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Os pré-candidatos a prefeito de Canoinhas e os desafios na busca por apoio

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Sem ninguém disposto a fazer concessões, cada uma optou por lançar candidatura própria

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No último texto publicado nesta coluna, fiz uma primeira leitura do cenário eleitoral que começou a se estabelecer em Canoinhas a partir do anúncio das eleições extraordinárias para prefeito e vice decorrentes da operação Et pater filium, que prendeu os anteriores, deixando vaga a cadeira do executivo municipal. Tal leitura foi feita levando em conta os três nomes mais cotados até aquele momento para o cargo – o do atual prefeito em exercício, Willian Godoy, o da vereadora da oposição, Juliana Maciel, e o do advogado Ivan Krauss. No entanto, ao final daquele texto, sinalizei que análises políticas podiam perder validade em questão de segundos a partir de um elemento novo que entrasse na jogada. Com efeito, foi precisamente o que aconteceu depois da publicação daquele escrito, com o aparecimento de novos nomes e informações que foram mudando consideravelmente o primeiro quadro apresentado. Examinar essas novidades e o que elas podem representar no cenário eleitoral é o que pretendo no texto de hoje.

A começar pela notícia do “racha” que teria atingido os quatro membros da oposição. Como falei na coluna passada, o cenário dos sonhos para esta última (a oposição) seria Juliana Maciel na cabeça de chapa e Zenilda Lemos como vice. Contudo, não foi dessa forma que pensaram as lideranças partidárias, que, incapazes de fazer uma leitura mais atenta da conjuntura, optaram por trocar o certo pelo duvidoso em função de seus próprios projetos de poder. Sem ninguém disposto a fazer concessões, cada uma optou por lançar candidatura própria. Somado a isso, surgiu a informação de que Marcos Homer também estaria disposto a entrar na disputa.

Houve quem visse nessa rachadura uma possível derrocada do quarteto, já que que os votos de oposição se fragmentariam entre diversas candidaturas, fazendo com que aquela mesma configuração de 2020, na qual Norma Pereira e Ivan Krauss dividiram os votos dos oposicionistas do governo Passos, se repetisse, só que agora, de maneira muito mais elevada. Teria tudo para ser assim, não fosse a manobra executada por Juliana Maciel durante o final de semana de negociar com Ivan Krauss (até então com candidatura própria) a posição de vice-prefeito. Tal manobra, se realmente efetivada, unificaria os votos das duas figuras de oposição mais populares do munícipio. Juliana, em função da fiscalização que fez com os demais membros do grupo no segundo mandato de Beto Passos e Renato Pike, e Ivan Kraus em função do bolsonarismo que é amplamente consolidado na cidade.

Some-se a isso ainda, a opção do MDB pelo lançamento de Wilson Pereira como candidato a prefeito da sigla, retirando, desse modo, Zenilda Lemos da corrida eleitoral. Esta saída de Zenilda favorece Juliana, que certamente verá os votos da colega sendo transferidos para si. O mesmo deve se dar se Marcos Homer desistir, hipótese que é hoje muito provável. Se assim se der o correr dos acontecimentos, Juliana Maciel tende a ver sua candidatura se fortalecer novamente. É certo que ela terá de disputar votos com o já mencionado Wilson Pereira, no entanto, esta tarefa torna-se consideravelmente mais fácil do que se tivesse que fazê-lo com seus colegas de bancada ou com Ivan Krauss. Em verdade, quem terá dificuldade nestas circunstâncias é o próprio Pereira, que precisará trabalhar dobrado se quiser colar em si o rótulo de “candidatura de oposição”, sobretudo, num contexto em que a palavra oposição adquiriu, goste-se ou não, um novo significado com a chegada de Juliana, Homer, Tati e Zenilda a vereança.

De qualquer forma, os desafios de Juliana Maciel continuam a ser os mesmos elencados no texto da coluna passada: a criação de um projeto inovador para apenas dois anos de mandato (frente a uma base governista que passará a ser oposição em caso de vitória) e a chegada em espaços nos quais não conta com grande popularidade, como as regiões do interior.

