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abril

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Série documental mostra a espetacularização do sofrimento

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Assassinato da atriz Daniella Perez, há 30 anos, gerou um show de insanidade

TEMPOS ESTRANHOS

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Vendo hoje a efervescência da polarização política, o apocalipse anunciado pelo aquecimento global e os absurdos flagrados com o advento das câmeras de segurança, imaginamos que estamos vivendo tempos estranhos. Mera ilusão de ótica. O mundo parece mesmo sempre prestes a acabar. Senão vejamos o documentário Pacto Brutal – o assassinato de Daniella Perez, dividido em cinco capítulos e já todo disponível na HBO Max.

A série documental traz o mais extenso relato já feito até agora pela mãe da vítima, a escritora global Glória Perez, sobre o crime ocorrido há 30 anos.

Daniella tinha 22 anos quando, no dia 28 de dezembro de 1992, foi assassinada pelo ex-ator e colega de trabalho Guilherme de Pádua e por sua então esposa Paula Thomaz, que a emboscaram e mataram com dezoito punhaladas, que perfuraram o pescoço, pulmão e coração da atriz. A razão foi a frustração pelas investidas malsucedidas que Guilherme dava na atriz, no intuito de fazê-la convencer sua mãe a aumentar seu papel na novela De Corpo e Alma. Por coincidência, a participação do seu personagem foi reduzida na semana que antecedeu o crime, o que o fez acreditar que sua carreira estava sendo prejudicada por Daniella e Gloria. Ele tramaria assim o assassinato da atriz junto com sua mulher, que já alimentava um ciúme doentio das cenas de Daniella e Guilherme juntos. Julgados e condenados por homicídio duplamente qualificado, com motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, os dois cumpriram em regime fechado seis dos dezenove anos a que foram condenados.

O crime, por si só, já um horror. O que se sucedeu, contudo, foi inacreditável. Programas policialescos como o Aqui Agora do SBT e até o Fantástico da Globo entravam e saíam do Presídio onde Guilherme estava preso. Revistas de fofoca, no seu auge, se alimentavam semanalmente do crime. Sentindo que apesar dos meios tinha conseguido a tão desejada fama, Guilherme manipulava os repórteres sempre prometendo “revelar tudo”, o que de fato nunca revelou. A mídia deu palco para um assassino frio e calculista e tumultuou o processo ao alimentar insinuações feitas por uma pessoa totalmente doentia e desmoralizada.

O documentário vem para restabelecer a verdade sobre o caso. E mostra uma legítima mãe coragem lambendo suas feridas.

Além de ser um excelente documento sobre o brutal crime, o documentário não ouve os réus, como uma resposta a toda mídia que eles ganharam em detrimento da família da vítima. Mesmo assim, Guilherme se adaptou às novas mídias e gravou vídeo dizendo que “é difícil pedir perdão” à Glória, o que mostra que uma vez canalha, sempre canalha.

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