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E assim se passaram 10 anos…

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Colunista completa uma década escrevendo mais de 500 textos para o JMais

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Segundo a segundo, mudanças em nossa vida. Mudanças no clima, nas fronteiras entre países, na moda, de nosso vestuário, de nosso cardápio diário e até de nossos conceitos.

Foi em um momento de drástica mudança em minha vida que resolvi retornar ao mundo encantado de meus rabiscos.

Faziam-me falta. E o tempo a eles reservado era escasso, para não dizer inexistente.

Enredada em atividades administrativas, o meu escrever limitava-se a enfadonhos relatórios, ofícios, circulares e esta gama toda que envolve um nada poético mundo.

Raramente, em horas azuis, alguns rabiscos pelas gavetas ficavam escondidos.

Foi então que um impetuoso furacão desabou sobre mim. Eu fora, literalmente, defenestrada de um espaço e de um serviço que eu amava.

A chaga aberta em meu peito prolongava-se por longos e negros dias. Um vazio invadiu o meu mundo. Não encontrava afazeres outros. Atender os pacientes em meu consultório tornou-se o ativo néctar em minha vida. Mas aquele vazio, aquele vácuo lá continuava.

Não foram meses, foram anos, mais de uma década a transformar um sonho em realidade. O sonho de congregar em algo nosso, apenas nosso, os resultados dos trabalhos de um grupo.

Mas assim como correm os segundos, corem os dias. Gente nova aparece nos escaninhos de nossa vida. Sem avaliar as conquistas — até sangrentas— de um recente passado, neófitos recém-chegados — pouco habituados a funções e encargos que dali por diante geririam—, acharam por bem diminuir despesas sem olhar benesses.

Os segundos continuaram a correr. Participava dos congressos, jornadas e cursos de minha nova especialidade, a hoje denominada Acupunturologia.

E então o Edinei Wassoaski e seu JMais apareceram em minha vida.

Há dez anos meu mundo mudou.

Foram 520 colunas, entre contos, crônicas e textos outros.

Como resultado, oito livros publicados. Um sonho acalentado há umas seis décadas.

Porque desde criança a minha paixão foi escrever. Outro dia descobri um texto meu publicado no jornal Correio do Norte, em 1948, quando eu tinha 14 anos de idade.

E foi também naqueles idos anos de 2014 que formamos a nossa Academia de Letras do Brasil – Canoinhas.

Não sei se por haver lido minhas poucas colunas no JMais que Miriam Iarrochesli Murakami convidou-me, já em fevereiro de 2014, para dela fazer parte.

E esta foi a minha primeira coluna no jornal virtual JMais que o Edinei denominou de

[“Apresentação

Houve um tempo em que o escrever, para mim, era o colírio da alma. Havia até o horário do encantamento. E era sempre no silêncio das calmas noites da minha aldeia.

E esse tempo foi ficando na distância porque outro encantamento que mais sobressaia estava sobrenadando e fez com que meus rabiscos ocupassem apenas o plano principal que norteava minha vida. Minha mente precisava estar ativa e condicionada às minhas atividades quotidianas.

Sempre gostei de estar envolta por pessoas ligadas às letras, ligadas às artes. Em meu tempo de estudante de Medicina o apaziguamento de minha mente eu encontrava escrevendo para um jornal de Curitiba e no contato com um heterogêneo grupo que em todas as tardes se reunia em uma galeria de arte.

A galeria ficava bem na esquina de onde eu morava e a dois passos da Policlínica da nossa Faculdade onde aconteciam as magistrais aulas teóricas.

Lançamento da coluna de Adair (C) no JMais em 28 de janeiro de 2014/Arquivo

Esquecer as mazelas e as dores encontradas dentro dos hospitais, necessário era. E naquele grupo formado por escritores, jornalistas, fotógrafos, artistas plásticos, músicos, arquitetos e outros mais aficionados pelas artes tudo era assunto, menos as angústias por onde eu passava o dia.

Um grupo que reunia a fina flor da boemia intelectual de uma época, como, jocosamente, nós nos denominávamos.

Imprescindível era conviver-se com este outro lado da vida, transpor o portal que separa o mundo real, o mundo sofrido do lado de cá do mundo fantástico do lado de lá. O atravessar a tênue linha deste imaginário portal sempre foi a melhor terapia que minh’alma encontrou para equilibrar o meu caos interior.

Foi um intervalo muito longo o intervalo em que longe das letras eu fiquei. Mas eu vislumbrava aquela luzinha, ao longe, sempre a brilhar, sempre a me convocar.

O escrever essas coisas abstratas que nascem lá no âmago da gente sempre me fez falta.

E agora estou aqui, no meu canto encantado, ouvindo melodias que fazem meu espírito transmutar-se e peregrinar para outras esferas.

Estou aqui a escrever a fim de ocupar um pequeno espaço virtual e encontrar o ânimo de vocês todos no aguardo de algo genial.

Genial, talvez, jamais seria.

Mas a alegria de estar aqui e dizer o quanto eu perambulei pelo espaço sideral após o convite do Edinei Wassoavski para ser colunista do JMais.

A liberdade de escrever o que mais me tocasse fundo no momento foi a tônica principal para o aceite.

Saber que não precisarei me ater a rígidas regras de um assunto e suas variações em torno de um mesmo tema.

Saber que não precisarei procurar tratados científicos específicos para colocar os meus ladrilhos nessas paredes.

Saber que hoje apenas faço esta minha apresentação e amanhã ou depois ou depois ainda poderei falar, ou de espinhos, ou de flores.

De nada mais eu preciso porque sei que agora retorno ao meu ninho antigo, ao meu aconchego. Aqui aguardarei vocês para o aleatório brinde das tardes veraneiras, depois outonais e depois ainda nas frias de inverno, no desabrochar da primavera e no calor de muitos verões que continuam por vir.

E termino deixando para vocês um pedaço de um poema que Isis Maria Baukat, poetisa canoinhense, escreveu em 1983:

“Esta coluna pretende ser lareira para os invernos de todas as estações… e queria ser marinha-brisa para os verões que queimam além de sua justa duração. ” ]

Obrigada, Edinei!

Obrigada, JMais!

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