Porto União deve ter o ano eleitoral mais movimentado da região
O governo de Jorginho Mello terá, nos próximos tempos, uma análise fria de como poderá ser a sua governabilidade, afinal, nos últimos dias começou a tramitar na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) a proposta de reforma administrativa. O resultado final mostrará qual é o tamanho da sua base dentro do Palácio Barriga Verde.
Em meio a tudo isso, ainda temos muita água para passar por debaixo dessa ponte, o que poderá mudar os rumos de uma hora para outra. Porém, ao falarmos de Santa Catarina, nunca podemos nos esquecer que a nossa política é a famosa caixinha de surpresas. E é uma destas surpresas que não pode se perder.
Estamos falando, é claro, de Décio Lima, do Partido dos Trabalhadores, que surpreendendo a todos jogou para escanteio Carlos Moisés na disputa pela Casa d’Agronômica.
O ex-prefeito de Blumenau, nome conhecidíssimo da política catarinense, foi o maior dos destaques na última eleição, levando para o segundo turno um partido que nunca teve expressividade na disputa pelo executivo estadual.
Porém, ao apagar das luzes do segundo turno, Décio e o PT catarinense passaram a construir a sua narrativa, focando apenas em apoiar o governo Lula e as investigações e denúncias envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, deixando-se de lado com ampla tranquilidade o Estado.
É claro, Décio está buscando a direção do Sebrae nacional, o que seria um ganho e tanto para o Estado. Porém, a pergunta que fica é: e o resto?
Já existem em inúmeras cidades conversas envolvendo as disputas pelas principais prefeituras de Santa Catarina e, atualmente, não há em lugar algum uma oposição que possa fazer frente aos candidatos que devem vir no embalo do governo Jorginho. Parece que todo o caminho construído até aquele segundo turno histórico, serviu apenas para aquela disputa.
Nos últimos tempos, a política como um todo vem se mostrando cada vez mais modular, mais volátil e mais liquefeita, ela acaba caminhando como a favor das águas que estão mais fortes naquele momento.
Dito isso, não é aceitável que um estado com a política que tem, aja como se não precisasse de uma oposição. O ato de ser oposição a um governo, mas aqui abro umas aspas, oposição democrática, é sempre bem-vinda.
Desde que assumiu o governo, Jorginho ganhou apoio de grande parte dos partidos maiores e mais tradicionais do Estado e que devem caminhar razoavelmente juntos em 2024 e em 2026.
O PSDB tornou-se nanico, o MDB segue sendo o partido que caminha com todos, basta que haja um carguinho aqui, outro ali. Podemos, Republicanos, PP, União Brasil, todos seguem sendo, até esse momento, base do governo.
Nesse meio o Partido dos Trabalhadores de Santa Catarina e outros, não podem achar que é só cruzar os braços que em 2026 tudo vai se resolver com Lula vindo até aqui no Estado para pedir votos. Ao fazer isso é dar margem ao perigo, que em Santa Catarina sempre está à espreita.
Para contextualizar isso, uso como exemplo a prefeitura de Porto União, que atualmente do Planalto Norte é a que deve gerar uma maior discussão na política em 2024.
Isso ocorre, pois Eliseu Mibach construiu dois mandatos em que a cidade foi transformada em um canteiro de obras. Ao fazer isso, a sua popularidade fará com que o candidato que ele defina como sendo o seu apadrinhado, possa ter uma possibilidade grande de ser eleito com ampla facilidade.
Mas e a oposição, onde está nesse momento? Nas primeiras discussões existentes sobre 2024, os nomes que surgem nessa ala, são os mesmos que estão no meio desde o início dos anos 2000.
O problema nisso tudo são dois: o primeiro é que não se criam novos nomes nessa parte, já o segundo é que aqueles que se colocam sempre para a disputa, voltam a público apenas nos momentos do pleito, tentando galgar alguma posição na eleição.
Santa Catarina é um caso bem específico no meio político e dentro de tudo isso, é imprescindível que haja oposição em todos os momentos, a democracia como um todo sai ganhando.
