Caso tramitou na comarca de Descanso, no oeste catarinense
Levar à escola, ensinar a andar de bicicleta, jogar bola… Atividades indispensáveis a uma criança e que também são desempenhadas pelo pai. Mas quando essa figura não está presente, falta um “tijolinho” na construção da vida dessa pessoa. Uma audiência realizada nesta semana (15/3), na comarca de Descanso, no Oeste, mudou a história de uma mulher que buscava o reconhecimento de paternidade há 22 anos. O exame de DNA confirmou quem é o genitor da jovem e o desfecho emocionou advogada e servidores.
Protocolada em julho de 2000, a ação de investigação de paternidade buscava judicialmente comprovar a origem paterna da autora, na época com seis anos de idade. Em razão do pai biológico ter fixado residência no Rio Grande do Sul, a localização dele não foi tarefa fácil no decorrer da ação. No entanto, ano passado, os advogados dativos Caroline Ferreira de Lins e Ivair Bonamigo, nomeados para as partes, localizaram os envolvidos. Com o resultado do exame de DNA em mãos foi possível confirmar a paternidade.
“Na época, o homem soube da gravidez, mas a mãe afirmou que ele não era o pai da criança”, conta a mediadora judicial Harlei Mariane Baumgratz. Na audiência, a autora do processo lembrou a trajetória sofrida que teve sem o pai, o fato de ter saído de casa muito cedo para trabalhar e, principalmente, discorreu sobre não ter conseguido estudar na época regular. O pai, que tem um filho de idade próxima à primogênita recentemente descoberta, revelou a felicidade em saber que agora tem uma filha e o desejo de manter vínculos de amor e amizade com ela. Outra revelação da conversa dessa terça-feira foi que o homem também cresceu sem seu genitor, o que aumentou ainda mais a sensibilidade diante da história.
A audiência teve o objetivo, também, de fazer um acordo sobre o pagamento da pensão alimentícia devida durante todos esses anos. As partes acordaram em encerrar o processo após acertarem tal valor. Os envolvidos receberam elogios pelo equilíbrio e ordem que demonstraram em todos os momentos da audiência, que aconteceu de maneira virtual, devido à distância geográfica das partes.
“Todos tiveram comportamento exemplar durante a mediação. Aliás, muitas coisas acontecem em uma sala de mediação. Num caso como este, saio com a sensação de que estou no melhor lugar do mundo e doando o meu melhor, sempre. Conflitos familiares deixam muitas feridas abertas e se eu puder ajudar, o farei”, garante a servidora, com a satisfação de finalizar um dos casos mais antigos da comarca em que todos os envolvidos saíram com grande sorriso no rosto, diante de um reencontro tão significativo.