Santa Catarina merece um olhar muito maior sob o seu ensino público e de qualidade
Desde o momento da sua campanha, Jorginho Mello (PL) encampou a ideia de que se eleito, instituiria o programa Universidade Gratuita, que transcrevendo para palavras mais simples, compraria as vagas do sistema Acafe e transformaria o modelo que já foi instituído há algumas décadas em uma espécie de nova instituição pública de ensino superior em Santa Catarina.
Até aí tudo bem, esse modelo seria um mar de rosas, pois afinal, quanto maior o número de pessoas que tenham acesso ao ensino superior, mais democrática a sociedade se torna. Porém, como estamos falando da atual conjuntura política brasileira e catarinense, nem tudo é como parece. E a Universidade Gratuita que Jorginho tenta instaurar, está longe de ser algo que literalmente envolva toda comunidade de Santa Catarina.
O modelo que foi apresentado e que está sendo discutido na Alesc em Florianópolis, deve sim trazer oportunidades para muitos catarinenses que em muitos casos não teriam como se deslocar do Meio-Oeste ou do Planalto Norte, para estudar em centros como Florianópolis e Joinville, onde existem campus de instituições como a Udesc e a UFSC.
Nesse sentido a “compra” da Acafe por parte do governo, faria com que instituições como a Unoesc tornassem-se públicas e promovessem uma maior abertura de espaço para que a população mais humilde pudesse ter acesso a um passo importante no caminho de uma melhora de vida.
Porém, o governador, que ainda tenta instituir um bolsonarismo a lá catarina, achou que o projeto da forma como foi construído, e que apenas algumas pessoas tinham acesso a sua totalidade passaria de forma branda e tranquila dentro de todos os processos da sociedade civil. Ledo engano.
O projeto de Jorginho deixa inúmeras lacunas, que já estão sendo apresentadas por órgãos competentes e que podem gerar ainda mais brechas para que, principalmente, aqueles que necessariamente não precisassem de instituição pública abocanhassem as vagas dos menos favorecidos.
Se aprovado, o que atualmente já se mostra cada vez menos provável, pelo olhar jurídico, a Universidade Gratuita deverá ser a oportunidade especial para que os filhos dos mais afortunados catarinenses, possam estudar medicina, por exemplo.
Outro olhar que precisa ser observado diz respeito às questões que envolvem o atual modelo de bolsas fornecidas pela Acafe, os artigos 170 e 171. Esse modelo faz com que o Estado gere cada vez mais alunos que realizem pesquisas. E a pergunta que fica: como ficarão as pesquisas, o Estado jogará fora como bons bolsonaristas?
São muitas questões que evolvem a Universidade Gratuita, e que serão temas das nossas próximas colunas por aqui. O que fica agora é que Santa Catarina merece um olhar muito maior sob o seu ensino público e de qualidade.
