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Quem era o padre André, que há um ano foi levado pela covid-19

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Celebração vai lembrar a data será nesta quinta, às 19h, na igreja Matriz

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Leonardo Rattmann

Especial para o JMais


André Juliano de Souza nasceu no dia 13 de maio de 1986, dia de Nossa Senhora de Fátima. Filho do Seu Antônio de Souza e da Dona Nilva Kanzler de Souza, desde cedo despertava para a vocação sacerdotal em seu coração. Interessou-se pela música, indo tocar, ainda rapaz, nas capelas da Paróquia São João Batista de Três Barras. Era católico assíduo, pois, sob a máxima de “aonde mandar eu irei”, animava e participava em mais de uma Missa em cada final de semana, levando seu violão de bicicleta entre as diversas capelas.


É dito por seus contemporâneos que, quando era ainda criança, participava do Grupo de Oração da capela Divino Espírito Santo, sua comunidade de origem, junto com sua mãe, Dona Nilva. Na hora da coleta, quando passava a cestinha entre os fiéis para depositarem sua oferta, o pequeno André Juliano ia de banco em banco, dizendo: “Quem tem põe, quem não tem, tira.” Já era evidente a predisposição à caridade e ao serviço pelo povo, pois, sendo um pequeno inocente, já se preocupava com aqueles que não tinham o dinheiro para o devido sustento.


Por volta do início dos anos 2000, ingressou no Seminário. Era orientado pelo pároco de Três Barras na época, Padre Moacir Caetano, que grande papel teve nessa decisão. Fez seu ensino médio e propedêutico no Seminário Cura D’Ars, na sede diocesana em Caçador.
Após concluir estes primeiros estudos, foi ao Seminário Filosófico de Brusque, para fazer a faculdade de Filosofia.
Depois de concluir os estudos filosóficos, foi ao Seminário Teológico Residência São José, em Florianópolis, para fazer o bacharelado em Teologia. Durante este período, acabou saindo do seminário para ter certeza de sua vocação. Entre idas e vindas, encontros e desencontros, concluiu e teve a garantia que a sua vida era pela Igreja. Retornou ao Seminário, onde conclui seus estudos.
Foi fazer seu estágio vocacional na Paróquia Santa Cruz de Canoinhas, onde foi ordenado diácono, em 2016, na Igreja Matriz Cristo Rei.
No dia 11 de fevereiro de 2017, dia de Nossa Senhora de Lourdes, foi ordenado padre no Ginásio Municipal de Três Barras, sobre grande afluência de fiéis. Presidiu a missa o Bispo Diocesano da época, Dom Severino Clasen, e quase todos os padres da Diocese.
Rezou sua primeira Missa em sua comunidade de origem, Divino Espírito Santo, no manhã domingo seguinte, dia 12 de fevereiro de 2017.
Primeiro trabalhou como vigário paroquial na Paróquia de Canoinhas, depois como vigário paroquial na Paróquia São José, de Timbó Grande, até que foi empossado pároco na Paróquia Santa Juliana de Salto Veloso. Nesta época, também era responsável por cuidar da Paróquia Nossa Senhora dos Campos – Rainha da Oração, de Arroio Trinta.
Após essa experiência, foi nomeado pároco de Três Barras, sua cidade natal. Feito que surpreendeu muito o povo – era fato inédito um padre ser empossado em sua terra de origem, tão no começo da carreira.
Dia 2 de fevereiro de 2020 foi sua posse, na Matriz de Três Barras. O povo recebeu-o com alegria e fervor.

Padre André já começou fazendo amizades e conquistando a todos. Cada dia comia em alguma casa diferente, e se dispunha a atender todo o povo, em todos os dias da semana.

Um mês depois começara a pandemia. Com as igrejas fechadas, improvisou um altar na sala da casa paroquial e transmitia a missa das redes sociais todo o santo dia.

Após algumas semanas, para as pessoas poderem ver a missa presencialmente, convidava cada dia três ou quatro pessoas para ir a casa paroquial ver a missa. Abriu até dois horários no domingo, de maneira a atender a todos.

Mesmo na pandemia, com a baixa arrecadação de dízimo, conseguiu fazer inúmeras obras na Paróquia. Começou a colocar lindos vitrais na Igreja Matriz, e deu um enorme andamento na nova Igreja do Divino Espírito Santo – que será a maior da Paróquia.

Ninguém é perfeito, mas cada dia mais percebia-se que era um grande padre, completo em todos os aspectos – atendia o povo de segunda a segunda, o dia inteiro, quem quer que fosse; era bom administrador; celebrava a missa bem rezada, com amor e perfeição; ensinava o povo; construía; criava laços de amor e amizade; encantava quem quer que fosse.

Em um ano, realizou tantos obras e feitos que em anos não foram realizados. Prova disso é o amor que o povo tresbarrense ainda sente por sua pessoa. Não é difícil ainda chegar em alguma casa, e, após uma breve conversa sobre o padre André, perceber lágrimas e choro. Ainda sim sua pessoa é assunto recorrente, e ele é lembrado com muito carinho e apreço.

No dia 14 de fevereiro de 2021 rezou sua última missa dominical na Igreja Matriz de Três Barras. Após a homilia, pegou o violão e cantou a música Humano Amor de Deus, do Padre Fábio de Melo.

No dia 17, sua última missa, uma Quarta-Feira de Cinzas.

No dia 19, sexta-feira, positivou para covid-19. Não rezou as missas nesse fim de semana, e na segunda-feira foi internado na Fundação Hospitalar de Três Barras. Naquele final de semana, iria participar do programa Conversa de Padre, em Curitiba, na TV Evangelizar.

Depois de alguns dias internado, foi transferido para a UTI do Hospital Santa Cruz de Canoinhas, e logo foi entubado.

Durante este tempo, cuidou de Três Barras o padre Marlon Malacoski e o padre Everaldo Antonio. Em razão da pandemia, o povo de Três Barras se reunia todo santo dia, às 19 horas, para rezar o terço via Google Meet e implorar por sua recuperação.

Permaneceu neste estado até o dia 24 de março, às 22h32, quando retornou à morada eterna. Duas horas antes, às 19h30, tínhamos recebido a triste notícia do falecimento do padre Silvano Sumarcz, pároco da Catedral de União da Vitória e um dos melhores amigos do padre André, que também estava internado em Curitiba, pelo coronavírus.

A família e seus principais amigos receberam esta triste notícia poucos minutos depois. Alguns deslocaram-se até a Igreja Matriz para organizar o templo para acolher o velório, onde ficaram até às 2h da manhã.

No dia seguinte, 25 de março, aconteceu o velório logo de manhã para a família e amigos. Às 11h aconteceu sua Missa de Exéquias. O velório prosseguiu à tarde, com presença de enorme número dos fiéis tresbarrenses. Às 15h30 seguiu-se o cortejo fúnebre até o Cemitério Municipal de Três Barras, onde foi enterrado.

Padre André, mesmo após sua morte, segue presente no coração dos tresbarrenses. Sua boa lembrança é tão extensa que usariam-se páginas e mais páginas para relatar tudo.

Era um Mariano por excelência: nasceu no dia de Nossa Senhora de Fátima, foi ordenado no dia de Nossa Senhora de Lourdes e faleceu na véspera da Anunciação de Nossa Senhora, grande solenidade mariana.

Nesta quinta-feira, 24, haverá Santa Missa na Igreja Matriz de Três Barras, às 19 horas, em memória de um ano de seu falecimento, celebrando a Anunciação do Senhor, em honra à sua grande devoção. Durante a celebração, haverá também benção solene e inauguração dos vitrais restantes.

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