO
OFENDE ALGUÉM NOS CÉUS?
NESSA HORA ME PERGUNTO:
VOCÊ JÁ LEU POESIA PARA DEUS?
O texto da contracapa foi escrito pela professora Rosane Godoi —membro da Academia de Letras do Brasil – Canoinhas — que bem captou o espírito com o qual Andreas impregnou seu livro.
“Andreas Costenaro é um jovem e promissor escritor que olha para o mundo à sua volta e transforma suas inquietações e seus questionamentos em poesia. Seu verso é branco, descomplicado, desprovido de grandes preocupações com medidas e métricas, mas transpira sentimento e inconformismo com a realidade.
Seu vocabulário? Aquele que vai direto ao coração sem rodeios nem meneios. Diante de suas elucubrações, olha para o mundo que o rodeia e encontra na fé as respostas para as perguntas que a poesia em si não lhe compraz.
Ler os versos de Andreas é transportar-se para o mundo do jovem que procura seu caminho e senta-se diante do altar a ler poesia para Deus.
Ainda que o mundo não entenda que é preciso simplicidade para entender as coisas cotidianas, este é o papel da arte, traduzi-las.
Quem disse que é preciso complicar para comunicar-se?
Ao viajarmos por suas linhas, Andreas nos leva a conversar com Aquele que nos acolhe como crianças em seu seio e entende sua linguagem, acalantando nossas almas num doce refúgio.
Seus versos levam-nos a crer que a poesia é também uma forma de reverência e adoração à família, aos amigos, a Deus.
Há no olhar poético de Andreas a busca de um caminho que conduza à elevação do homem através das palavras e da fé que perpassa esta obra. ”
Escrevi o prefácio com as palavras que minh’alma invadiram ao sentir o âmago deste livro quando o li.
O olhar perpassa pelas linhas… O olhar é o mensageiro do sentido e dos enigmas das palavras todas neste livro inseridas. Porque em “Você já leu Poesia para Deus? ” passeia-se por caminhos transcendentais. Caminhos que transbordam, caminhos que inundam, caminhos que carregam em seu bojo os espinheiros da vida, mas, caminhos belos, caminhos também, que para muito além dos horizontes visíveis nos levam.
Porque o Poeta trilha por fios que formam véus. Porque o Poeta trilha por véus que formam entrelaçamentos entre o nosso físico viver quotidiano em meio a farpas pontiagudas e agulhas incandescentes e o viver espiritual que enleva e dignifica.
Através de rimas e versos, palavras e frases o poeta se alterna entre o pedir graças e o agradecer.
E desde os primeiros versos encontramos o Poeta com a certeza mais certa de haver encontrado o caminho, porque ele está nos braços do Deus único a quem ele segue. Sendo guiado sempre por estas Divinas Mãos continua afirmando que só após o encontro com este Deus é que poderemos, aos outros, o caminho ensinar.
Galgando letras que tomando vão a forma de palavras, galgando palavras que tomando vão a forma de versos, galgando versos que tomando vão a forma de poemas, Andreas nos leva por um fio condutor invisível ao encontro com o Mestre dos Mestres, o encontro que é a sua meta desde o início, desde sempre.
Entre apologias aos jovens e à amizade, entre opostos e semelhantes, entre a gratidão aos pais e o amor à vida, sente-se aflorar a ilimitada grandeza de um ser que estava em ebulição e encontra na crença em seu Deus o caminho dos caminhos.
Todos temos fases da vida em que nos sentimos sós. E Andreas faz com que as nossas emoções em lágrimas se transformem quando fala do seu sentir-se abandonado. Em “Morto por Dentro” solta-se “como o vento” e segue em busca de um local onde, entre amigos espirituais, encontra “o que queria”, quando afirma “Bastava-me entender o que sentia”.
Então descobre a “Liberdade no Horizonte” e está “de volta para o seu aconchego, seu paraíso, com brigas e confusões externas, mas de muita paz interior”.
Preciso é imiscuir-se, infiltrar-se no pensamento do poeta, pensamento que se entrelaça pelos caminhos de seus versos, e com ele celebrar a vida.
Não há um divisor de águas entre as duas partes que compõem este livro. Porque até nas falas de sua peça teatral dançam as poesias, dançam os versos. Porque até nas falas de sua peça teatral a religiosidade que impregna as páginas de “Você já leu Poesia para Deus? ” segue num crescendo desde o início até atingir um clímax sequer imaginável.
Depois, muito depois, em vibrante cena, depois das discussões e dos diálogos entre jovens e entre os jovens e seu professor, Andre
as entrega-nos a alguém que de braços abertos, há milênios, está à nossa espera.
Entrega-nos nos braços d’Aquele que só de Amor sempre nos falou e agora está aqui, redivivo, falando pelos palcos da vida para todas as plateias do mundo.
E assim o místico poeta de olhar reluzente, o poeta Andreas, fala-nos do suave e trabalhoso caminho que encontrou.
“Você já leu Poesia para Deus? ”