Do Batalhão de Comunicações em Rio Negro a banda do 3° BPM, memórias do sargento Vosniak mostram também a história da Instituição
Dando continuidade à série de entrevistas com veteranos do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), o oitavo entrevistado é o sargento reformado Valdemar Vozniak. Filho de Estanislau e Catarina Vozniak, Valdemar nasceu no dia 26 de setembro de 1951, na localidade de Paiol Velho, interior de Major Vieira. Na época, Major Vieira ainda era o 5º distrito de Canoinhas.
Seu pai trabalhou em diversas madeireiras, “era tipo cigano, ficava se mudando constantemente”. Quando tinha sete anos de idade, Valdemar começou a trabalhar. “Eu trabalhava empilhando taquinhos de cabo de vassoura, em uma firma na localidade de Lageadinho, interior de Monte Castelo”.
Por essa época, a família mudou-se para a fazenda Timbó, no município de Santa Cecília, em razão do serviço do pai. Quando tinha aproximadamente dez anos, a família novamente se mudou. Agora, para o município de Itaiópolis. “Em Itaiópolis, quando eu tinha 13 anos, minha mãe faleceu”. Nessa época, trabalhou na lavoura.
Ao completar 17 anos, alistou-se para servir ao Exército Brasileiro. “Eu me alistei em Itaiópolis. Éramos aproximadamente vinte alistados e eu consegui ser selecionado. Eu sempre quis ser militar”. Assim, em 1970, foi incluído no 3º Batalhão de Comunicações, em Rio Negro (PR).
Nesse batalhão, trabalhou na carpintaria e chegou a prestar concurso para sargento telegrafista, sem, no entanto, obter êxito. O engajamento também não foi possível. No entanto, ainda no Exército, iniciaram os incentivos para ingressar na Polícia Militar.
Em novembro de 1970, concluiu o serviço militar obrigatório, retornando à sua casa, em Itaiópolis. Nessa época, era delegado de polícia no município o sargento Joriel Manoel Alves. Faziam parte do efetivo policial militar os soldados Durival Jungles, Querrubes Cabral Mendes e o falecido Pavão.
Aproximadamente cinco meses após deixar o Exército, soube da abertura de inscrições para o concurso de ingresso na PM. “Eu vim de Itaiópolis no ônibus da Reunidas para fazer a inscrição aqui no 3º BPM. A prova foi dentro do 3º BPM e o teste físico, no estádio municipal”. Após percorrer as etapas do certame, obteve êxito para ingresso na Polícia Militar.
O curso de formação teve início em 1971 e a turma se formou em 1972. Naquele tempo, havia uma particularidade: “quem já era militar do Exército fazia apenas uma adaptação e quem era civil passava por toda a formação. Como eu vinha do Exército, fiz apenas a adaptação e logo comecei a tirar serviço na guarda”. Valdemar informa que essa particularidade fez com que seu nome não aparecesse entre os formandos em 1972, em notícia jornalística da época.

Ao iniciar suas atividades no 3º BPM, o comandante do batalhão era o major Edson Corrêa. O comandante possuía um irmão que também era oficial e servia no batalhão: era o 2º tenente Getúlio Corrêa, hoje desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
Dentre os oficiais que serviam em Canoinhas, no período, recorda-se que “o subcomandante do batalhão era o 2º tenente Walsin Honaiser Garcia, além dos tenentes César José da Rosa, Neri dos Santos e Getúlio Corrêa. Pouco tempo depois, veio o capitão Osvair Manoel de Almeida.”

Logo após o ingresso, entre 1972 e 1973, Valdemar foi destacado para trabalhar em Caçador. “Lá ainda era um destacamento do 3º BPM. Eu permaneci em Caçador por mais ou menos um ano, trabalhando na delegacia como o responsável pelo rádio SSB, que fazia a comunicação com todo o estado”. No período, em Caçador havia apenas esse rádio para a comunicação. Telégrafo existia apenas no batalhão, onde existiam policiais com formação na área.
Na sequência, Valdemar foi transferido para a companhia de Porto União. “O comandante de Porto União era o capitão Antônio Gouveia de Medeiros e o subcomandante Valmir Lemos, que foi comandante-geral (1996-1999)”. Nessa companhia, permaneceu por aproximadamente um ano, quando teve a oportunidade de fazer o curso de músico da PM em Florianópolis.
Em Florianópolis, fez o curso de músico e passou a servir na banda de música. “O comandante da banda era o tenente-coronel Roberto Kell, autor da Canção da Polícia Militar de Santa Catarina”. Serviu nessa função por três anos, quando, em 1975, conseguiu retornar ao 3º BPM e, na sequência, ser destacado em Itaiópolis, o município onde passara parte de sua vida.

Em 1976, foi transferido para o pelotão de Mafra. O pelotão também era subordinado ao 3º BPM. “Em Mafra, servi de 1976 a 1982. Foi nesse período, em 1981, que passei no concurso para sargento combatente, a ser realizado em 1982”.


Ao mesmo tempo, ocorria o concurso para sargento músico. A formação destes músicos atenderia o objetivo institucional de formar a Banda do 3º BPM. “Um dos oficiais do batalhão me incentivou a mudar de combatente para músico, haja vista eu ter sido músico em Florianópolis. Eu aceitei o conselho. Em 1982, iniciei o curso de formação de sargentos músicos no 3º BPM”.
O curso transcorreu durante esse ano. As aulas ocorriam no segundo andar do batalhão. “O responsável pelo curso foi o subtenente Walfredo Raymundo Pinho, hoje capitão da reserva”. Recorda-se que, no batalhão, ao mesmo tempo, ocorriam também um curso de sargentos combatentes, um curso de cabo e um curso de soldados. “Acredito que nesse ano, 1982, havia uns 400 militares no batalhão”.



Serviu na banda de 1982 a 1986. O instrumento que tocava era a tuba. Em 1986, foi reformado devido a problemas de saúde. Possui diversas fotos que ilustram a sua trajetória na Polícia Militar ao mesmo tempo que mostram a história da Instituição. Dentre as fotos, formaturas no 3º BPM, construção do prédio da banda (hoje, clínica médica e projeto Novos Talentos), inauguração da companhia de Mafra, entre outras. Nos dias atuais, mantém vivo o orgulho de ser policial militar e as memórias do período que marcou profundamente sua existência.
*Por capitão Diego Gudas









