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Os chupins no ninho tucano

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Desistência de João Doria revela divergências internas

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O assunto da última semana no meio político foi a desistência de João Doria, ex-governador de São Paulo, de disputar a corrida presidencial nas eleições deste ano pelo PSDB. Com essa última cartada, fica um questionamento: o que foi que aconteceu no ninho tucano?

Desde a redemocratização o Partido da Social Democracia Brasileira, sempre se fez presente de forma importante na política brasileira, contribuindo para o Brasil que conhecemos atualmente. Não podemos esquecer de citar, que foi no governo de FHC, um dos principais lideres tucanos, que o Brasil conseguiu enfim a sua estabilidade econômica, depois dos percalços vividos nos governos de Sarney e Collor de Melo.

É claro que o governo de FHC teve muitos problemas, sendo um deles o maior apagão registrado na história do País. Porém, mesmo assim, o partido se mantinha forte, transformou São Paulo e Minas Gerais nos seus principais redutos eleitorais. Quase sempre elegia grande parte dos prefeitos brasileiros, e era presença marcante nas cadeiras dos legislativos.

Porém, o cenário foi lentamente se alterando. Primeiro vieram as disputas contra o PT, que sagraram a eleição de Lula, posteriormente a primeira disputa contra Dilma Rousseff. Foi na segunda eleição contra a petista, que a tempestade começou a rondar o ninho tucano.

Aécio Neves, neto do primeiro presidente pós Ditadura Militar, ao perder a eleição, assumiu o papel de filho mimado e questionou o resultado das urnas, abrindo assim as portas para que aquela tempestade que se avizinhava, tomasse conta do partido.

Posteriormente, no momento em que o impeachment de Dilma começou a ser desenhado, o PSDB começou a trabalhar por de baixo dos panos para que no governo Temer, conseguisse algum espaço. Um dos maiores partidos brasileiros naquele momento, começou a tornar-se apenas mais um no meio de tantos.

Se até aqui ficamos surpresos, o pleito eleitoral de 2018, mostrou que aquele velho ditado que diz que “nada é tão ruim que não possa piorar” é o suprassumo da verdade.

O resultado do primeiro turno veio para confirmar a veracidade da afirmação de que o PSDB teria virado apenas mais um partido político. Geraldo Alckmin, um dos mais tradicionais caciques do ninho tucano, recebeu míseros 4,76% dos votos. Aqui muitos podem questionar que aquele pleito foi marcado pela ascensão de um política deveras diferente do que estávamos acostumado a assistir. Porém, me atento sempre ao questionamento: como um partido em quatro anos consegue sair de segundo colocado na disputa presidencial para menos de 5% dos votos?

Aqui vamos abrir uma brecha para uma menção honrosa ao slogan “Bolsodória”, utilizado pelo mesmo político que hoje desistiu de concorrer ao pleito de 2022, quando se alinhou a Bolsonaro e as suas ideologias estapafúrdias.

Claro que durante a pandemia de covid-19, pelo menos frente às câmeras, o slogan adotado por João Dória deixou de existir, dando lugar aquela disputa que acompanhamos diariamente de quem seria o pai da vacina contra a nova doença.

Ao final de 2021, a coroa de toda a situação vivida pelo partido começou a ser desenhada. As prévias tucanas que sagraram a pré-candidatura de João Doria, foram marcadas por desconfianças e denúncias entre o tucano paulista e Eduardo Leite, então governador do estado gaúcho.

Ao se firmar como pré-candidato pelo PSDB, Doria apenas estava cumprindo a tabela que era seguida desde o inicio desse século, de que o governador do estado paulista era o candidato do partido a presidência da República. Aécio Neves, em 2014, foi a linha fora da curva, porém um dos principais responsáveis, como já dito acima, por abrir as portas para que a tempestade adentrasse o ninho tucano.

Agora voltando ao fato desta semana, quando Doria desistiu publicamente da sua pré-candidatura, podemos perceber que o PSDB nacional deixou que alguns chupins invadissem o seu próprio ninho e ali fizessem a festa.

As cenas dos próximos capítulos dessa novela de baixo orçamento que se tornou a vida política daquele que um dia já foi um dos principais partidos políticos do Brasil, do qual muitos filiados falavam com orgulho, sou incapaz de deduzir.

Porém, algumas coisas estão bem claras. O partido deve apoiar incondicionalmente a candidatura de Simone Tebet. Doria e Leite, que disputaram ferozmente as prévias em 2021, ficaram excluídos no almoço, já que Tebet, afirmou que prefere o senador Tasso Jereissati como seu vice na chapa.

É claro que não podemos esquecer de falar de Santa Catarina no meio de tudo isso, pois nessa semana, o governador Carlos Moisés, que busca a reeleição em outubro, recebeu para um almoço na Casa d’Agronômica os prefeitos tucanos do Estado. Todos eles confirmaram o apoio ao candidato do Republicanos.

Muito se discutia de que o Partido dos Trabalhadores deveria fazer uma autoavaliação dos seus erros. Bem no fundo quem na verdade precisa se autoanalisar são eles, os tucanos, para que assim possam tirar do seu ninho as ervas daninhas.

Para encerrar a coluna desta semana, eu trago uma fala da companheira Vera Magalhães na rádio CBN. Ela afirma que “um partido que conspira contra o seu próprio candidato, não pode almejar governar um país”. Enfim, resta ao PSDB caminhar para se tornar mais um, entre as mais de 30 siglas partidárias, partido irrelevante na política brasileira.

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