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Krautler foi o prefeito da transição de um passado analógico para a era da informatização

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Foi durante seu mandato que foi implantada a Lei de Responsabilidade Fiscal

LEGADO

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COLUNA DE DOMINGO Imagine que até o ano 2000 o prefeito que deixasse o cargo poderia deixar quanto de dívida bem entendesse para seu sucessor que nada demais aconteceria com ele. A aprovação e implantação da lei de Responsabilidade Fiscal, hoje flexibilizada, foi considerado um dos maiores avanços civilizatórios da história política do País. Orlando Krautler sentiu os dissabores do antes e depois da lei. Em 1997 assumiu a prefeitura de Canoinhas com uma dívida de quase metade de uma arrecadação anual. Teve de quitar. Em 2004, ao concluir seu segundo mandato, teve de deixar as contas em dia para Leoberto Weinert (MDB). “E aí fica aquela história do ‘se’. Se eu não tivesse pago a dívida, quanta coisa eu teria feito… Mas isso não pode mais ser assim. Eu não estou reclamando de ter sido o prefeito desse processo, alguém tinha que fazer isso”, disse Krautler em entrevista a este colunista em 2004, quando eu era repórter do jornal Correio do Norte.

Isso faz pensar sobre os avanços de Weinert, especialmente na pavimentação de ruas. Será que se a prefeitura tivesse uma dívida milionária ele conseguiria avançar? Fato é que Weinert pegou a prefeitura fazendo um remake do que fez Krautler em 1997. Chamou a imprensa para mostrar que a Secretaria de Obras estava sucatada e fez uma força tarefa para tentar recuperar as estradas, em situação tão penosa quanto estão hoje. Aliás, cabe lembrar que nunca estiveram 100%, a não ser em longos períodos de seca, como teve a sorte de pegar o ex-prefeito Beto Passos. Em Canoinhas, choveu água, choveu reclamações de estrada, isso é fato.

Para resolver a questão do funcionalismo, Krautler fez concurso e inscreveu os servidores no Regime Geral da Previdência, medida que hoje se mostra sensata diante do aparente erro que foi criar um regime próprio de Previdência. “Esse é um trabalho que precisava ser feito, porque chegaria um momento que não daria mais. Chegaria um momento que pagaríamos mais funcionários aposentados do que ativos”, previu Krautler.

Na Educação, o ex-prefeito se orgulhava de dizer que havia inaugurado uma sala de aula por mês. A pasta da assistência social teve um avanço significativo. “Criamos uma rede social até então não existente”, dizia Krautler, se queixando do Governo do Estado que, segundo ele, não chegou a repassar R$ 100 mil por ano de gestão para além das verbas compulsórias.

Para viabilizar mais pavimentações conseguiu um crédito de R$ 2,85 milhões junto ao Badesc, dinheiro que foi liberado para a gestão seguinte, para fazer o término da pavimentação da rua Adão Tyszka, da Henrique Sorg e da Otto Friedrich para fazer o anel com a Roberto Elke, além de mais um trecho da Bernardo Olsen, e a última etapa da avenida Rubens Ribeiro da Silva. “Podem me chamar de burro por ter deixado dinheiro para o próximo prefeito, mas pensei na cidade”, dizia.

O incentivo de Krautler aos grupos de terceira idade fez essas associações se tornarem muito fortes durante seus governos, o que se manteve anos depois até que hoje se tornaram apenas um arremedo do que foram no seu governo.

Em entrevista recente ao JMais, Krautler fez uma reflexão muito pertinente sobre a depressão econômica da região. “Existe culpado, não existe, mas precisamos fazer alguma coisa”, disse ao lembrar que ainda hoje sofremos os efeitos da Guerra do Contestado. “Não se fazia nada, não se fazia estradas, não se fazia escolas, ninguém sabia de quem era isso aqui. Só em 1917 que se fez o acordo de limites”. De fato, as ligações asfálticas entre Porto União e Canoinhas e de Canoinhas a Mafra só vieram nos anos 1980.

De modo geral, Krautler foi o prefeito da transição entre uma política mais caseira, menos fiscalizada e controlada para a era da informatização, com dispositivos criados – começando pela Lei de Responsabilidade Fiscal – para fiscalizar e conter prefeitos. Não foi pouca coisa.

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