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Pornotopia do playboy

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A vida se tornou pornográfica!

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Wellington Lima Amorim*

A vida se tornou pornográfica. Não cabe aqui, em um primeiro momento, moralizar e perguntar se isto está errado ou não. Todavia, antes de analisarmos uma Ética, é necessário refletir sobre a Estética em que estamos imersos. Isto se dá porque é possível observar que o mundo contemporâneo se transformou em uma Arquitetura pornográfica. A pornografia não está nas redes, XVídeo ou Pornotube, mas na exposição voluntária da vida privada nas diversas plataformas: Facebook, Instagram, Twitter etc… consistindo em uma profunda iluminação da sua vida íntima, sem nenhum pudor. Todos nós somos coparticipes desta Arquitetura que potencializou um ethos que teve início no pós-guerra. O momento histórico que inaugurou este modo de ser foi a Revista Playboy. A forma de vida de um playboy é antes de tudo uma apropriação do espaço privado pelos homens com e para seu prazer. 

Por assim dizer, um retorno a vida doméstica. Enquanto as mulheres passaram a desejar o espaço público deixando de serem domésticas e domesticadas, muitos homens que estiveram na linha de frente do combate corpo a corpo, durante as grandes guerras mundiais, desajustados socialmente, descobriram que poderiam ser felizes sozinhos, ao lado de uma lareira, com seu cachimbo ou charuto, acompanhado de uma dose de Whiskey Bourbon e belas mulheres. Os sobrados e casarões cinzas, sóbrios, que encontramos na Arquitetura barroca em nossos Centros Históricos do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Bahia, etc, sempre foram, desde os antigos, lugar de recolhimento, escapismo do combate e luta da sobrevivência, empreendidas por homens, duramente preservadas pelo instinto feminino. No entanto, os grandes casarões e sobrados foram abandonados à própria sorte e se proliferou as grandes casas iluminadas, com o predomínio da cor branca, com suas churrasqueiras e piscinas, deixando de lado a cor amarela das antigas lâmpadas que imitavam à vela e que produziam um jogo de luz entre o claro e escuro, sagrado e profano. E tudo se tornou midiático, exposto, profanizado, desde as festas em torno da piscina, os coquetéis e doses de GIN preparados com expertise pelo playboy, para ser servido a sua namorada ou suas diversas amantes.

Com as redes sociais a experiência se democratizou massivamente, desde um simples coquetel produzido por um barman mal pago no Parque da Redenção em Porto Alegre, em um bar irlandês, sem cerveja irlandesa, ao Pornochic Mulligan no bairro Moinhos de Vento, em um minisshopping que fecha as 23 horas. Longe de ser um pub que expulsa seus clientes as 6 horas de uma manhã cinza de inverno. Mas tudo é exposto, apresentado, profanizado como se fosse o Bar Escaler, lendário nos anos 1980 em Porto Alegre.  A vida de um playboy consiste na apropriação de seu cafofo, latrina, esconderijo, senzala, um lugar onde ele é guardado, privacidade sagrada. Porém, o erro cometido pelo playboy é ter transformado essa experiência estética e seu ethos em uma experiência massificadora, pornificando, dessacralizando o tecido social. Ela é e deveria ser um modo de ser aristocrático. A banalização de seu estilo de vida acabou por anunciar sua própria destruição.

*Wellington Lima Amorim é filósofo e pornógrafo!

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