Fotos de veículos do Gaeco acompanhando ônibus do Coletivo Santa Cruz se espalharam em grupos de WhatsApp
O VAZAMENTO
As diligências de campo relacionadas ao transporte escolar sob investigação da Et Pater Filium tinham o objetivo de apurar todas as 34 linhas licitadas pelo município, aferindo a condição dos veículos, idade, trajetos e, especialmente, comprovar os desvios e suposto sobrepreço das quilometragens, fato gerador das propinas pagas aos investigados, na visão do Ministério Público (MPSC). Esse trabalho, porém, não foi possível ser concluído.
“Contudo, não foi possível concluir os trabalhos em razão do possível monitoramento das viaturas descaracterizadas do Gaeco, as quais foram fotografadas e disseminadas nos grupos de WhatsApp da polícia local”, diz o MPSC.
Para os investigadores, este fato é extremamente grave por ter gerado a “urgente necessidade de suspender as diligências em andamento e literalmente esconder as viaturas do Gaeco na sede do Ministério Público da cidade vizinha de Papanduva até que fosse possível a retirada segura das equipes e deslocamento para a cidade de Lages”. A imagem que ilustra a coluna de hoje, de uma viatura descaracterizada do Gaeco, foi uma das que circulou em grupos de WhatsApp.
“Importante ressaltar que não só as diligências do transporte escolar restaram prejudicadas, mas também os atos de investigação relacionados à evolução patrimonial dos investigados Renato (Pike) e Gilberto (Passos), sobretudo porque dependem da realização de monitoramentos, levantamentos fotográficos, técnicas de entrevista e outros métodos de obtenção da prova que se tornaram impossíveis de se realizar na Comarca enquanto perdurar a suposta influência dos investigados”, anota o MPSC.
COLETIVO
Um levantamento feito pelo Gaeco conclui que nenhum dos ônibus do Coletivo Santa Cruz observados e registrados nas diligências efetuadas nas localidades interioranas atendem a exigência de idade do edital, situação relatada pelos colaboradores. “Importante informar, ainda, à primeira vista, que os ônibus estão em boas condições. Porém, ao verificar suas idades (um deles com mais de 30 anos), as condições das estradas e a quantidade de pessoas transportados por dia, notadamente crianças e adolescentes, faz-se presumir estarem colocando em risco a saúde, a integridade corporal e até a vida daqueles que dependem desse serviço”, diz relatório do Gaeco entregue ao Ministério Público e que embasou, entre outros documentos, as prisões deflagradas na sétima fase da Et Pater Filium.
CORONEL
Uma denúncia que chegou ao Ministério Público em maio do ano passado dava conta de uma linha do transporte escolar que ligaria as localidades de Rio d’Areia de Baixo e Valinhos com problemas por causa de porteiras instaladas por um morador que se dizia dono da área por onde o coletivo passava para apanhar alunos da rede municipal.
Antes de procurarem o MPSC, moradores e pais de alunos buscaram a prefeitura e, segundo eles, ouviram que o homem que tinha imposto as porteiras era amigo do vice-prefeito Renato Pike e que, “era mais fácil tirar a linha do ônibus para não houvesse mais incomodações”. Nenhum dos denunciantes se identificou nem falou quem teria dado o recado na prefeitura.
VANDALISMO
Dois anos depois de passarem por uma reforma, os banheiros da Escola José Groskopf foram alvo de vandalismo na semana passada. A Associação de Pais e Professores (APP) usaria o dinheiro arrecadado com a rifa de páscoa para trocar as cortinas das salas de aula, mas terá, agora, de reformar os banheiros.
SEGREDOS DA SAUNA
Um dos locais que Renato Pike mais usava para fazer contatos com comparsas, segundo os colaboradores da Et Pater Filium, era uma sauna da cidade. As conversas nada republicanas se davam no vestiário ou no estacionamento.
NA PAUTA
O pedido de habeas corpus impetrado pelos advogados de Beto Passos (PSD) no Superior Tribunal de Justiça (STJ) caiu nas mãos da ministra Laurita Vaz, tida como uma das mais duras do colegiado. A expectativa é de que ela emita relatório até esta terça, 26.
