Total acumulado no mês de outubro foi de 595 milímetros; novembro começa com 200mm
O mês de outubro encerrou com chuva recorde no Planalto Norte. Os maiores volumes foram acumulados em Canoinhas, onde 595 milímetros foram registrados pela Epagri Ciram, órgão que monitora as condições climáticas em Santa Catarina. Este volume se soma aos mais de 200 milímetros registrados nos três primeiros dias de novembro, o que eleva este total a mais de 800 milímetros em um mês.
O infortúnio de Canoinhas começou no dia 4 de outubro, quando durante a madrugada a comunidade da Anta Gorda, interior da cidade, foi castigada com uma chuva de granizo e ventos fortes. A chuva caiu forte em toda a região, totalizando 142 milímetros naquele dia. Desde então raros foram os dias de tempo bom, elevando a picos de chuva torrencial, como no feriado de 12 de outubro, quando em 24 horas choveram 93 milímetros, levando os rios da região a deixarem seus leitos e expulsarem centenas de pessoas de casa.
Agora, com a chuva desta sexta-feira, 3, as autoridades temem que mais gente tenha de deixar suas casas devido ao que já vem sendo considerado um rebote da enchente de outubro. “Foram mais de 100 milímetros de chuva, várias áreas que não tinham mais água estão interditadas devido à cheia. Estamos trabalhando em alerta máximo para atender as famílias canoinhenses”, disse a prefeita Juliana Maciel Hoppe (PSDB), lamentando, inclusive, que acessos a comunidades do interior estejam novamente inacessíveis mesmo após passarem por reparos por parte da Secretaria de Obras.
Apesar de a previsão indicar a volta do Sol a partir deste sábado, 4, a preocupação está no fato de o nível dos rios seguir subindo mesmo com tempo bom. Na tarde desta sexta, o nível do Canoinhas estava em 7,88 metros. Ele deixa seu leito a partir dos 6 metros de cheia.

TRÊS BARRAS
Em Três Barras, segundo a Secretaria de Defesa Civil do município, mais de 6.500 pessoas foram impactadas direta ou indiretamente pelos efeitos das chuvas. Destas, mais de 4.300 tiveram de deixar suas casas em razão dos alagamentos.
No pico da enchente, mais de 1.300 pessoas ficaram alojadas nos 10 abrigos públicos mantidos pela Prefeitura. Hoje, pouco mais de 200 pessoas continuam sendo acolhidas nos cinco abrigos ainda abertos.
“Passado aquele momento crítico que vivemos, agora é hora de tentarmos voltar à normalidade. Para tanto, é preciso oferecermos condições para que as pessoas se sintam acolhidas, seguras e motivadas a seguirem suas vidas em frente e com dignidade. Por isso, editamos um decreto nas quais estão ações que o município deve realizar a fim de amenizar o sofrimento dos afetados pela enchente, como também restaurar toda a estrutura danificada”, explica a prefeita Ana Claudia da Silveira Quege (PP) em referência ao programa Reconstrói Três Barras, lançado nesta semana.
REGIÃO
Na região, o total de chuva acumulado varia, mas mantém altos volumes, sempre acima dos 500 milímetros. Mafra, por exemplo, onde há 200 pessoas desabrigadas, choveram 583 milímetros em outubro. Papanduva registrou 639 milímetros. Em Três Barras foram 553 milímetros e em Porto União, 614. Irineópolis registrou 568 milímetros. Há registros de desabrigados devido às cheias dos rios Canoinhas, Negro e Iguaçu, que cortam estas cidades.
A título de comparação, Florianópolis registrou 419 milímetros de chuva em outubro, o maior volume mensal registrado em um século de monitoramento. O número ultrapassou a chuva histórica de outubro de 1997, quando o volume de água registrado na capital foi 339 milímetros.
Falando em dados superlativos, Porto União já considera esta a terceira maior enchente de sua história. Conforme a prefeitura, o rio Iguaçu segue subindo e, nesta sexta-feira, 3, atingiu 7,47 metros. O número é menor que o pico de 8,30 metros registrado semanas atrás, mas ainda está muito acima do normal. As primeiras famílias de Porto União são atingidas a partir de 5,5 metros e, na marca de 6 metros, o município entra oficialmente em situação de enchente.
O bairro mais castigado em Porto União é o Santa Rosa, onde 698 casas foram atingidas pela cheia. Segundo a prefeitura, em toda a cidade 814 famílias se cadastraram para o atendimento alegando estarem em áreas alagadas da cidade.
Em Mafra, segundo o prefeito Emerson Maas (PSD), o nível do rio Negro aumentou cerca de 10 centímetros com a chuva desta sexta, inundando novamente o centro da cidade. “Como não há previsão de chuva para os próximos dias, vamos rezar a Deus para voltarmos a nossa rotina”, disse o prefeito da cidade onde há mais de 200 pessoas em abrigos. Maas ressalta o pós-enchente, com ruas esburacadas e o interior intransitável. “Pontes que caíram, bueiros entupidos, vertentes que surgiram no meio das estradas, tem muita coisa a ser feita. Pra piorar a situação, nossa pedreira no São Lourenço alagou. Preciso alertar que a gente está aqui para trabalhar, mas nada vai ser resolvido da noite para o dia”.
O rio Negro apresentava 9,44 metros de cheia no começo da noite desta sexta-feira, 3. A cheia deste rio afeta não só Mafra como também a cidade de Três Barras, onde o rio também faz a divisa entre os Estados de Santa Catarina e Paraná.
PREVISÃO
A boa notícia é de que não há previsão de chuva para os próximos dias. O tempo firma neste sábado, 4, e assim segue pelo menos até o começo da próxima semana. Assista: