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Chefe da UPA diz que JMais publicou fake news ao ouvir paciente

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Tahiza Lech contradisse paciente que esperava há dois dias por atendimento

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A chefe da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Canoinhas, Tahiza Lech, postou nas suas redes sociais um print da postagem do JMais sobre uma reportagem em vídeo que mostrou o grande número de pacientes aguardando atendimento na UPA na tarde desta segunda-feira, 23, sob uma tarja na qual está escrito “Fake News”. Na reportagem, uma das entrevistadas, a dona de casa Terezinha de Jesus Pires Tavares, mãe de um paciente, conta que “desde sábado às 7 horas chegamos aqui e o médico disse que ele tinha de ser transferido com urgência para Blumenau ou Florianópolis. Hoje já é segunda-feira, ele está sem medicamento e não resolvem”, disse a mãe do paciente que aguardava o atendimento que poderia encaminhá-lo para um médico especialista. Durante a entrevista, o homem foi chamado. A reportagem não acompanhou se ele conseguiu a transferência.

A reportagem mostra, ainda, que havia pacientes aguardando atendimento há mais de sete horas. Tudo documentado em vídeo e áudio. Como de hábito, o repórter pediu uma resposta da assessoria de imprensa do Município, sem citar caso específico. A resposta que consta na reportagem diz que “a demora no atendimento clínico deve-se às emergências atendidas durante o dia trazidas pelas equipes de socorro. A prioridade e principal função da Unidade de Pronto Atendimento 24 horas é salvar vidas e por isso as equipes estavam trabalhando no atendimento de parada cardíaca, transferência e caso de infarto. Saliento ainda que hoje (23/5) também foi observado aumento na procura tanto nas unidades de saúde, quanto na UPA, de pessoas com sintomas respiratórios.”

Mesmo assim, Tahiza entrou em contato com a reportagem pelo Instagram afirmando que a reportagem era “inverídica”. Ela disse que não havia pacientes aguardando há dois dias por atendimento. Ao ser questionada se a entrevistada estava mentindo, Tahiza não respondeu, afirmando que “nossa equipe está incansavelmente trabalhando para atender a todos e, como na reportagem foi dito por uma paciente, hoje foi um dia muito intenso, de muitos atendimentos e muitas emergências. Estava lotado, fato este que dificultava o atendimento para as pessoas que aguardavam na recepção em busca de consulta”.

Prefeito em exercício, Willian Godoy (PSD) disse que o paciente foi, sim, atendido ainda no sábado, contudo, aguardava transferência enquanto seguia em observação. De fato, Terezinha diz que o filho foi atendido no sábado, mas aguardava desde então a transferência. O JMais apurou que o homem apenas tinha passado pela triagem no sábado, sem ter recebido atendimento médico. A triagem constatou que se tratava de caso de transferência e desde então ele aguardava o atendimento. A transferência depende do Sistema de Regulação (Sisreg) do Estado.


Embora o prefeito diga que o paciente estava em observação, a reportagem o encontrou sentado no gramado em frente à UPA. “A família passou uma informação equivocada, pois ele tinha sim recebido atendimento, mas não estava sendo transferido, porque os hospitais não o estavam aceitando. Tem demorado os atendimentos, mas não dois dias, me dói falar isso, mas em casos extremos até 10 horas, mas estamos trabalhando para isso acabar, e população vai ver nosso trabalho acontecer nos próximos dias”, complementou Godoy.



CONTRAPONTO

A assessoria de imprensa da prefeitura afirmou, em nota, que o paciente citado na reportagem recebeu atendimento médico no sábado à noite e aguardava a transferência desde então. Leia na íntegra:

“O paciente chegou à UPA 24h no sábado, dia 21, foi atendido por um médico às 19h24, e na UPA 24h permaneceu até a noite desta segunda-feira, dia 23, aguardando internação em hospital e não atendimento.

O homem foi atendido e acomodado na UPA (não estando restrito ao leito, podia circular). Recebeu medicação dentro dos protocolos de UPA.

O paciente necessitava de encaminhamento à alta complexidade em cirurgia vascular em Blumenau.

Desde que chegou à UPA, a equipe cadastrou o paciente no sistema que faz a regulação no Estado de Santa Catarina e é gerenciado pela Secretaria do Estado da Saúde.

O paciente chegou a ser aceito pelo hospital blumenauense, mas quando constatou-se que ele não havia recebido atendimento no Hospital Santa Cruz, a regulação do Estado solicitou a internação em Canoinhas, no hospital, antes da transferência.

O Hospital Santa Cruz não quis aceitar o paciente alegando não possuir estrutura para atender o caso, embora ainda esteja credenciado para tal finalidade.

A Secretaria de Saúde lamenta o fato de o Hospital Santa Cruz inicialmente não querer receber o paciente garantindo o mínimo necessário para que a situação não agravasse enquanto aguardava vaga em hospital referência.

Após várias tentativas da UPA e Secretaria Municipal de Saúde, o Samu encaminhou o paciente para o hospital Santa Cruz e este conseguiu encaminhamento para Joinville. O Hospital de Blumenau não aceita transferência de UPA, somente de hospital, por isso a necessidade de que o HSCC aceitasse.

O Hospital de Mafra está, desde 2017, tentando habilitação nesta área que ainda não foi aprovada pelo Ministério da Saúde. A habilitação resolveria esta situação que é um gargalo em todo Planalto Norte.

O HSCC vem tentando retirar do cadastro de estabelecimentos de saúde a especialidade de vascular, mas não foi descredenciada ainda.

A Secretaria de Saúde lamenta a espera e ressalta mais uma vez que o paciente foi atendido no sábado. Ele aguardava o internamento diante da negativa inicial do Hospital Santa Cruz. Assim como em outras circunstâncias, a secretaria está aberta a esclarecimentos e, se tivesse sido questionada sobre o caso, teria apresentado as explicações aqui expostas.


A Secretaria de Saúde informa ainda que a demora no atendimento clínico nesta segunda ocorreu devido às emergências trazidas pelas equipes de socorro. A prioridade e principal função da Unidade de Pronto Atendimento 24 horas é salvar vidas e por isso as equipes estavam trabalhando no atendimento de parada cardíaca, transferência e caso de infarto.

Salienta ainda que também está sendo observado aumento na procura tanto nas unidades de saúde, quanto na UPA, de pessoas com sintomas respiratórios.”

O HSCC informou que o paciente não foi aceito porque o Hospital não é referência em alta complexidade para casos vasculares. “Entendemos que o problema é do Estado, mas não temos o que fazer em uma situação como essa a não ser aguardar o Estado”, afirma Karin Adur, administradora do HSCC. Mafra aguarda habilitação desde 2017 para casos vasculares, mas o Estado só tem habilitados, até o momento, dois hospitais, um em Blumenau e um em Florianópolis. O paciente citado na reportagem foi encaminhado para Florianópolis.

O JMais apurou que até a Polícia Militar foi chamada para intervir no caso. Um boletim de ocorrência foi registrado no qual o HSCC explica as razões para não aceitar o paciente.



PIZZA E FAKE NEWS

A atitude da chefe da UPA de negar a realidade vem na esteira da postagem da secretária de Saúde, Kátia Oliskovski, que repostou no seu Instagram a publicação de uma amiga que aparece com ela e outras pessoas em uma foto na qual escreveu: “No final tudo acaba em pizza”. Aparentemente a postagem foi feita logo depois de a secretária ter sido intensamente sabatinada sobre o contrato do Município com o Hospital Santa Cruz.

Depois da publicação desta reportagem, Tahiza apagou a postagem que acusava o JMais de publicar fake news.

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