Sistema que privilegia os partidos desfavorece candidatos
FORA
Muita gente se surpreendeu ao ver o vereador Willian Godoy (PSD) fora da próxima legislatura, mesmo fazendo 1.088 votos. Como a coluna mostrou ontem, o último eleito, puxado pelo partido, Ivan Krauss (PP), fez 686 votos. O mais triste é que Godoy não ficou nem com suplência, sendo que a última suplente, Maria Taís Zucco (PP), recebeu apenas 29 votos.
Para entender é preciso lembrar que as leis, inclusive eleitorais, são feitas pelo Congresso Nacional. Via de regra as proposições precisam passar pela Câmara dos Deputados e Senado para virarem lei. Entre as muitas funções dos parlamentares está defender os interesses dos caciques partidários. Foi assim que se aprovou a lei que fixa como do partido, e não do eleito, o mandato eletivo. Tanto que se um deputado, senador ou vereador trocar de partido no meio do mandato, pode perder o cargo porque, em tese, o mandato é do partido e não do candidato que gastou muita sola de sapato para conquistar os votos que recebeu. Há outras situações em que o eleito pode perder o mandato. Basta a executiva do partido decidir que por um motivo ou outro o político traiu a agremiação (votar contra o interesse da sigla em um tema sensível, por exemplo) para ele perder o mandato.
Entre os tantos dispositivos que fortalecem os partidos está o sistema de quociente eleitoral, criado para fortalecer a imagem dos partidos,a despeito da vontade popular. Godoy foi vítima desse sistema.
Pelo quociente, o total de votos válidos, que neste ano foi de 33.119 em Canoinhas, deve ser dividido pelo total de vagas na Câmara de Vereadores. Sendo assim, quando o partido atingia 3.311 votos, elegia um vereador. O PL, por exemplo, que emplacou o maior número de vereadores, foram três, somou 6.247 votos. Aí você pensa, mas peraí, se eles fizeram este total não poderiam ter eleito três, mas dois vereadores já que a soma não alcança os 9.933 votos. Então, tem mais um porém aí. Pela soma de votos, o PL elegeu Gil Baiano e Marcos Homer pelo quociente. Porém, André Flenik, o terceiro mais votado do partido, entrou pelas sobras de votos, ou seja, descartando os votos que elegeram Gil e Homer, o PL teve maior sobra que os demais partidos, logo elegeu o terceiro vereador.
Dito de outra forma, pelo quociente, o PL fez dois vereadores (Gil e Homer), o PP fez um (Jubanski), o MDB fez uma (Tati) e o PRD fez outra (Rosi Crestani). Todos os demais cinco foram eleitos por sobras. Detalhe: só parte para a segunda ou terceira vaga o partido que elegeu pelo menos um pelo quociente. Tem mais: só tem direito às sobras o partido que atingiu 80% quociente e o candidato ou candidata tem de ter recebido votação nominal mínima de pelo menos 20% do quociente eleitoral. É o caso do PRD, que elegeu a Enfermeira Kátia por meio das sobras.
No caso do PSD, de Godoy, somando os votos dos sete candidatos do partido (eis aí outro problema, já que o PSD não conseguiu fechar os 11 candidatos a que tinha direito) chegou-se ao número 2.281 votos, ou seja, o insuficiente para eleger um vereador. Impressionante o mau desempenho dos companheiros partidários de Godoy. Ele simplesmente fez 48% dos votos que o PSD somou, ou seja, além de um número menor que o permitido de candidatos, os demais candidatos do PSD tiveram desempenho bem abaixo de Godoy.
Ainda há o fator que proíbe coligações para o Legislativo. É cada partido por si e Deus por todos. A coligação segue permitida somente na disputa para prefeito.
Todos esses fatores interrompem uma carreira promissora para Godoy que, claro, se quer ter futuro na política vai ter de trocar de partido. Sua cota de sacrifício por um partido falido depois da Et Pater Filium já foi paga mais que em dobro.
SENTIMENTO
Wilmar Sudoski e Osmar Oleskovicz se sentiram um pouco culpados pelo ocaso de Godoy. Sudoski por não ter ido para a disputa (seus votos poderiam garantir a vitória do colega) e Osmar pela baixa votação que conseguiu. O atual vereador fez 893 votos em 2020, caindo para 292 votos neste ano.
À FRENTE
Passada a eleição municipal, conforme noticiou o colunista da NSC, Anderson Silva, nas próximas semanas devem começar mudanças pontuais no governo Jorginho Mello (PL) em cargos comissionados com a volta de nomes que estiveram na disputa nas urnas. Além disso, a tendência é que aliados do PL que ficaram sem mandato ou que terminam gestões no final de 2024 também sejam alocados em posições dentro do governo do Estado.
RETORNO
Na ressaca da campanha, os deputados estaduais voltaram ao trabalho nesta semana. Entre os temas prioritários a serem analisados, está um projeto do ex-deputado Bruno Souza (PL) para que seja autorizado às empresas de fretamento que operam por aplicativos fazer o multiembarque. Atualmente, elas são proibidas de pegar passageiros ao longo do caminho entre uma cidade e outra, como fazem as empresas concessionadas.
REVÉS
O ex-apresentador da NDTV Record, Hélio Costa (MDB), deputado federal mais votado em Santa Catarina em 2018, teve 177 votos na eleição para a Câmara de Florianópolis.
JUSTIFICATIVA
Elaine Emilia Souza Diefentheler (PRTB), de 38 anos, que conforme a coluna trouxe ontem, não recebeu votos nas Eleições 2024 como candidata a vereadora de Canoinhas, na verdade, desistiu da candidatura.
“Devido não ter fundo partidário e estar em um nova função junto a empresa em que trabalha, ela desistiu de fazer campanha e como não dava pra substituir em tempo hábil, acabou prosseguindo”, informa o partido.
RIQUEZA
O prefeito mais rico eleito nesta eleição em Santa Catarina tem patrimônio de R$ 31,4 milhões. O empresário Sander Just (MDB) disputou a primeira eleição este ano e vai comandar a cidade de Jacinto Machado, no Sul de Santa Catarina, com quase 11 mil habitantes, segundo o Censo 2022.
EPAGRI
O governador Jorginho Mello autorizou a Epagri a contratar 161 servidores aprovados em concurso público. O processo seletivo é de 2022. Recentemente, o órgão também teve autorizada a implementação de um programa de demissão voluntária incentivada (PDVI).
TIRO

O Senado aprovou nesta terça-feira, 8, em plenário, o projeto de lei que pode conferir para Jaraguá do Sul, no Norte de Santa Catarina, o título de Capital Nacional dos Atiradores. O projeto agora segue para a sanção do presidente Lula.