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A distinção entre sociedade da informação e sociedade do conhecimento

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O que fazer com a informação de que o Caetano estacionou o carro dele?

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Em tentativas de se informar, encontra-se manchetes de notícias, em jornais sérios dessa semana, títulos como: “Mãe e filhotes de porcos são flagrados atravessando rua”, “Macaco acorda porco-do-mato que dormia em rede em pousada”; ou, ainda, para citar o clássico de 2011: “Caetano estaciona carro no Leblon nesta quinta-feira”. Essas não são fake news, são notícias reais. Então, se não é fake news, qual é o problema? O problema é que estamos pensando em termos de informação. E informação não é necessariamente conhecimento. O que fazer com a informação de que o Caetano estacionou o carro dele? Ou, ainda, que um macaco acordou um porco?

Nas últimas décadas, a revolução tecnológica transformou profundamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos comunicamos. Este fenômeno, muitas vezes descrito como a transição para uma “sociedade da informação”, também levantou questões importantes sobre a distinção entre informação e conhecimento. Autores como Manuel Castells, Daniel Bell e Peter Drucker forneceram análises profundas sobre essas mudanças, oferecendo perspectivas valiosas para entender o que realmente define uma sociedade do conhecimento em contraste com uma sociedade da informação.

Manuel Castells destaca que vivemos em uma era onde a produção, o processamento e a transmissão de informação se tornaram as fontes primárias de produtividade e poder. Castells argumenta que a tecnologia da informação e a comunicação têm transformado todos os aspectos da sociedade contemporânea, desde a economia até as relações sociais.

Para Castells, a sociedade da informação é caracterizada pela centralidade das redes de informação e pelo papel crítico das tecnologias de comunicação na estruturação da vida social e econômica. No entanto, ele adverte que a abundância de informação não se traduz automaticamente em conhecimento. O conhecimento, segundo Castells, requer a capacidade de interpretar e aplicar a informação de maneira significativa. Ele ressalta que a educação e a habilidade de processar criticamente a informação são essenciais para transformar a sociedade da informação em uma verdadeira sociedade do conhecimento.

Já Daniel Bell, introduziu a ideia de uma transição de uma sociedade industrial para uma sociedade pós-industrial, onde o setor de serviços, a informação e o conhecimento se tornariam os principais motores da economia. Bell descreve a sociedade pós-industrial como algo onde o conhecimento teórico, a tecnologia e a gestão da informação desempenham papéis centrais.

Para Bell, a distinção crucial entre a sociedade da informação e a sociedade do conhecimento reside na aplicação do conhecimento teórico e científico. Enquanto a sociedade da informação é definida pelo fluxo e processamento de dados e informações, a sociedade do conhecimento é caracterizada pela utilização do conhecimento teórico para inovação e desenvolvimento. Bell enfatiza que a educação e a formação especializada são fundamentais para capacitar indivíduos a utilizarem o conhecimento de maneira eficaz e produtiva.

Por último, Peter Drucker, um dos mais influentes teóricos da gestão do século XX, popularizou o termo “sociedade do conhecimento”. Em suas obras, Drucker argumenta que a maior transformação social do nosso tempo é a emergência da sociedade do conhecimento, onde o recurso econômico mais importante é o conhecimento e não o capital, a terra ou o trabalho.

Drucker descreve a sociedade do conhecimento como aquela onde os trabalhadores do conhecimento desempenham um papel central na economia. Esses trabalhadores utilizam a informação para gerar conhecimento que pode ser aplicado de maneira prática para resolver problemas e criar valor. Para Drucker, a distinção entre informação e conhecimento é clara: enquanto a informação é simplesmente um conjunto de dados, o conhecimento é a aplicação desses dados de maneira prática e útil.

A distinção entre sociedade da informação e sociedade do conhecimento é fundamental para entender as transformações contemporâneas. Nesse sentido, Castells, Bell e Drucker concordam que a mera abundância de informação não é suficiente para definir uma sociedade do conhecimento. A capacidade de transformar informação em conhecimento útil e aplicado é o verdadeiro desafio.

Enquanto a sociedade da informação lida com o fluxo e a quantidade de dados, a sociedade do conhecimento foca na qualidade e na aplicação significativa desses dados. Nesse sentido, para alcançar uma sociedade do conhecimento, é essencial debater e investir em educação (tema refletido na coluna de ontem de O Brasil como nos parece), colocar em pauta o desenvolvimento de habilidades críticas e a capacidade analítica. Apenas assim podemos potencializar as tentativas no sentido de que a vasta quantidade de informação disponível hoje seja utilizada de maneira eficaz para promover inovação, desenvolvimento regional, bem-estar social, e, inclusive, evitar a proliferação de fake news que, diga-se de passagem, estão se alastrando inclusive nas tragédias.

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