Mike White acerta mais uma vez ao ironizar o mundo dos ricos
THE WHITE LOTUS
A terceira temporada de The White Lotus, é verdade, começa especialmente lenta. Não sei se a ambientação na Tailândia, em um complexo hoteleiro com cara de spa, ou pelos personagens aparentemente mais descartáveis, a série demora engrenar.
Porém, o último dos oito episódios consegue dar um fecho que honra toda a história, confirmando o que vai se matizando ao longo da história sobre a essência dos personagens. É quando percebemos que valeu, e muito, a viagem.
Veja, bem, não se trata de dizer que você precisa passar por sete episódios modorrentos para então ter uma experiência interessante com a série. O que o genial Mike White, showrunner do programa, sabe fazer com maestria é cozinhar os personagens aos poucos, mostrando suas facetas mais surpreendentes quando menos esperamos. Foi assim com a aparentemente fútil Chelsea (Aimee Lou Wood), que cresceu de tal maneira até se tornar figura chave na conclusão da história. Seu companheiro, Rick (Walton Goggins), que parecia ser um bandidinho qualquer, também se revela um personagem complexo e surpreendente quando revela que busca justiça pelo pai aparentemente assassinado. A conversa dele com o comparsa interpretado pelo ótimo Sam Rockwell é uma pérola.
Destaque, também, para as três melhores amigas. Kate (Leslie Bibb), Laurie (Carrie Coon) e Jaclyn (Michelle Monaghan). O que começa como uma viagem das meninas desencadeia um turbilhão de emoções que vão da inveja a um reencontro com o passado.
Tem ainda a família rica totalmente estereotipada que esconde as mais chocantes revelações por trás do verniz de família de calendário. A relação entre os irmãos Sam (Lochlan Ratliff) e Saxon (Patrick Schwarzenegger, isso mesmo, filho do Arnold) guarda as maiores ousadias do roteiro.
Dois personagens da temporada passada se repetem. A massagista Melinda (Natasha Rothwell) e o marido de Tanya, morta na segunda temporada, Greg (Jon Gries). O reencontro dos dois desencadeia uma discussão sobre honestidade e princípios que vai te fazer refletir por um bom tempo.
A terceira temporada de The White Lotus consegue, mais uma vez, desvendar idiossincrasias dos ricos com muito humor, bizarrices e surpresas, tudo com reflexões profundas sobre a condição humana. Não é pouca coisa.
