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Por que pacientes com covid de outras cidades estão internadas em Canoinhas

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Hospital Santa Cruz é hospital filantrópico que recebe recursos do Governo Federal para combater a doença

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Ao ler notícias de que dos 10 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da ala covid do Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC) boa parte está ocupada por pacientes de outras cidades enquanto que a Secretaria de Saúde informa que há canoinhenses aguardando por leito covid, muito se perguntam: mas se o HSCC é de Canoinhas, por que as vagas não são priorizadas para os moradores da cidade?

 

 

 

A explicação não é difícil de se entender. Desde sua fundação, em 1939, o HSCC é mantido com doações. O terreno foi doado e os primeiros tijolos foram assentados com dinheiro da venda de joias de Thereza Gobbi, dona de um restaurante em Marcílio Dias, avó da médica, escritora e colunista do JMais, Adair Dittrich.

 

 

 

O maior colaborador, no entanto, sempre foi o governo. Tal qual um pai afetivo, e não biológico, os governos municipal, estadual e federal destinaram recursos esporádicos ao HSCC ao longo desses mais de 80 anos de história. Em momentos específicos, quando o HSCC estava prestes a fechar as portas, esses aportes foram maiores, afinal, para os governos mais vale abrir mão de recursos quando o HSCC entra na rota do colapso do que correr o risco de ver milhares de contribuintes sem uma referência hospitalar.

 

 

 

 

Esse vínculo entre o HSCC e os governos se tornou mais estável nos últimos anos. O governo do Município de Canoinhas, por exemplo, contrata serviços específicos como exames, cirurgias e consultas eletivas e paga um valor x parcelado ou em cota única. O Estado tem contratos mais frequentes, mas é um péssimo pagador, ao ponto de acumular dívida de mais de R$ 1 milhão logo no começo do governo Carlos Moisés, o que vem sendo acertado aos poucos.

 

 

 

Nenhum cliente, no entanto, é tão amado e odiado quanto o Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao Ministério da Saúde do Governo Federal. O SUS paga uma cota mensal ao HSCC para remunerar leitos clínicos e cirurgias. Essa tabela, no entanto, é defasada e paga valores bem aquéns do custo real, tornando o caixa do HSCC deficitário.

 

 

 

 

Quando a pandemia de covid-19 estourou, o Governo Federal foi bastante generoso no sentido de preparar hospitais de todo o Brasil para atender casos graves da doença. Com esses recursos o HSCC montou uma UTI com dez leitos. O SUS paga uma diária de R$ 1,6 mil para manter os leitos e, em contrapartida, os leitos entram no Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), no qual estão cadastrados pacientes graves de todo o País. O cadastro é feitos nas Unidades de Pronto Atendimento. Médicos monitoram esse sistema pela internet 24 horas por dia. Trata-se de uma tarefa que, em tempo de covid,  se compara à escolha de Sofia. Cabe aos médicos do Sisreg determinar quem vai ocupar o leito covid que vagou em hospitais com leitos remunerados pelo SUS, como é o caso do HSCC. Protocolo recém-implementado coloca como critério principal a idade do paciente, por exemplo. Um dos tantos critérios, entretanto, é a região onde está o paciente, logo, se explica porque temos recebido mais pacientes de Santa Catarina do que de qualquer outro Estado. A transferência de pacientes para leitos SUS que estão em outra cidade é uma das tentativas desesperadas para salvar vidas. Isso explica porque pode haver pacientes canoinhenses na fila de espera (teoricamente em nível menor de risco) e um paciente de Joinville intubado no HSCC. Se nesse meio tempo um paciente de Canoinhas der entrada em estado gravíssimo na ala covid não tem como extubar um paciente para atendê-lo. Logo, ele entra no Sisreg e pode ser transferido para qualquer outra cidade por meio de uma UTI Móvel.

 

 

 

 

A administradora do HSCC, Karin Adur, destaca que a maioria dos pacientes recebidos pelo hospital vem do Planalto Norte, região que, por sinal, é a que tem mais pessoas na fila.

 

 

 

Essa fila de espera teve um recorde nesta semana: na terça-feira, 11, havia 16 moradores de Canoinhas nessa situação.

 

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