A Sogra que Te Pariu é boa surpresa da Netflix
A NOVA MÃE DO BRASIL?
Soa até meio sacrílego ousar nomear uma substituta para Dona Hermínia, que lamentavelmente desapareceu junto com Paulo Gustavo, deixando milhões de órfãos pelo Brasil. Contudo, dá pra matar as saudades de uma “mãoezona” de verdade com A Sogra que Te Pariu, criação de Rodrigo Sant’Anna que aportou no fim de semana passado fazendo barulho na Netflix.
A série é a primeira produção de Sant’Anna como showrunner da Netflix. Não é pouca coisa. Nos Estados Unidos, showrunners como Shonda Rhimes (Bridgerton), também da Netflix, tem poder de construir ou destruir carreiras. Logo, o poder que a gigante dá ao astro brasileiro o coloca no mapa do mundo, projetando sua já consolidada carreira no Brasil para o planeta. Dado o talento de Sant’Anna, o céu é o limite.
A Sogra que Te Pariu não inova, tampouco traz algo diferente do que Sant’Anna já vinha fazendo. Em Tô de Graça, do MultiShow, ele viveu por várias temporadas a mãe da Briti. Naquela história, Graça dividia, com muito bom humor, as agruras da pobreza.
Em A Sogra que Te Pariu, Dona Isadir é mãe de um diretor de TV super bem-sucedido, mas que está em crise no casamento. É neste ponto que começa a pandemia e Dona Isadir vai passar “algumas semanas” na casa do filho. A pandemia se estende e Dona Isadir ainda mais, para o terror da nora, Alice. Está pronto o enredo para muita confusão e diálogos afiados, a especialidade de Sant’Anna.
As comparações com Dona Hermínia são inevitáveis (a troça com o bairro de onde vem, as queixas sobre a criação do filho, a rivalidade com a nora), mas tudo isso ocorre com a espontaneidade que é inerente a Sant’Anna e aí é que está a graça da série. Há vários momentos de improviso que faz até o rosto mais carrancudo abrir um sorriso. E como estamos precisando disso nos dias atuais, não?
Não se trata de substituir Dona Hermínia por Dona Isadir, mas sim, de abrir espaço para uma nova “mãezona”, tão carismática quanto o personagem imortal de Paulo Gustavo. Ótima distração.
