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Ouça: Passos revela como iniciou esquema de propina com Coletivo Santa Cruz

Imagem:Arquivo

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Ele disse que dividia pelo menos R$ 23 mil por mês com Renato Pike

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Em outro trecho de sua colaboração premiada assinada com o Ministério Público (MPSC), o ex-prefeito de Canoinhas, Beto Passos, detalhou como entrou no esquema que envolvia a Transportes e Fretamentos Santa Cruz, mesma empresa do Coletivo Santa Cruz.

“Fui convidado para uma reunião na casa do senhor Miguelangelo Hiera (responsável por uma das delações que levaram Beto e Renato Pike à cadeia) antes de assumirmos o Município de Canoinhas. Lá estava o senhor Wilson Dams e Rodrigo Dams (pai e filho proprietários do Santa Cruz, também presos na sétima fase da Operação Et Pater Filium)”, conta. Beto diz que os Dams e Hiera (proprietários da Viagens Vida Amiga) teriam entrado em um acordo para dividir as linhas do transporte escolar e que, “a partir desse acordo, eu e o vice-prefeito Renato Pike teríamos uma parcela de propina paga mensalmente por parte da empresa Transportes e Coletivos”.

Sobre o valor, Passos disse que seriam 10% da fatura menos os impostos e em um outro momento esse valor baixou para 7% menos os impostos. Mas ficou acertado que essa propina seria mensal. Passos frisa que o pagamento não seria para a campanha, mas seria “propina mesmo, pago mensalmente a partir do recebimento da empresa pela prefeitura”. Essa frase desmonta a argumentação da defesa de Pike que tenta anular o processo na esfera criminal e direcioná-lo para a Justiça Eleitoral.

“No início, nos primeiros meses, me recordo que em um mês o sr Rodrigo Dams entregou uma pasta diretamente a mim, algo em torno de R$ 22 mil. Nos demais, o vice-prefeito Renato Pike recebia os valores e, na maioria das vezes, me passava a metade”, relata, destacando que a partir de determinado momento somente Pike recebia a propina.

“Me recordo que estava no Sossego, próximo ao Cemitério Municipal e o Rodrigo me ligou perguntando onde eu estava, então me levou um envelope e não disse o que tinha lá. Depois verifiquei que tinha ali em torno de R$ 22 mil, R$ 24 mil”, contou.

Para receber sua parte da propina, Beto conta que às vezes Pike o chamava na Brasil Veículos, às vezes na prefeitura ou na sua casa. “Acredito que recebi, na maioria dos meses, mas não com a mesma frequência. Às vezes o Pike ficava com o dinheiro, me engrupia, e não me repassava”, conta.

O ex-prefeito afirma que “nunca me meti em licitações, nunca mandei direcionar. Isso nunca aconteceu, sempre o vice-prefeito Renato Pike… No primeiro ano de governo ele foi o secretário de Administração, ele tinha uma equipe que trabalhava com ele e facilitava organizar essa questão. Aí ele dava o famoso 30% de adicional para a equipe ajudá-lo.”

O ex-prefeito disse que sabia que estavam passando ele para trás, mas que não tinha coragem de cobrar com medo que alguém o gravasse.

“Pike sempre disse que o pagamento era para ele, que ele não confiava em ninguém para pegar o dinheiro. Segundo ele, era isso aí. Talvez, na questão da licitação, o Diogo possa ter contribuído”, respondeu ao ser questionado sobre a participação do ex-secretário de Administração, Diogo Seidel, no esquema.

Instado a mensurar o valor total que recebeu do Santa Cruz, Passos disse que “infelizmente, eu não consigo”, mas que ficava em torno de R$ 22 mil mensais divididos entre ele e Pike. Segundo Passos, o esquema não funcionou na pandemia porque foram suspensas as aulas e, automaticamente, o serviço de transporte.

Os pagamentos por parte do coletivo, diz Passos, começaram no início de 2017. “Fui pouco caprichoso na questão de conferir os contratos, eu não sabia se o que me vendiam como verdade era verdadeiro”, garante.

Ouça o áudio da delação no player acima.

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