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Delator da Mensageiro em Três Barras, ex-vereador fala em ‘planilha 2’ para ‘fazer dinheiro’

Imagem:Arquivo

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Edenilson Engel conta que este era o modo mais rápido de desviar recursos

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O ex-vereador Edenilson Enguel prestou depoimento na tarde desta terça-feira, 5, na fase Três Barras da Operação Mensageiro. Ele citou a existência de uma “planilha 2”, um esquema que visava a contratação emergencial de serviços que, ao fim e ao cabo, serviria para superfaturar e, nas palavras do vereador, “fazer dinheiro”. Este esquema, segundo Enguel, era prática comum de outro acusado, o ex-presidente do Serviço Autônomo de Água e Saneamento (Samasa) de Três Barras, Ernani Wogeinaki.

O ex-vereador diz que teve um primeiro contato com a Serrana quando foi buscar um apoio financeiro para a campanha. “Pedi ajuda de campanha para o sr Joel, da Serrana. Porém, depois ele disse que os Ernanis já tinham rapado o que tinha, ‘mais pra frente talvez eu consiga alguma coisa’, ele me disse”, conta Enguel em referência a Ernani Wogeinaki pai e filho. Ernani pai é réu da Mensageiro. Já Junior, atualmente vereador, foi arrolado como testemunha.

“Consegui, mais tarde, R$ 3 mil para jogo de uniforme para time de futebol. Foi primeira vez que ele (sócio da Serrana) me ajudou. Passado um tempo ele pediu para eu voltar lá, aí comentou que ele precisava de um reequilíbrio financeiro, que era um direito da empresa, mas que o prefeito não queria liberar. Aí falei com o prefeito, que ficou de ver a possibilidade. Eles queriam 6% de reajuste. Passado um tempo eu voltei lá de novo, e o prefeito disse que era para eles entrarem na Justiça (pleitear o reequilíbrio)”, contou.

“Passado um tempo, saiu o reequilíbrio. O filho do Ernani que comentou comigo. Me contaram que pra sair o reequilíbrio tiveram de acertar com o prefeito”, prosseguiu.

Depois, disso, contou Enguel, ele passou a receber valores sazonais da Serrana para defender os interesses da empresa junto à Câmara de Vereadores. “Peguei dinheiro deles duas vezes na SC-477, R$ 3 mil; duas vezes no Posto Mallon de Mafra – sempre valores de R$ 3 mil -, uma vez na rodoviária de Rio Negrinho e, chegou um tempo que me disseram que achavam que estavam sendo investigados, aí me pediram um tempo, aí falaram que me pagariam R$ 20 mil e parariam por aí porque estavam com medo”, relatou.

O ex-vereador disse ainda que em Três Barras é preciso ajudar os eleitores se quiser ser eleito. Para isso, é necessário dinheiro. “Nasci em uma família muito pobre, na época de campanha os pedidos acontecem, quem dizer que não tá mentindo”, afirmou.

Enguel disse, ainda, que Shimoguiri tinha pouca ingerência sobre o Samasa quando Wogeinaki era o presidente. Ao nomear a ex-esposa de Enguel para o cargo, a ideia era “retomar as rédeas” do Serviço.

PLANILHA 2

A planilha 2, agora exposta por Enguel, havia sido citada de outra maneira pelo Ministério Público na denúncia. “De maneira apartada da contabilidade empresarial formal (em que ‘esquentados’ os valores em falsas despesas), havia o registro desse caixa oculto das propinas, cujo valor era extraído dos contratos, no que se utilizava essencialmente de pelo menos três arquivos digitais distintos, criados para fim de controle: a) Planilhas ‘MD’ em que deveriam constar os valores e divisões das propinas a serem pagas, grosso modo, um levantamento de quanto, como e para quem a Serrana deveria pagar a propina; b) ‘Plan Municípios’ em que deveria constar efetivamente o quanto pago de propina; e, c) Planilha ‘Notas e ano’ em que anotadas as notas fiscais falsas ‘frias’ e o rateio dos valores dentro da contabilidade empresarial.”

A planilha 2, segundo Enguel, era usada até mesmo para demitir servidores. Se a Serrana não tivesse interesse em demitir alguém que o Município quisesse, essa demissão, segundo Enguel, teria de ser feita pela planilha 2, ou seja, criava-se uma despesa fictícia com algum serviço qualquer para que então se usasse o dinheiro gerado com este serviço não prestado para pagar a rescisão.

Os depoimentos da fase Três Barras da Mensageiro seguem nesta quarta-feira, 6, com nove depoentes ligados à Serrana e a possibilidade de se iniciar o depoimento de Shimoguiri.

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