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A próxima tragédia de Saudades pode acontecer em Canoinhas

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Facilitação para compra de armas é uma temeridade

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COLUNA DE DOMINGO Poucos dias depois do massacre em que um supremacista branco matou dez pessoas e feriu outras três na cidade de Buffalo. estado de Nova York, os estadunidenses se viram diante de outra tragédia. O jovem Salvador Ramos, de 18 anos, entrou numa escola da pequena cidade de Uvalde, no Texas, armado de revólver e fuzil. Matou 19 crianças e dois adultos antes de ser abatido pela polícia. O presidente Joe Biden, emocionado, prometeu dar um “basta!” na facilidade com que os 330 milhões de americanos compraram 400 milhões de armas, mais de uma por habitante. É sempre assim quando essas repetidas tragédias acontecem nos EUA. O forte lobby das indústrias das armas, que patrocinam candidaturas de republicanos, não deixa nada que restrinja a facilitação de venda de armas vingar.

Parece algo distante, mas há pouco mais de um ano, um rapaz de 18 anos entrou em uma escola de Saudades, no oeste catarinense, e matou com golpes de facas três bebês e duas funcionárias. Se esse rapaz quisesse comprar uma arma de fogo para matar mais gente, teria conseguido (na verdade no Brasil somente quem for maior de 25 anos pode comprar armas de fogo. A correção está na coluna desta segunda). Desde que Jair Bolsonaro assumiu o governo, decretos atrás de decretos têm facilitado a compra de arma de fogo no Brasil.

Nem bem assumira, no dia 15 de janeiro de 2019, Bolsonaro já baixou um decreto armamentista, dizendo que atendia ao pedido do povo, expresso no referendo de 2005 sobre o Estatuto do Desarmamento (64% foram contrários à proibição do comércio de armas). Congresso e Justiça reagiram. Bolsonaro revogou o decreto, editou três outros e prometeu enviar um Projeto de Lei ao Congresso. Hoje ele tramita entre Senado e Câmara, repleto de emendas. Enquanto isso, o presidente adotou atalhos para ampliar o acesso às armas, favorecendo o grupo conhecido pela sigla CAC (Colecionador, Atirador Esportivo e Caçador).

Enquanto o Supremo ainda não julgou a constitucionalidade de seus decretos, as licenças para aquisição de armas aumentaram 325% nos últimos três anos. O número de CACs chegou a 1,8 milhão. Segundo editorial do jornal O Globo, existe no mercado da burocracia o “despachante bélico”, com site na internet pronto para ajudar o cidadão. O resultado é previsível: armas legais, furtadas ou roubadas em assaltos, se tornaram uma fonte de abastecimento da criminalidade. Há bandidos disfarçados de CACs abastecendo o crime com “armas legais”.

Aqui em Canoinhas, recentemente, um acusado de envolvimento nos esquemas da Et Pater Filium foi flagrado com arma de CAC – que tem mobilidade restrita do stand de tiro a casa do cidadão – dentro do carro indo para outro Estado.

Não se trata de demonizar os CACs, que sempre existiram, mas do tipo de gente que está se valendo da facilidade para se tornar CAC justamente para denegrir a imagem desses atiradores.

Bolsonaro fala da proteção do cidadão. Talvez isso venha a funcionar em propriedades rurais, como as localidades mais distantes do centro de Canoinhas, onde a distância dos quartéis interessam aos bandidos. Já ouvi relatos de fazendeiros e agricultores que espantaram supostos ladrões com tiros para o alto.

De modo geral, contudo, o que se vê para além de quem respeita o estatuto dos CACs são bêbados ameaçando mulheres e vizinhos, atirando a esmo e até mesmo contra o próprio corpo. São perigos ambulantes.

Em se tratando de grau de periculosidade, contudo, nada se aproxima de um supremacista, racista, “cidadão de bem” que tem toda a manha para burlar qualquer teste psicológico para se armar e, surpreendentemente, do modo mais banal possível, entrar em uma escola e executar professores e alunos.

Quando aconteceu o massacre em Saudades o então prefeito Beto Passos (PSD) prometeu vigilantes diurnos nas escolas. Veio a crise da Educação e a ideia nem chegou a ser colocada em prática. Nossas escolas e creches têm um mínimo de segurança, facilmente burlado por qualquer um. Que Deus olhe pelas nossas crianças.

Em tempo: Pesquisa Datafolha indica que a maioria dos brasileiros rejeita as ideias de Jair Bolsonaro sobre armas no país. Segundo o levantamento, 69% discordam da frase ‘povo armado jamais será escravizado’, repetida pelo presidente, e se contrapõem a políticas que favoreçam o armamento da população.

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