O então vice-prefeito era responsável por receber a propina por ambos e fazer a divisão
PARCERIA
A investigação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) sobre as fraudes a licitações feitas pelo grupo Serrana e prefeitos do Planalto Norte Catarinense levou a descobertas, inclusive, sobre a Operação Et Pater Filium, que em uma de suas vertentes apura o suposto pagamento de propina pelo Transportes e Fretamentos Santa Cruz a prefeitos da região.
A investigação aponta que o ex-prefeito de Canoinhas, Beto Passos, e seu vice, Renato Pike, dividiam as propinas dos dois esquemas periodicamente. Para o Ministério Público (MP), Passos e Pike teriam um acordo no qual o vice seria o responsável por ir até o pagador da propina e receber o dinheiro vivo. Depois que já estava com os dois volumes, Pike escolhia quem ficaria com cada valor.
Por vezes Pike escolhia ficar com a propina da Serrana e entregava a do Santa Cruz para Passos e, em outras ocasiões, ocorria o contrário. Os investigadores apontam, porém, que algum desentendimento ocorria entre os políticos, pois Pike teria afirmado em algumas ocasiões que precisava ficar com mais propina pois o prefeito já teria recebido muito dinheiro.
O LOCAL DO REPASSE
Passos e Pike não tinham local e hora exata para que fizessem a divisão do dinheiro. Um relatório do Ministério Público indica que em algumas ocasiões, Pike levava a propina até sua empresa, a Brasil Veículos, para fazer o repasse. Em outras ocasiões o vice ia até a casa do prefeito ou, então, a entrega ocorria na prefeitura.
Em algumas ocasiões, Pike teria colocado o dinheiro dentro de um envelope sem identificação e, de 2020 a 2022, teria usado uma mochila preta na qual o dinheiro ficava organizado em maços, mas solto lá dentro.
COMPADRES
Um dos delatores ouvidos na Operação Mensageiro afirma que as licitações para coleta e transporte do lixo em Canoinhas não passavam de “um encontro de compadres”, pois não existia qualquer competição entre as empresas.
Nas palavras do delator, que não pode ser identificado para não prejudicar as investigações, as licitações eram “mera formalidade”, pois nenhum dos candidatos discordava do resultado que haveria: vitória da Serrana.
Para o delator ouvido pelo Ministério Público, os preços propostos por outras empresas que participavam da disputa eram combinados para não gerar entraves à vitória, sempre tida como certa, da Serrana.
CELA
Causou mal-estar a divulgação de imagens da cela onde está vice-prefeito de Tubarão, Caio Tokarski, que está preso desde fevereiro na operação Mensageiro. Os advogados solicitaram que ele fosse levado para uma unidade da Polícia Militar (PM-SC) em um espaço chamado de Sala do Estado-Maior por conta da formação dele, que é advogado.
No entanto, a corporação não disponibiliza mais estas salas, mesmo que, inicialmente, o comandante da PM em Tubarão tenha sinalizado no sentido contrário. Em decisão da desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer, relatora da Mensageiro no TJ-SC, ela negou o pedido da defesa do vice-prefeito, e ainda destacou que ele está recolhido em uma cela especial na Penitenciária de Itajaí. Dentro do espaço, entre outros itens, há televisão e ventilador, conforme descrito pela magistrada (veja imagens acima que estão em despacho judicial). As imagens foram divulgadas pelo jornalista Anderson Silva, da NSC.
CÍVICO-MILITARES
Na sessão ordinária da Assembleia Legislativa, desta quinta-feira, 9, o deputado Lucas Neves (Podemos) defendeu a estadualização do modelo de ensino de escolas cívico-militares.
O parlamentar anunciou que deve apresentar anteprojeto de lei para a Secretaria de Estado da Educação com a finalidade de ampliar esse tipo de unidade de ensino em Santa Catarina. A iniciativa teve apoio dos parlamentares Jessé Lopes (PL) e Carlos Humberto (PL).
