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As expectativas deste domingo santo

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Deixemos algumas esperanças para 2026 e admitamos que o fator determinante foi a personificação maniqueísta

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Walter Marcos Knaesel Birkner*

O voto da maioria dos brasileiros para presidente da República parece realmente cristalizado. Isso não significa que a surpresa esteja fora do jogo, já que há milhões de eleitores que podem alterar o resultado no ar. Ainda assim, é difícil imaginar que o produto semifinal das eleições deste domingo santo seja algo diferente da polarização até agora vista. Deixemos algumas esperanças para 2026 e admitamos que o fator determinante foi a personificação maniqueísta.

A relativa estabilidade da opinião dos eleitores se manteve até aqui. Em Santa Catarina, o pleito promete emoções e a perspectiva de segundo turno. Menos fácil é prevê-lo em relação à eleição presidencial. O último debate presidencial, na Globo, teve sua importância, inclusive para demonstrar que o formato, exigência do poder judiciário, não é eficaz. Em função dos desempenhos, é possível que ainda se perceba algum deslocamento dos votos, aqui e ali. Mas a polarização Bolsonaro e Lula deve se manter.

O curto espaço de tempo favorece a pressa de interesses menos republicanos e quase impede a percepção mais lúcida do eleitor. Se o nosso Senhor Jesus Cristo participasse dessas eleições, talvez não tivesse muito sucesso. Em meio à superfície da guerra de narrativas e mentiras, se viesse de túnica e cabelo comprido, talvez fosse confundido com o astrólogo Inri Cristo, aquele charlatão de Indaial.

O que se pode esperar de mais interessante é que haja segundo turno. O 2º turno é um valioso instituto para que as coisas fiquem mais claras e mais cidadãos possam participar e se responsabilizar concretamente pelo resultado final. Afinal, o confronto direto entre dois candidatos deixará menos dúvidas sobre eles e sobre nós eleitores também. O segundo turno aumenta a legitimidade e a responsabilidade do eleito e do eleitor, inclusive daquele que não votar em nenhum deles.

Ainda precisamos saber que coelhos os dois candidatos finais tirariam da cartola ante suas vagas promessas para os próximos quatro anos. Ouvimos superficialidades sobre a corrupção, o desemprego, a inflação, a pandemia e o preço da gasolina. Precisamos aproveitar o segundo turno para cobrar mais clareza. Não dá, por exemplo, pra ter certeza sobre o preço do barril do petróleo, mas dá pra perguntar se a política de preços dos combustíveis será mantida, combinada com a Petrobrás ou com os governadores.

Precisaríamos saber o que os candidatos propõem em relação aos temas fundamentais como a Educação, a infraestrutura, a saúde e o gravíssimo problema da violência. Também precisamos refletir sobre como desarmar a arapuca do Centrão. Ou então, nos conformemos com o fato de que não há grandes soluções pra isso no curto prazo. Mas nos convençamos que soluções existem, dependem da sociedade ativa e vigilante e de eleições sempre. Inclusive o processo eleitoral pode, aí na frente, ser melhorado e se tornar mais útil às nossas escolhas.

O fato é que a polarização simplesmente soterrou ideias sobre como governar o País nos próximos anos. Educação, infraestrutura e segurança pública deram lugar ao mais alto grau de maniqueísmo e quem apresentou propostas e interpretações lúcidas, falou pras paredes. Fica pra 2026. É o Brasil como nos parece e foi onde pudemos chegar até agora. Mesmo assim, muita coisa boa já aconteceu, graças às eleições.

Noves fora, a polarização esquerda e direita foi ressuscitada e confesso que, em algum momento, cheguei a acreditar na sua morte prematura. Muita coisa ainda virá. A esquerda já mentiu muito e a direita, ressuscitada ainda não começou a falar a verdade. É o problema do curto prazo, é preciso vencer as eleições. E a verdade costuma se criar mais lentamente e fora desse curral.  Só entra se for convidada.

Bem no fim, as eleições nem são tão ruins assim, que o digamos, uma após outra. As eleições nos conferem o privilégio que a vida nos permite de participar, de prever, opinar, criticar, elogiar e fazer planos para o futuro. E quem de nós, entre os leitores do JMais, especialmente da coluna O Brasil como nos parece, não está ansioso por tudo isso neste domingo de Deus e dos homens e mulheres de bem?

*Walter Marcos Knaesel Birkner é sociólogo, professor da Uniasselvi

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