Prefeito disse ainda ter sido vítima de uma armação por parte de policial que o filmou durante blitz
Depois da decisão do prefeito de Bela Vista do Toldo, Carlinhos Schiessl (MDB), de retomar da Polícia Militar, via projeto de lei, o terreno que havia sido doado pelo Município no final de 2024, quando o prefeito era Valdecir Krauss (UB), gerou reação da corporação. Em comunicado à população bela-vistense, a Polícia Militar critica a ação do prefeito, afirmando que desde a emancipação do Município a Polícia Militar não tem sede própria na cidade, mesmo atuando 24 horas por dia pela proteção dos cidadãos.
Leia o comunicado na íntegra:
“Devido a Polícia Militar de Bela Vista do Toldo ter sido instada sobre esclarecimentos do projeto de lei 019/2025 da Prefeitura de Bela Vista do Toldo, o qual revoga a Lei nº1.687 de 23 de outubro de 2024 que celebrava termo de cessão de uso e doação a Polícia Militar, do terreno ao lado da Delegacia de Polícia Civil, esclarecemos o seguinte:
No ano de 2024 a Polícia Militar solicitou apoio da Prefeitura Municipal, com intuito de conseguir um terreno para a construção de sua sede, uma vez que o local onde ora está, é junto a Delegacia da Polícia Civil, a qual foi construída no ano de 1998. Desde a emancipação do Município a Polícia Militar não tem sede própria na cidade, mesmo atuando 24 horas por dia pela proteção dos cidadãos. Diante da situação, a Polícia Militar, em conjunto com a então gestão da prefeitura, identificou que o terreno ao lado da delegacia NÃO PERTENCIA À PREFEITURA, e sim a uma associação comunitária, com CNPJ baixado na Receita Federal desde o ano de 2008, ou seja, o terreno estava irregular há 17 anos e não pertencia à prefeitura. Diante dos fatos, o setor jurídico conseguiu uma ação liminar na justiça para que o terreno então passasse a ser da prefeitura. Logrado êxito, ainda em 2024 foi aprovada a Lei municipal nº1.687, que celebrava termo de cessão de uso com a Polícia Militar e após a construção da sede a doação definitiva para a PMSC. Ou seja, um terreno irregular, pertencente a uma associação que já não existia, estava sendo encaminhado para a Instituição ter sua sede e assim melhor poder atender o povo de Bela Vista do Toldo. Um investimento que seria feito de mais de meio milhão de reais, cerca de R$ 685 mil.
Ocorre que, na quinta-feira feira passada, dia 15 de maio, enquanto a Polícia Militar realizava o evento ‘maio amarelo’ no município, fomos pegos de surpresa sobre um projeto de lei encaminhado pela prefeitura, que tramitava a passos largos na Câmara de Vereadores, sendo lido na sessão do dia 13 e aprovado em segunda votação dois dias após, em sessão extraordinária, de forma muito rápida.
Salientamos que o Comando da Polícia Militar de Bela Vista do Toldo respeita as decisões da Câmara de Vereadores e da atual gestão do município, mas desconhece a real intenção da aprovação do referido projeto e revogação da lei e que em nenhum momento foi informado ou então procurado para qualquer explicação da reversão de tão importante projeto que estava sendo desenvolvido para a população de Bela Vista do Toldo. Esclarecemos a todos os bela-vistenses que, a Polícia Militar continua firme em seu propósito de preservar a ordem e proteger a vida, que os projetos preventivos desenvolvidos na cidade serão mantidos e fortalecidos mesmo com todas as dificuldades, como a rede rural de segurança, rede escolar, rede de vizinhos e a operação safra segura, que trouxe segurança para toda comunidade rural, no escoamento de sua safra, a qual transcorreu sem nenhuma situação de crime grave. Vamos continuar fortes no combate a qualquer tipo de interferência em nossa missão constitucional e permanecemos a disposição para qualquer tipo de esquecimento.”
CONTRAPONTO
O prefeito Carlinhos Schiessl se manifestou sobre a retomada do terreno que, segundo ele, não se trata de revanchismo. Em entrevista ao JMais, ele comentou que a decisão é parte de um esforço para organizar a cidade, que, segundo ele, foi deixada em desordem pela gestão passada. “Peguei a casa desarrumada e agora preciso arrumar. Tentaram travar as coisas no município, e no dia 28 de outubro (2024) mandaram um projeto para a Câmara que transferia um terreno do Município para o Estado”, afirmou se referindo a área entregue à Polícia Militar.
O terreno em questão é considerado por Schiessl como um espaço vital para a comunidade, especialmente para as crianças que precisam de um lugar para brincar. “É o único lugar que temos para as crianças se divertirem. Quando assumi, percebi isso e não posso deixar de lado”, destacou.
O prefeito se referiu ao episódio que envolveu o cabo Gean Carlos Pavan, homenageado recentemente por ter flagrado um motorista aparentemente embriagado. Na ocasião, Schiessl foi acusado de tentar intimidar Pavan, que havia multado o motorista, afilhado do prefeito. “Se eu quisesse agir de forma vingativa, não estaria repassando recursos para a Polícia, que fazem falta para Obras e Saúde. O que aconteceu foi insignificante, já passei por cima disso”, declarou o prefeito.
Schiessl enfatizou que a área em questão é de propriedade da prefeitura e que sempre foi reconhecida como tal. Ele disse estar aberto ao diálogo com a Polícia Militar, apesar das tensões recentes. “Nada impede uma conversa institucional. Sempre quis uma parceria com eles, é o meu jeito de pensar”, afirmou.
O prefeito também mencionou que se sentiu alvo de uma armação por parte do policial Pavan durante o incidente envolvendo seu afilhado. “Fui ao local com a melhor das intenções, e o que aconteceu foi mal interpretado. A situação gerou muito tumulto por causa de um mal-entendido. A homenagem foi somente por ele ter divulgado a minha imagem, mas isso não me atingiu. Não cortei nada (da PM)”, explicou se referindo a um evento no quartel do 3º Batalhão de Polícia Militar em que Pavan homenageado pela atitude que teve diante do prefeito. O comandante da corporação. tenente coronel Ricardo Machado, entregou a deferência.
Schiessl afirmou, ainda, que “meu telefone é o 190. Nos municípios pequenos o prefeito é o 190 da população. Tinha tido uma conversa institucional com o comandante dias antes (do episódio com o policial Pavan). Tinha articulado a compra de uma caminhonete traçada para a PM. Desci para ver o que estava acontecendo com a maior boa vontade do mundo. Todo mundo viu o vídeo, eu chegando numa boa, e fui interpretado errado, muito tumulto por pouca coisa. Disse que ele (o policial) poderia levar o cidadão, mas deixasse o carro. Seria uma intenção de ficar bom para os dois lados. Se acertasse e deixasse a família ir para casa. Recebo dezenas de pessoas dizendo que a Polícia tá agindo de má fé, que é uma indústria de multa. É uma tragédia em Bela Vista do Toldo. Se vir para a prefeitura, prefiro não ter esse dinheiro (de multa), não faz falta. Pode ser bobagem do ponto de vista jurídico, mas estou do lado do povão.”
Por fim, sobre a aprovação do projeto na Câmara, Schiessl disse que não estava ciente da decisão e que não pediu urgência para o trâmite. “Não interfiro na Câmara. Estou aqui para trabalhar pelo povo”, concluiu.