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O divórcio unilateral no governo de Santa Catarina

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Se aceitasse assumir o cargo, para que Moisés se dedicasse a campanha a reeleição, Daniela ficaria inelegível à Câmara

Lembram-se que eu afirmei que a política catarinense é uma caixinha de surpresas? Pois bem, nessa semana tivemos mais um desdobramento na sucessão da Casa D’Agronômica.

O movimento de agora envolveu três personagens específicos: Carlos Moisés (Republicanos), Daniela Reinehr (PL) e o MDB, todos eles na busca pelo poder de Santa Catarina. É claro que, para todos nós, a relação entre governador e a sua vice nunca foi das melhores, tanto que ela foi construída nos 45 do segundo tempo na eleição de 2018.

Essa situação vivida no último pleito eleitoral é muito específica, pois mostra que Daniela não foi feita para Moisés, assim como Temer (MDB) não era para Dilma (PT). O casamento entre os dois fora arranjado faltando poucos dias para a data final do registro da chapa junto ao TRE-SC. Daniela na época era pré-candidata a deputada estadual pelo antigo PSL, já Moisés era tesoureiro do mesmo partido.

Nascido do ventre bolsonarista que dominou as eleições de 2018, a chapa Moisés-Reinehr, que já não tinha liga desde a pré-campanha, foi-se desfazendo a cada novo dia. Dois pontos, é claro, chamaram a atenção nesses 4 anos de governo, e explicam a situação.

O primeiro foi o afastamento por completo de Moisés de Bolsonaro e das ideias bolsonaristas. Hoje o candidato a reeleição está mais para um candidato de centro político, do que de extrema direita como se viu nas eleições passadas. Enquanto isso, nas campanhas da hoje candidata a deputada estadual, Daniela Reinehr, segue-se a fio a construção de que ela é a representante dos ideais bolsonaristas, do Estado que mais deu votos a Jair Bolsonaro (PL), agora na disputa por uma cadeira no Congresso.

Já o segundo ponto foram os dois processos de impeachment que afastaram Moisés do cargo, levando a então vice a assumir o comando de Santa Catarina. Naquele instante coube a Daniela o papel que um dia já foi de Temer, porém mesmo que assim desejasse a vice-governadora resumiu-se a seguir os protocolos. É claro que ela apontou inúmeras situações, trocou chefias, tentou dar uma cara ao seu governo provisório, porém faltou a ela duas coisas que Temer teve de sobra: expertise e jogo político.

Porém, vamos avançar e chegar até as eleições de 2022 e a consumação do divórcio, que pelo lado de Daniela mereceu inclusive uma Nota de Esclarecimento. Precisamos lembrar apenas de alguns pontos. Daniela hoje segue a linha bolsonarista e é candidata a deputada federal pelo PL, Carlos Moisés hoje no Republicanos busca a reeleição caminhando junto com o MDB, partido do presidente da Alesc, Moacir Sopelsa que agora é o governador interino.

Na quarta-feira, 31, quem acompanha as redes sociais da vice-governadora foi surpreendido com uma nota de esclarecimento em formato de vídeo onde Daniela trouxe o seu ponto de vista sobre a sucessão da cadeira do governo de Santa Catarina no período eleitoral. Ela afirmou que foi surpreendida, em plena viagem de campanha eleitoral pela região oeste do Estado, de que precisava estar na capital no mesmo dia para assinar as documentações de sucessão no poder.

Se aceitasse assumir o cargo, para que Moisés se dedicasse a campanha a reeleição, Daniela ficaria inelegível à Câmara. Se não aceitasse Sopelsa como governador interino, faria com que Moisés voltasse ao cargo e ela ficasse sem a possibilidade de ser interina e sem a candidatura. À Daniela restou aceitar o jogo de cartas marcadas construído por Moisés, encerrando assim a união que nunca existiu.

Agora é preciso olhar também o lado de Carlos Moisés. Com essa jogada, o candidato a reeleição buscou alinhar e terminar a pavimentação da ligação entre ele e o MDB. O partido que já governou o Estado e que nas últimas eleições ficou fora do segundo turno, hoje encontra-se muito bem posicionado dentro da campanha.

Desta vez, pelo menos por enquanto, a construção da chapa anda sendo realizada nos mesmo moldes do que sempre foi a política catarinense. O MDB, é claro, busca novamente o seu espaço, e com Moisés já conseguiu  os candidatos a vice e ao Senado e agora o governo interino.

Porém, é importante citar duas coisas. Diferente de Daniela, que recebeu por parte de Moisés o cargo de vice-governadora decorativa, o MDB dificilmente aceitará tal alcunha, levando isso para a observação de que em 2026, o partido que já teve em suas cadeiras políticos como Luiz Henrique da Silveira, deverá buscar novamente o comando do Centro Administrativo e da Casa D’Agronômica.