Aos órfãos de A Maravilhosa Sra Maisel
Não espionaremos mais o apartamento dos Weissman nas manhãs frias de Nova York quando os pequenos brincavam no chão ao lado do avô Abe, absorto por um livro de alta literatura. Não invadiremos mais o incrível closet de Miriam Maisel, a nossa adorável comediante, com quem choramos quando ela foi deixada no aeroporto por Chay Baldwin ou quando se tocou que seu casamento tóxico (e como ser diferente nos anos 1950?) com Joel Maisel sufocava seu talento.
Não sentiremos mais o coração aquecido pelos jantares dos Maisel com os Weissman e conversas fervilhando de diálogos rápidos e afiados de Miriam com a irascível Susie, sua empresária.
Não torceremos por Miriam nas tantas vezes que sua oportunidade bateu na trave, quando figuras indigestas, mas irresistivelmente cômicas como Sophie Lenon atravessaram seu caminho e viram, justamente no talento de Miriam, um obstáculo.
Não passaremos mais os adoráveis verões em Catskills.
Não nos divertiremos com as cenas roubadas pelos pais de Joel, Moishe e Shirley, principalmente com ela, sempre disposta a providenciar um assado ou compor uma mesa com, claro, muita comida judaica.
Não ouviremos mais Abe reclamar de tudo e Rose mantendo a dignidade na tentativa de entrar no concorrido mundo das alcoviteiras.
Não entraremos mais no escritório caótico de Susie, onde as coisas mais improváveis – como um pombo defecar no seu ombro – acontecem a todo o momento. Até mesmo o sucesso.
Não nos deslumbraremos mais com uma das mais incríveis recriações de época que a TV já nos proporcionou, muito menos com um roteiro afiadíssimo, rápido, charmoso e irrestível.
Vai com Deus Maravilhosa Sra Maisel, seus admiradores apaixonados ficam aqui tentando encontrar algo em que se agarrar. No mar de opções nada se compara a sua genialidade.