Outra novidade digna de menção foi o aparecimento de um nome pouco esperado na disputa, mas com grande potencial de causar reviravoltas no xadrez político de Canoinhas, a saber, Gil Baiano, que deve concorrer pelo PL. O atual presidente da Câmara de Vereadores é popular e conta com uma boa base eleitoral justamente naquele terreno em que Juliana Maciel mais possui dificuldades, e que, por diversas vezes, se mostrou um terreno decisivo nas eleições municipais: o interior de Canoinhas. Não à toa, Gil está no quarto mandato seguido como vereador, se elegendo prioritariamente com votos destas áreas. Tal popularidade nas áreas rurais do município se explica pelo conhecido trabalho de transporte de indivíduos doentes e/ou em tratamento destes meios, para hospitais e clínicas de grandes centros urbanos, como Curitiba e Joinville. Essa influência no interior tem forte possibilidade de torná-lo herdeiro dos votos que Beto Passos possuía para prefeito em tais localidades.

Por falar em Beto Passos, Gil Baiano, apesar de ter sido um importante aliado do ex-prefeito, diferentemente de Willian Godoy, sofreu bem menos com os respingos da operação Et pater filium sobre a sua figura. Isso se explica a partir de dois motivos: o primeiro é que Baiano, ao contrário de Godoy, nunca propôs para si mesmo a imagem de “nova política”; o segundo, se deve ao fato de que sua atuação pró-governo sempre se deu de modo discreto, enquanto que Godoy optava por defesas enfáticas das demandas de Passos na Câmara. O modo discreto de agir em consonância com alguns lapsos de independência que teve (como quando votou em favor dos professores, no embate que estes tiveram com Passos e Pike em fevereiro) certamente lhe favorecem agora.

Todavia, Gil Baiano, assim como ocorre com todos os demais candidatos, também tem desafios a serem superados caso deseje a cadeira do executivo municipal. Um destes consiste no mesmo desafio de Juliana, só que de modo inverso – enquanto ela precisa conquistar espaço no meio rural, ele precisa fazer o mesmo no meio urbano, onde sua popularidade é menor. Além disso, uma de suas maiores dificuldades se vier a entrar no jogo, estará na apresentação de projetos e resultados efetivos de seus quatro mandatos como vereador, já que como ele próprio assumiu em uma das sessões da Câmara de Vereadores do ano passado, em quase 20 anos de vereança nunca apresentou um projeto de lei sequer, complementando  em seguida que alguma coisa haveria de ter feito para reconhecerem seu trabalho. A ver qual será essa “coisa” apresentada, bem como o projeto (que agora inegavelmente terá que construir) que vai oferecer ao munícipio.

Por fim, cabe citar o PT, que também deve lançar algum de seus correligionários como candidato, tentando aproveitar o momento favorável que o partido vivencia a nível nacional com a candidatura do ex-presidente Lula. Apesar de ser uma iniciativa interessante e notável, principalmente no sentido de criar uma alternativa aos candidatos de centro-direita que comumente imperam no município, tal alternativa deve contar com poucas chances de vingar de fato. Isso se explica em função do alto grau de rejeição que o Partido dos Trabalhadores possui entre a população canoinhense. Exemplo da força desse antipetismo é o próprio Beto Passos, que um dia pertenceu a tal sigla e só conseguiu alcançar a prefeitura quando a abandonou e passou para outra de centro-direita (sendo associado ainda hoje por muitos de seus opositores a primeira sigla). Dessa forma, por melhor e mais qualificado que seja o nome que venha a ser apresentado pelo comitê local, ele deve encontrar nas letras do próprio partido (e na rejeição quase automática a este) o maior de seus desafios.

***

Evidentemente, mais uma vez o que se tenta fazer aqui com tal leitura é dar uma fotografia do momento. Sendo assim, cabe ressaltar novamente a indicação dada no último texto desta coluna: a análise feita hoje pode se desfazer em segundos no dia de amanhã. A bem da verdade, eu iria um pouco além:  em se tratando de política, tudo pode mudar num piscar de olhos.

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